Capítulo 3

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* Lindas... Quando eu não apareço para postar, é porque algo sério aconteceu. É só aguardar um pouco ou olhar em minha página do face.



Três semanas desde que eu havia chegado aqui e ainda não tinha passado uma noite tão boa de sono. Dormimos até demais. Ajudei minha mãe com o banho e me arrumei. Precisava de um emprego. Desci e tomei café e levei o da minha mãe.

- Hei moça, - O atendente me chamou antes que eu começasse a subir as escadas, quando voltei, falou comigo em segredo. - Vocês têm direito a uma refeição. Terá que escolher. Almoço ou jantar? - Isso seria complicado. Pensei por alguns momentos.

- Como são duas refeições. Eu não poderia pegar uma no almoço e uma no jantar? - Ele me olhou e justificou.

- Poder não poderia, mas abrirei uma exceção. E por favor, não conte a ninguém. – Camaradagem assim não acontece sempre. Mas com o olhar dos anjos de Deus, nós venceremos um dia de cada vez.

Agradeci e subi com o café de minha mãe. Agora ela estava de banho tomado, alimentada. Eu poderia sair mais tranquila.

Com algumas moedas comprei um jornal e segui minha peregrinação por um emprego. A pergunta que rodava minha cabeça era. Será que aquele juiz fazia isso com todas as pessoas que colocava na rua? Ou com as famílias dos presos que ele mandava para a cadeia? Ele me intrigou com seu gesto, mesmo eu tendo comigo que era consciência pesada.

Em todas as vagas que eu achava que poderia ser aceita, sempre havia um "porém" a bendita carta de recomendação. Eu não tinha um endereço fixo por mais de três anos. Experiência comprovada em carteira. Eu já estava exausta e faminta. Olhei no relógio da igreja central e vi que se não me apressasse iria me atrasar para dar almoço a minha mãe. Cheguei ao último instante.

- Saiba que se passar do horário ficarão sem refeição e não poderá pegar as duas à noite. - Uma não tão simpática mocinha que estava no lugar do rapaz de ontem me avisou. - Tem sorte de o patrão ter deixado pegar refeições separadas.

Quando ela virou ainda a ouvi dizendo à outra moça que limpava as mesas. "Esses sem tetos". Devia ter escutado nossa história.

Era muita humilhação. Eu não estava pagando do meu bolso, mas estava pago. Ela tinha que nos tratar como todos os hóspedes que estavam ali.

- Olha só. Você pensa por acaso que estou roubando essa comida ou pegando de graça? - Ela me olhou toda sem jeito. Tudo bem que estou atrasada, mas alguém está pagando a vocês por esta refeição. Não estou fazendo nada fora da lei.

- Eu não quis ser...

- Quis. Quis sim. Você está se aproveitando porque acha que está em vantagem sobre nós que estamos dependendo de favores. Mas deixa eu te contar algo. O favor não é seu. Você está sendo paga. Ela olhava para o chão sem responder nada.

- Deixa Miranda que eu termino de atendê-la. - A moça que estava ouvindo veio falar comigo. - Olha não precisa se alterar, ela não teve a intenção.

- Também não tive a intenção de me alterar. Só não acho justo, as pessoas tripudiarem da gente só por que estamos passando por uma fase difícil.

- Nos desculpe, por favor.

- Isso vai mudar. – Contei a ela que trabalho desde os meus dez anos de idade e nunca precisei humilhar e nem ser humilhada por ninguém. Ela deu-me um sorriso amarelo e eu subi para dar almoço à minha mãe.

- Filha. Achei que não viria a tempo.

- Muita fome?

- A gente se acostuma. Vamos almoçar.

A Amante do Juiz! (Degustação)Where stories live. Discover now