Capítulo 19 - Mundo paralelo

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Na manhã de domingo, ao acordar, fui direto para o banho retirar todo o excesso de cansaço que se espalhava pelo meu corpo, assim como o excesso de emoção que ainda estava acumulado em meu coração por causa da noite anterior.

Enquanto a água do chuveiro caia sob toda a extensão de meu corpo e cabelos, senti uma sensação boa de pureza. Eu estava tão feliz por ter compartilhado um momento tão importante na vida de Rafael, que não havia pensado em exatamente nada do que me afligia em relação aos acontecimentos que transcorreram essa semana tão conturbada em minha vida.

Quando esses pensamentos ameaçaram invadir todo o meu cérebro, fechei meus olhos, respirei fundo, desliguei o chuveiro e me enrolei às pressas na toalha macia, que parecia ansiosa para envolver o meu corpo que agora tremulava de frio na ausência da água morna.

Um banho relaxante é sempre bem vindo, mas minha cabeça sempre ficava propensa a pensar demais e refletir sobre tudo e essa era a única coisa que não queria, pensar em todas as feridas que ainda estavam abertas em meu coração.

Abri o box do banheiro e ao sair do mesmo enxuguei meus pés no tapete vermelho que estava a postos no chão, ao olhar para o tapete vermelho pude sentir um comichão invadir meu peito e uma leve queimação tocar em minhas bochechas, havia me lembrado sobre o que Rafael havia dito ontem ao me desejar boa noite, sobre como nosso amor poderia ser vermelho.

Quando cheguei em frente a pia para escovar os dentes, limpei o espelho que estava bem embaçado e logo me deparei comigo mesmo com um sorriso bobo no rosto, Rafael conseguia ter esse efeito sobre mim, eu não sabia mais como lidar com toda aquela intensidade em forma de gente a não ser sorrir e aceitar que eu estava totalmente entregue a seus encantos.

Ao abrir a porta do banheiro e olhar para o quarto que antes estava vazio, tive que engolir um grito surpreso ao me deparar com Rafael sentado na beirada da minha cama com um girassol em suas mãos, ele analisava a flor com todo o cuidado do mundo.

Tentei emitir um som esquisito com minha boca, o que chamou sua atenção, ele olhou em minha direção com seus olhos castanhos brilhosos e logo um sorriso torto invadiu seus lábios ao me ver.

— Júlia Medeiros — ele se levantou e veio em minha direção — Você está ótima.

— Rafael, eu estou enrolada em uma toalha — disse rindo.

— Por isso mesmo, você consegue ficar incrível até mesmo enrolada em uma toalha — ele disse com um sorriso tímido em seus lábios.

— Por favor, não me deixe sem graça logo cedo — eu disse enquanto desviava meus olhos dos dele.

— Oh, me desculpe, não foi minha intenção em te deixar sem graça — ele disse em meio a um pigarro — Você quer se trocar e eu volto depois?

— Não é necessário, eu acho — eu disse agora o olhando novamente — Essa flor é para mim? — eu disse enquanto apertava os lábios.

— Ah sim, a flor. — ele disse soltando um riso abafado — Eu sei que você não é muito fã de flores, por elas morrerem rápido e tudo mais, mas poxa, isso é um girassol e girassóis são legais — ele disse de forma atrapalhada e entregou a flor para mim.

— Tenho que concordar — eu disse rindo pegando a flor de suas mãos.

— Eu ia falar umas coisas bonitas sobre girassóis, mas sabe quando as coisas escapam da nossa cabeça? — ele disse rindo, suas bochechas estavam vermelhas.

— Isso tudo é por que estou de toalha? — perguntei divertida.

— Nãaaao, qual é — ele disse gargalhando — Na verdade é sim, vai se trocar por favor? A gente começa tudo de novo depois — ele confessou me olhando sem graça.

InconstanteWhere stories live. Discover now