Capítulo 19

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Cairon

Eu sabia que seria extremamente, cansativo e desgastante, mas agora havia passado do limite.

- Eu peço Ordem! A defesa está tumultuando a audiência. - Durante o depoimento do ex-parlamentar, que agora estava no lugar de delator, a defesa do réu, tentava de todas as formas, insinuar que eu estava sendo parcial. E gritavam que eu não era dono do processo. Claro que não.

No começo da audiência eu até acolhi algumas colocações, pedindo ao ministério público que refizesse as perguntas, mas por fim, dei-me conta de que da forma que estava não seria possível continuar.

- A sessão está suspensa. – Assim que cheguei ao gabinete, vi que meu celular estava vibrando e atendi, pensando ser a Liara.

- Nós te dissemos e não foi nem uma nem duas vezes... E quem avisa, amigo é. Cuidado por onde caminha Cairon, porque nós sabemos quem são seus bens mais preciosos. – Deixei que a pessoa falasse, e não disse nada. Isso também eu sabia que iria acontecer. A operação estava em andamento, mas desde o princípio ameaçava os interesses de pessoas poderosas. Desliguei o telefone sob o olhar atento do Murilo e de um dos agentes da federal. Não era a primeira vez.

- Quer que peça ao delegado para registrar? – O Murilo não era idiota, só pela minha fisionomia, sabia que as ameaças continuavam. Tive que pedir segunça aos meus pais, e reforçar, a segurança do Pietro. Agora, a Giovanna, fazia questão de querer ser livre. Então... Que fosse responsável por sua própria segurança. Avisada ela tinha sido. E minha preocupação agora, era que não descobrissem a Liara.

Houve um tempo que eu morava praticamente com vários agentes da policia federal em casa e o apartamento era cheio de grades, mas não achei que seria justo quando o Pietro foi crescendo, que ele vivessem em cárcere privado, longe da realidade dos amigos. Agora não que esteja mais tranquilo. O Murilo tem uma agência de segurança que trabalha com a PF em favor da minha segurança. Então sempre estão por perto, mas não abro mão de minha liberdade.

— Vai investigar isso pessoalmente? – Me voltei ao Murilo. Sabia que o delegado fazia tudo o que estava em seu poder, mas eu precisava de mais certeza de que achariam os responsáveis pelas ligações.

— Claro. Pode contar com minha total colaboração. – Nem queria saber o que seria, nem como seria essa colaboração a qual o Murilo se referia, contanto que isso se resolvesse.

— E para agora, o que acha melhor?

— Sair menos de casa.

— Menos ainda? Não quer me dar uma sela na prisão?

— Este é o preço que se paga quando tentamos fazer o que é certo a sociedade. Arrepende-se?

— Não. Só não quero ser preso como eles. Eles cometeram crimes. Eu não.

— E por falar em crime. – Observou se o agente tinha se retirado. - Como vai sua amiga? Vi ela pelos corredores do fórum outro dia e digamos de passagem, não era só eu quem observava.

— Quero vê-la hoje à noite. É possível?

— Não sei. Aquele apartamento ainda não foi descoberto, mas, toda cautela é pouca.

— Arma um esquema, por favor. – Esse era eu pedinte.

— Faremos o seguinte. Arrumarei um carro e levarei você. Deixaremos seu carro entrar no condomínio depois que tiver saído da casa da Giovanna com um dos homens e outro seguindo como se fosse uma escolta e fosse você e eu.

— Ótimo. Não posso deixar de ir ao jantar com o Pietro essa noite. Depois pegaremos minha flor na faculdade, e iremos para o apartamento. Posso dormir lá?

A Amante do Juiz! (Degustação)Where stories live. Discover now