Capítulo 21

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Cairon,

O trajeto feito pelo Murilo até a casa da Giovanna foi totalmente diferente do que eu tinha feito recentemente. Não quis falar nada, uma vez que sabia dos perigos de se percorrer um mesmo caminho todos os dias.

— Papai. Estava com saudades de você. – Como eu tinha saudades dessa acolhida ao chegar do trabalho. A mente não se acostuma facilmente. E até mesmo o pulo que dava em meus braços, mesmo não sendo mais um bebê, me fazia falta.

— Eu também filho! - Abracei-o.

— Mamãe disse que posso ir para casa no fim de semana. Só nós dois. – Ele ainda se referia ao nosso apartamento como sua casa.

Por essa eu não esperava. Amo o Pietro. Porém ficarei em dívida com a Liara. Até imagino quanta coisa a mãe dela falará. Mas eu também sentirei por não estar com ela.  Acho que a Giovanna viu meu semblante.

— Filho talvez o papai não possa ficar com você todo final de semana. Que tal se passassem o sábado juntos e no domingo pudéssemos tomar café em um lugar lindo e ir ao parque?

— O que acha papai? – Ele queria dizer sim, porém, antes de responder, quis saber minha opinião.

— Assim acho que será bom filho. A semana está sendo cansativa e seria bom o papai ter um tempo para descansar.

— Combinado então. Agora venha ver o que ganhei. – O Pietro não era um menino de grandes ambições, seja o que fosse que ganhava, ficava eufórico. Ele foi à frente saltitando e eu o acompanhei. Não queria ter essa liberdade dentro da casa da Giovanna que agora tinha alguém em sua vida. O Pietro precisaria entender que em breve, essas visitas se tornariam raras, e minha presença ali, seria mais o mais formal possível.

— Cairon. Preciso contar ao Pietro. Poderia ser no sábado? Ou no domingo de manhã.

— Acredita mesmo que está na hora? – Ela não estava tentando esconder mais do filho, mas abaixei o tom de minha voz, tentando resguardá-lo da curiosidade.

— Está passando da hora. Em breve minha barriga vai aparecer. Queria viver uma gravidez com o pai do meu filho do lado!

Eu entendi o que ela queria dizer. Estive ao seu lado na gravidez, mas eu não era o pai biológico.

— Pode ser!

Brinquei com o videogame do Pietro e conversamos. Ele me contou sobre o colégio e dos novos amiguinhos que agora são de sua sala. Contou sobre o João e a conversa que tiveram sobre morarem em duas casas diferentes. Meu filho parecia ter crescido dez anos. Eu era orgulhoso dele em tudo que fazia. Deu-me uma tristeza enorme de pensar que ao contrário do que penso o Pietro poderia ficar feliz em saber que tem outro pai.

Depois do jantar li para ele uma história de um livro novo e ficamos conversando até que ele rendeu-se ao sono. Sai de lá e fiquei esperando ao portão da faculdade no carro do Murilo.

Assim que ela saiu notei que não devia ter ido do trabalho para casa, usava a mesma roupa, a qual eu tinha começado a despi-la mais cedo. Assim como eu, também ainda não tinha ido para casa, caso contrário, há essa hora estaria deitado.

O Murilo deu sinal de luz e ela entendeu. Abri a porta de traz e ela entrou sorridente. Pulou em meu pescoço e me beijou.

— Hei... Estou aqui.

— Desculpe Murilo. – Tirou o excesso de batom que por certo havia ficado em meus lábios.

— Esperem só chegar a casa. – Ele tinha razão. Nunca tinha presenciado um comportamento assim vindo de minha parte. 

A Amante do Juiz! (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora