Capítulo 1

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Seria um sonho muito utópico acordar igual aos belos filmes? Com passarinhos cantando, o sol entrando pela janela, um café quentinho esperando na cozinha e uma mesa recheada de guloseimas e tudo que for mais saudável possível sinalizando que o dia seria perfeito. Acordar superfeliz e com a vida toda programada em uma terça-feira. Mas, como a vida não é um morango, óbvio que havia um problema! Nada de sol, nem de passarinho, muito menos acordar contente com café prontinho na cozinha. Hoje, como todos os dias da semana passada, é dia de entregar currículo, passar por diversas entrevistas e esperar ansiosamente que alguém realmente cumpra com a promessa de "Ok, entraremos em contato."

Custa dizer que não vai ligar? A mão vai cair se pegar no telefone discar o número do entrevistado e falar "Olha, não vamos te contratar não, pula para a próxima"?

A campainha tocou. Ninguém interfonou e eu não estou esperando ninguém. Quem em sã consciência visita alguém às 06:30 da manhã? Gente é madrugada, eu só estou acordada porque sou escrava de um sistema que me obriga a trabalhar para fazer o capital girar. Preguiçosamente me levantei do sofá e caminhei até a porta.

Senhor Francis, proprietário do apartamento, me esperava ao lado de fora. O dia não poderia começar melhor! Um velho rabugento era tudo que eu precisava ver para dá um "up" na minha manhã.

— Bom dia Júlia! _ se sentiu absolutamente confortável para entrar no apartamento, sem nenhum tipo de convite.

"Bem-vindo Senhor Francis, fique à vontade para entrar! A casa é sua, bom, no sentido literal da coisa."

— Bom dia senhor Francis!

Francis já é praticamente um senhor, digamos da terceira idade. Sua cabeça é tomada pelos seus cabelos brancos e ele tem uma linda coleção de rugas em seu rosto branco amarelado. Fora o fato dele ser um velho ranzinza, aqueles que fura as bolas das crianças quando caem em seus quintais. O Eustácio do desenho animado " Coragem, o cão covarde"

— Júlia, o que me trouxe aqui a essa hora da manhã, foi uma notícia que infelizmente eu precisava dar pessoalmente a você!

Ele se sentou na cadeira da bancada que dividia a sala da cozinha. Está bem à vontade pelo visto.

— Pois não! Pode falar.

—O seu aluguel desse mês está quase para vencer. E os outros você vem pagando quase sempre atrasado. Mas não é por isso que eu estou aqui.

Ah! Deixa eu adivinhar, me trouxe um calendário? Para que eu não perdesse mais as datas? Velho bobão. O aluguel vence dia 03 e eu recebo dia 04. Porém, só pago dia 05, porque chego muito tarde em casa.

— Então por que está aqui? Visita de rotina?

Estava claro que já estava sem nenhum tipo de paciência. A essa hora da manhã, fala sério!

—Não, Júlia! O meu filho chega amanhã de Londres e eu preciso do apartamento vago hoje. Sei que é repentino e que você não possuem culpa nenhuma, mas infelizmente imprevistos acontecem. Em relação ao nosso contrato de aluguel, eu devolverei 90% do valor da quebra de contrato

O olhei. Estou sendo despejada de meu apartamento e sem aviso! Para ficar pior só preciso chutar uma grávida e bater em um velho.

— Hoje?_ o olhei incrédula.

—Sei que é muito cedo e que lhe avisei em cima da hora, mas preciso que desocupe o mais rápido possível. Eu paguei três diárias no hotel do centro e chamei um carro de mudança para te ajudar, não pense que eu queria fazer isso com você, mas é realmente urgente.

Ah! Sério que você acha que foi muito corrido?

—Bondade de sua parte, se preocupar em chamar um carro de mudanças e pagar diárias! Me sinto lisonjeada! _ironizei abrindo a porta.

A BabáOnde as histórias ganham vida. Descobre agora