Capítulo 50

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Talvez tudo tem um motivo, uma causa e uma razão. Nada acontece por acaso. Eu só não entendo por que tudo tem que acontecer justamente conosco.
Vê a Júlia nesse estado por mais de três semanas me desanima. Eu sei que ela queria que eu fosse forte pelos nossos filhos. Mas é difícil! Eu preciso dela comigo, todos nós precisamos dela.

Ver todos esses aparelhos ligados ao seu corpo, ver o seu rosto tão sereno e calmo.
Lembrar dos nossos planos, da nossa organização para o casamento, lembrar da sua inquietação para que tudo saísse perfeito, o zelo com as crianças para que elas ficassem lindas e se divertisse também. Estava tudo tão bem, eu estava tão feliz. Nós estávamos tão felizes! Ia sair tudo tão perfeito.

Passei a mão pelos cabelos castanhos presos em tranças.

-Aah Jú, se você soubesse a falta que você faz aqui! _beijei sua testa.

Tudo parou depois do acidente dela. Eu não tenho ânimo para fazer nada, eu sei que preciso ser forte, nossos filhos precisam de mim. Mas é difícil, é muita barra, já passei por isso uma vez, quando Clarice sofreu o acidente, eu a amava. Muitas pessoas, amigos e até minha mãe me alertou sobre ela. Mas qual é?! Eu achava que a amava, estava cego. Ela se casou comigo unicamente por interesse. Ela me deu os melhores presente que alguém poderia ter, meus filhos! Com a Júlia, eu não quero que a história se repita. Eu realmente a amo e ela é espetacular!
Dizem que quando a pessoa está em coma, ela ainda pode te escutar.

Sentei na cadeira ao seu lado e segurei sua mão.
Lembrar de como nos conhecemos chega a ser cômico.

—Lembra quando nos conhecemos amor? Foi tão engraçado! Eu a ignorância em pessoa e você a mocinha com cara de fofa, só a cara mesmo, quase me bateu quando eu quis te demitir por sair com as crianças sem minha permissão!
Lembra como a gente brigava e também em como a gente fazia as pazes? As vezes em que você me xingava e falava o quão idiota eu era perder os melhores momentos com nossos filhos. Desde que te conheci tenho toda certeza do mundo que você é a melhor mãe que eles poderiam ter! Como eu sinto sua falta, minha princesa! _Encostei minha cabeça em sua mão. E liberei todas as lágrimas que estava segurando até o momento.

Sentir sua mão mexendo.

Abrir o olho rapidamente e sequei as lágrimas.
Ela me olhava, piscando lentamente. Tentava organizar as cores em sua cabeça, piscava várias vezes tentando se acostumar com a Luz que entrava no quarto. Enxuguei meu rosto novamente. Eu não estou sonhando, ela realmente acordou.
Como eu sentir falta de olhar para esses lindos olhos.
Tirei o aparelho respiratório por um momento.

Onde estou? _murmurou baixinho.

Sorrir. Não sou capaz de descrever o tamanho da minha alegria por ver que ela está aqui.

—Que bom que você acordou, meu amor! _Beijei sua testa, ela me olhava intensamente. Talvez tentando organizar seus pensamentos.

Quem é você? _piscou algumas vezes olhando para o meu rosto.

Ela não pode ter se esquecido de mim. Eu não suportaria isso.

—Sou seu marido Jú! Você não lembra?

Você não é meu marido, eu... eu não te conheço!_ sua respiração começou a ficar acelerada, coloquei rapidamente o aparelho respiratório.

Sair do quarto e eu fui correndo atrás de um médico.

—O que houve Alexandre? Calma!

John, o médico que atendia a Júlia segurou meu braço quando eu ia em direção a enfermaria.

—A Júlia acordou, mas não lembra de nada! Eu preciso de ajuda!

Eu estava ofegante, nós fomos correndo até o quarto da Júlia.

Isso não pode ser real! Ela não pode ter esquecido de mim. Isso tem que ser momentâneo, tem quer ser! Por favor, seja!

—Fico feliz em ver que já acordou Júlia! _o médico mexeu em um aparelho que estava ligado a ela.

Ela olhava para mim. Ela tem que se lembrar!

O médico tirou o aparelho respiratório dela, seu olhar estava fixo em mim.

O que esse moço tá fazendo aqui no meu quarto, por que ele disse que é meu marido? O que eu estou fazendo aqui? _perguntou ao médico com um pouco de dificuldades.

—Vocês iam se casar um dia após o seu acidente, você não se lembra de nada?

Ela tem que lembrar pelo menos das crianças, dos nossos bebês.

Eu não sei! Não lembro que sofri acidente e não lembro desse moço!

—Você lembra dos nossos filhos? _perguntei a ela, um tanto apreensivo.

Eu não tenho filhos! Eu saberia se tivesse!

Meu coração acelerou, era como se ela acordasse, mas que ainda continuasse em coma.

—É melhor você sair Alexandre! Isso pode ser momentâneo pelo excesso de dias em que ela ficou desacordada! Calma, vamos esperar a recuperação dela, a memória voltará com o tempo!

Me acompanhou até a porta.

Sair do quarto.
Isso não pode está acontecendo! Ela não pode não se lembrar de nada. Ela esqueceu até os bebês! Esqueceu de tudo, isso não pode ser real!

Acelerei rumo a minha casa. As crianças estavam na escola. Fui até o quarto dos bebês.
Eles já estão com quase seis meses. E são uma gracinha. São tão lindos, lembram a Júlia em tudo, principalmente Lisa.
Os dois dormiam em um sono tão calmo e maravilhoso, eu poderia passar o dia todo aqui admirando eles! Como eles devem estar sentindo falta da Júlia, das gracinhas e das maluquices dela.
Todos da casa estão. Principalmente as crianças que são super apegadas a ela.
Não podemos perder a esperança, ela vai lembrar! Ela tem que se lembrar!
Liguei para o Chris.

-Christian?!
-Oi Alexandre, vai voltar pra empresa?
-Não! _Suspirei_- A Jú acordou!
-O que? Cara temos que comemorar! Você está aí no hospital?
-Não dá pra comemorar! Ela não lembra de nada. Nem dos bebês. _Sentir uma lágrima escorrendo.
-Como assim? Ela perdeu a memória? _perguntou em um fiasco de voz.
-Sim! O Médico falou que pode ser temporário ou não! Enfim, avise os outros por favor. Eu... Eu não estou bem.
-Quer que eu vou aí?
-Não, prefiro ficar aqui com as crianças! Pode segurar aí pra mim?
-Claro! Não se preocupe! Vou avisar os outros. A Ju vai se lembrar, fica calmo.

Desliguei e fui tomar banho.

Ela já acordou, ela vai se lembrar. Não pode ser para sempre, não é? Júlia é forte. Sempre soube disso.
Vamos lá Alexandre! Ela já acordou. Isso que importa!


A BabáWhere stories live. Discover now