CAPITULO 12

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Guilherme Ducan


Ao vê-la, a primeira ideia de Guilherme Ducan foi levá-la para a cama,e não casar-se com ela. Julia Patterson era tudo o que ele temia que fosse: uma mulher chique e sofisticada, típica da cidade grande, e que provavelmente não entendia nada da vida no campo. Não havia como estar enganado, bastava reparar nos cabelos negros impecáveis,na pele alva, nos sapatos caríssimos.

Mesmo usando branco, o que não era muito prático em se tratando de uma viagem, ela estava com uma aparência ótima. A saia justa que lhe chegava logo acima dos joelhos revelava uma par de pernas perfeitas.Ao admirá-las, Guilherme sentiu o sangue ferver e, constrangido, maldisse a evidência natural de sua excitação. Com supremo esforço,ergueu o olhar e surpreendeu-se sendo observado por ela.

Abaixo do casaco largo e solto, Julia usava uma blusa leve e decotada de seda azul, mas o que mais lhe chamou a atenção foram os olhos.Nunca vira olhos daquele tom de azul. Azul puro, sem um reflexo cinzas e quer. Tinham uma expressão suave, mesmo agora quando estavam arregalados de... assombro? Não saberia distinguir o certo o que expressavam, mas, de repente percebeu-a muito pálida, esticada, a valise caída no chão.

Guilherme deu um passo à frente e segurou-a pelo braço, sentindo gelado sob seu toque:

-Está sentindo-se bem Srta. Patterson?

Ao ser tocada, Júlia quase estremeceu. Como era possível um toque tão breve lhe provocasse tal arrepio?

Aproximando-se,ele a olhou preocupado, mas Julia tinha todos os sentidos voltados para os detalhes que conseguiu captar: o calor da mão em seu braço,o aroma suave da sua colônia masculina. Seu desejo era atirar-se nos braços dele e aninhar o rosto na curva de seu pescoço. Por outro lado, sentia-se em verdadeiro pânico. Tinha de sair dali o mais rápido possível; não esperava que o encontro tivesse tal efeito sobre si. Porém, apelando para o autocontrole, conseguiu ensaiar um sorriso e estendeu-lhe a mão.

-Sr. Ducan...

Guilherme apertou-lhe a mão reparando na ausência de joias, à exceção dos simples brincos de argola. Detestava o gosto que certas mulheres de cobrir os dedos de anéis. Principalmente em se tratando de umas mãos tão delicadas. E, continuando a segurar-lhe a mão direita, repetiu:

-Está se sentindo bem?

Julia piscou rapidamente os olhos enquanto procurava se recompor.

-Sim, obrigada – Respondeu sem explicar seu estranho comportamento.Pudera, o que iria dizer? Que fora surpreendida por uma atração irresistível?

Em outras circunstâncias, teria dito qualquer coisa para amenizara quele repentino constrangimento, mas no momento não lhe ocorria nada que pudesse falar.

Ambos se encararam calados, indiferentes às pessoas ao redor, ao movimento dos corredores do aeroporto. Ele a estudava com atenção, o semblante impassível, enquanto mantinha suas impressões para si.Julia como se tivesse os pés colados ao chão, viu-se alvo de um olhar faminto que a medida dos pés à cabeça com um brilho sugestivo, mas que no entanto não demonstrava reprovação nem aprovação.

Guilherme devia se um sujeito muito reservado. Mesmo sob a sombra da aba dochapéu, ela pôde ver que seus olhos eram castanhos-esverdeados, comum certo reflexo mais claro que os fazia brilhar. Reparou nas linhas profundas ao redor dos cantos externos e julgou-as fruto da exposição sol.

Aliás,sua serenidade a levava a imaginar como faria aquele rosto iluminado por um sorriso. Guilherme devia ser do tipo devotado ao trabalho, sem tempo para brincadeiras.

-Vamos buscar o resto da sua bagagem – ele disse quebrando o silêncio.

