Capítulo 07

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* Só lembrando que assim que estiver faltando alguns capítulos para terminar, já começarei a deixar só alguns capítulos para degustação.


O Sábado me acordou com um perfume da esperança que há dias havia visto desaparecer. Sentei-me e olhei para o relógio eram oito e vinte da manhã. Olhei de lado e minha mãe não estava na cama. Dei um pulo e corri até o banheiro.

— Quer me matar do coração mãe?

— Estou bem melhor. – Mas a voz só enfraquecia. — Acho que até poderei descer para lavar a roupa enquanto arruma o quarto.

— Como se o quarto fosse uma suíte de uma mansão e eu precisasse de ajuda. E o que eu acho é que devemos procurar um hospital público que tenha pronto atendimento e dizer que não está bem para que te atendam.

— Da para esperar até segunda-feira. Não vamos atrapalhar nosso sábado que está lindo e ensolarado.

Voltei para o quarto e deitei novamente. Meu relacionamento com minha mãe só começou a ser melhor há algum tempo atrás. Ela abriu mão de estar comigo, para conseguir me criar, vindo para a cidade para ganhar melhor, mas não deu certo.

Além de não ganhar o que queria e o que pretendia, ainda não pode cuidar de mim, como toda mãe deve cuidar de seus filhos. Sei que não é culpa dela somente. Meu pai, não cheguei a conhecer. Segundo ela, ele a abandonou assim que a viu grávida.

— A moça disse que o café do sábado é servido até às nove vou descer para pegar. O que quer comer?

— O que tiver está bom.

Desci e tomei meu café bem rapidinho e subi com o dela

Organizei o quarto antes do almoço e lavei roupa depois. À tardinha passei as que estavam secas e subi com duas ou três peças ainda molhadas. Quando cheguei ao quarto quase perdi o fôlego. Minha mãe estava caída no chão, imóvel de olhos fechados. Congelei por alguns segundos.

— Mãe. - Corri até ela me abaixei. — Mãe fala comigo. Ela respirava com muita dificuldade. Tentei colocá-la na cama. Mas estava muito pesada. Fui até a porta e gritei o rapaz da recepção.

Ele subiu e me ajudou. Decidi levá-la ao hospital e ele se colocou a disposição com seu carro.

Minha mãe foi atendida, mas ficaria em observação. Era uma semi-internação. Não podiam interna-la por que não tínhamos convênio e não havia possibilidade de ela ficar em um quarto particular. Não por enquanto. Eu poderia ao menos ficar com ela no quarto, já que não sabiam a que horas eles a liberariam.

Peguei uma revista e comecei a olhar sem ler nada, em página alguma. O médico disse que a hemodiálise era a solução e que começaria na segunda a noite. Insuficiência renal.

Às duas da manhã. Foi quando recebemos alta. O Emerson, o rapaz da pensão, deixou o número do celular comigo, mas eu não tinha telefone e nem coragem de ligar a cobrar.

Sentamos na portaria e eu pedi a moça o telefone da recepção emprestado, mas só chamava. Provavelmente estava dormindo.

Contei e recontei as notas e moedas que ainda tinha e não deu muita coisa. O taxi também era uma realidade distante. Encontrei o cartão do Cairon, quer dizer, do Juiz Cairon. Não. Não teria coragem para tanto. Seria muito abuso ligar para ele um dia depois dele me dar o cartão.

Encostei a cabeça da minha mãe em meu ombro e fechei os olhos. Ouvi a voz dele em meus pensamentos.

— Mudaram de banco agora? Não era imaginação. — Ao menos este não é no sereno.

A Amante do Juiz! (Degustação)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora