𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐖𝐎

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⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐖𝐎:
⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝐃𝐄𝐒𝐀𝐏𝐀𝐑𝐄𝐂𝐈𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒
⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝐒𝐄𝐌 𝐑𝐀𝐒𝐓𝐑𝐎𝐒

Na volta para casa, uma chuva fervorosa começou e quase não me permitiu enxergar o caminho à frente

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Na volta para casa, uma chuva fervorosa começou e quase não me permitiu enxergar o caminho à frente. Era deserto no meu bairro, pois àquela hora as pessoas já se encontravam em suas casas, aquecidas e descansando. Congelando, apressei mais os passos e segui em direção ao lugar que deveria ser o meu doce lar.

Pus os pés sobre o pequeno caminho que levava até a porta, pousei a mão sobre a maçaneta e a empurrei. Aquele habitual ranger encheu o cômodo escuro e não me preocupei em limpar os sapatos. Hesitei em olhar pro canto das paredes e tentei ouvir algo a mais, porém, por incrível que pareça, eu sentia que estava só.

Não havia mais ninguém me observando, então subi apressadamente pela escada, já com aquela imensa vontade de chorar.  Quando entrei no quarto da minha mãe, me surpreendi ao encontrar tudo impecavelmente limpo e organizado. Sobre a cama, encontrava-se a roupa que ela tinha usado naquela manhã – uma blusa de estampa floral e uma saia comprida branca –, juntamente com um retrato nosso.

Me entristeci e cheguei perto dele, que mostrava nós duas, sorrindo e felizes. Eu lembrava do dia como se fosse ontem, estávamos no inverno e eu ainda não tinha começado a trabalhar no sanatório. Bruce, naquela época, era menos insuportável.
     — Eu te amo e vou sentir muito a sua falta... — suspirei, depois beijei o retrato, as mãos trêmulas e ainda molhadas.

Mamãe era uma pessoa boa e merecia a paz, então, mesmo tendo cometido suicídio, eu esperava que alguém lá em cima tivesse misericórdia dela, que não deixasse que aqueles homens sem rostos a levassem para um lugar medonho, nem que fizessem da sua morte um sofrimento bônus.

Enquanto admirava o retrato, ouvi um barulho no andar de baixo. Aquilo foi o suficiente para me assustar e deixar a moldura cair das minhas mãos. Bruce parecia ter chegado em casa e provavelmente estava muito irritado. Rapidamente me agachei para pegar a fotografia e não deixei de notar uma pequena rachadura no vidro. Era uma linha bem específica em cima do meu rosto, como um sinal de mau augúrio...

Ignorando, optei por tirar a nossa fotografia da moldura e a envolvi com grande carinho. Enquanto isso, os barulhos continuavam no andar de baixo. Imaginei que Bruce não fazia ideia de que mamãe estava morta. Ele nunca se importou com os sentimentos dela, então por que se preocuparia em perguntar a respeito? Aliás, ele sabia perfeitamente que, se algo acontecesse a ela, grande parte da culpa seria dele.

O relógio sobre a mesa de cabeceira mostrava três da madrugada e de novo voltei a sentir a corrente de ar gelado me consumindo. Saí do quarto dos meus pais, liguei o aquecedor da casa e enfim segui para o meu quarto. A fotografia nas minhas mãos foi guardada embaixo do meu travesseiro, depois segui para um banho e enfim vesti meu pijama.

Senti uma leve dor na mão quando me apoiei para deitar na cama. Era um corte com o sangue já coagulado, algo que eu nem sabia como tinha parado ali. Minha maior preocupação nem eram os ferimentos no meu corpo ou os hematomas roxos. Na verdade, era que Harry pudesse voltar ainda naquela noite.

hope • hs | book 1 (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now