Tinha mum longo caminho de volta à sua espera. Julia admirou lhe também o tom de voz, grave e sério, e apontou para a valise caída ao chão.

-Eu só trouxe esta valise.

-Só?

-Sim.

Guilherme reconheceu que se toda a roupa dela estava naquela valise, era sinal que não planejava impressioná-lo exibindo um vasto guarda-roupa.Bem evidente que o impressionaria sem roupa nenhuma...

Sempre segurando-lhe o braço, ele curvou-se para apanhar a valise. Ela era a provocação em pessoa, totalmente incompatível com a vida numa fazenda, mas absolutamente irresistível. Já que Julia viera para passar apena um dia, por que não aproveitaria para se divertir com a companhia dela? Seria como uma última despedida antes de se casar com uma moça mais compatível com o cargo de esposa de fazendeiro.Sim, era exatamente isso o que procurava: uma espécie de funcionária para preencher o cargo vago. E, ao que tudo indicava, Julia não se adaptaria àquele conceito.

No momento, contudo, isso não o preocupava porque ela era atraente e ele, por sua vez, já estava farto de tantos meses de trabalho árduo.Planejava levá-la para jantar fora à noite, depois que terminasse o trabalho na fazenda e, que sabe, fossem ao Jasper's dançar. Por uns momentos, a teria em seus braços, sentido a maciez da pele, o perfume tão feminino. E talvez, com um pouco de sorte, quando voltassem para asa dormiriam na mesma cama. Evidente que lhe diria logo de imediato que ela não era o tipo de mulher que procurava,para que não houvesse nenhum mal entendido. Mas, quem sabe, isso não fizesse diferença nenhuma para ela. Quem sabe?

Num movimento natural, Guilherme soltou-lhe o braço e passou-lhe a mão na curva das costa, enquanto a conduzia para fora do aeroporto.Mentalmente, fez com o propósito de cativá-la, algo que conseguia com um simples sorriso seu.

Felizmente ela era falante e fez várias perguntas a respeito da cidade, às quais ele respondia com desenvoltura, procurando deixá-la à vontade na sua companhia. Enquanto isso, continuava a estudá-la.

Na verdade, Julia Patterson era uma moça bonitinha. Porém sua fisionomia era dotada de uma vivacidade toda especial, que a tornava incrivelmente atraente. Tinha o nariz um pouco torto e coberto de sardas, mas, as maçãs do rosto bem salientes, acrescentavam-lhe um ar exótico e sofisticado. Seus lábios não eram carnudos, porém muito sedutores; era como se ela estivesse sempre preste a sorrir. Os olhos eram, de fato lindos, tranquilos, quase sonolentos, mas revelavam a mesma vivacidade da fisionomia tal o brilho que irradiava quando ela falava.


Se a tivesse conhecido antes do testamento, a teria conquistado a qualquer preço. Só de imaginar aquelas lindas pernas enlaçando-o pela cintura, Guilherme se arrepiou. Porém, jamais cairia no erro de se apaixonar, todas eram iguais só queriam ele pelo dinheiro, não iria permitir que a emoção o guiasse na escolha de uma esposa.Sabia muito bem o que procurava em uma mulher: Julia não se encaixava em seu modelo. Aliais, nem sabia que nome dar àquela sensação de calor que se irradiava por seu corpo, o suor nas mãos,a evidente excitação que o constrangia ai ao sair do aeroporto.Suas mãos ardiam por tocá-la, descobrindo lhe as curvas tão femininas.

Caminhando a seu lado pelos corredores movimentado, não podia deixar de notar os olhares masculinos que Julia atraía. Mulheres assim despertavam curiosidade masculina e ele bem que gostaria de tê-la só para si;porém seu preço erro muito alto. Hoje era um homem falido mas, já fora rico e sabia que garotas como Julia gostavam de dinheiro. O tailleur de seda, os sapatos elegantes e perfume francês denotavam o gosto por artigos de luxo.



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PROCURA-SE UMA ESPOSA - COMPLETA SEM REVISÃOWhere stories live. Discover now