Bônus

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Cairon,

A manchete, como esperamos, estava em todas as capas de revistas, claro que sempre com um tom denotativo. Eu encararia como engraçado se não estivesse como protagonista da situação.

- Posso entrar? – O Murilo adentrou meu gabinete com outra revista em mãos. – Eu viajo por três dias e você me apronta isso?

Muito mais que segurança pessoal, o Murilo era meu melhor amigo, há anos. Ou melhor, desde a infância, por isso não escondi nada dele. Contei tudo, claro que boa parte da história ele sabia, principalmente a parte em que a Giovanna não me amava.

- Acho que só eu quis me enganar durante esse tempo todo. Agora está terminado. Não tem mais volta.

- E vai me dizer que você está sofrendo com isso? – Estava. Estava sim! Ontem mesmo, saí de casa à noite e não tive coragem de ir até a pensão. Tudo estava tão recente, e com esses paparazzi em minha cola, não poderia arriscar.

Depois do almoço, recebi dois desembargadores. E depois que eles se foram eu voltei a ficar sozinho e remoer meus sentimentos.

Ao ouvir o som de batidas à porta, eu quase enlouqueci. Devia ter ido trabalhar em casa, assim teria mais calma, mais sossego e mais tranquilidade.

- Entre. – Resmunguei um tanto mal-humorado.

- Meritíssimo, me desculpe, não tem nenhum horário marcado em sua agenda, mas o doutor Breno, lhe mandou um documento e pediu que o senhor lesse se possível, assine e mande de volta.

Documento? Do que se tratava agora? Estendi a mão e esperei que ela me entregasse o documento, mas para minha surpresa ela foi até porta e pediu que alguém entrasse.

- A atendente esperará até que o senhor assine. – Meus olhos não estavam acreditando no que via. Agora eu tinha certeza que esse "documento" que o Breno havia me enviado tinha uma segunda intenção. – Minha assistente se virou e a instruiu. – Se tiver medo de se perder no caminho, peça ao meritíssimo para que me chame. – Enquanto elas conversavam, eu ficava ali observando que a moça parecia tremer diante de minha assistente. Eu chegava a desconfiar que fosse até mesmo uma ideia do Breno.

- Hum... Hum. – Paola minha assistente se virou, como se lembrasse naquele momento de que eu estava ali. – Os documentos. – Lhe estendi a mão e para minha surpresa ela estendeu o envelope pardo. – Sente-se. – Enquanto se sentava minha assistente fechava a porta atrás de si. – Então, o Breno me enviou esse documento para que eu assinasse e lhe devolvesse?

- Sim senhor. – Praticamente gaguejava as palavras.

- Isso pode levar algum tempo. – Informei enquanto retirava o papel de dentro do envelope e observava. Em nenhum momento ela ousou a olhar para mim. Claro... Depois do que fiz no carro com ela duas noites atrás. Até eu me envergonhava, mas enquanto não tivesse os documentos do divórcio em mãos, não poderia fazer nada mais ousado.

Estudei o papel e caminhei pela sala silenciosamente.

- Ele... O Breno te disse sobre o que se tratava?

- Não senhor meritíssimo, só pediu que eu atravessasse a rua, e o entregasse em mãos e que esperasse até que o senhor lesse para devolver a ele. E que eu esperasse o tempo que fosse.

Encostei-me a mesa diante dela e foi à primeira vez em que ela me olhou.

- Tem certeza que não veio por conta própria ou até mesmo... – Ela se levantou toda brava.

- Se não se importa, quando estiver assinado pedirei a Késsia que busque. – Antes que saísse, porém, fechei a porta e travei seu corpo entre a porta e o meu, mobilizando-a por completo.

Senti sua respiração ofegante e o tremor de seu corpo sob o meu. Passei o nariz por seu pescoço enquanto ela com os olhos fechados perdia o resto do controle de seu corpo.

- Está em branco.

- O que? – Claro que ela não havia entendido. O papel que o Breno havia enviado estava em branco. Ele devia ter notado alguma coisa e agora mandava a ovelha até a toca do lobo.

- Não há nada escrito naquele papel. – Afirmei.

- Não pode ser.

- Claro que pode. Conversou algo com o Breno?

- Sobre? – Enquanto ela me respondia eu a comprimia ainda mais contra a porta. – Pobre coitada, acabara de participar de uma armadilha de um velho metido a cupido.

- Suas intenções para comigo? – Agora não parecia, mas estava irritada o suficiente.

- Me solta! - Tentou ela mesma se soltar sem eficácia alguma.

Uma pena não estarmos em um lugar mais seguro, poderíamos aprofundar esse momento e testar nossa química ou compatibilidade.

Virei-a e passei os dedos em seu rosto, contornando cada parte dele e só então beijei sua boca. Não era só ela, eu também estava sem fôlego.

Enquanto nos beijava, fiquei imaginando coisas que podia fazer, mas tinha receio que ela se assustasse comigo. Mesmo assim, enfiei a mão debaixo de sua blusa e toquei seu seio com os dedos e descobri que ela estava muito excitada. O pior é que... Como eu ficaria depois que ela se fosse. E se não quisesse esse tipo de intimidade.

- E sua esp... – Aprofundei o beijo impedindo-a que começasse um assunto que nenhum dos dois queria tocar no momento. Eu contaria a ela que não era mais casado, mas ainda não podia prometer nada, nem enganá-la que tivesse feito aquilo por ela.

- Precisa ir.

- Preciso. – Tentou se afastar, mas a mantive junto a mim, até que nossas respirações estivessem no compasso novamente.

- Diga ao Breno que ele mandou o documento errado e que espero que me mande o correto.

- Sim senhor. – Quando a deixei livre, ela ainda parecia sentir-se zonza, mas depois se afastou pegando o envelope com o documento sobre minha mesa e saindo.

Naquela noite em casa eu não conseguia dormir. Além do silencio perturbador, ainda havia o gosto da boca da... Deitada em minha cama eu imagina mil coisas até que me decidi que não ficaria ali chorando por quem não me amava.

Pulei da cama e fui até o banheiro. Tomei um banho e coloquei uma calça de moletom e uma camiseta azul. Abri uma caixinha que tinha em minha gaveta há muito tempo fechada e peguei uma chave que guardava ali, coloque no bolso da calça e sai.


A Amante do Juiz! (Degustação)Where stories live. Discover now