Capítulo 05

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*São pequenas mudanças, mas que dão um nó na cabeça da gente. Espero que estejam gostando.


— Mãe, mãe. Se ainda sabe rezar acho que seria bom fazer um intensivo. Ela forçou um sorriso. – Sentei-me na cama com os pés doendo. Era o terceiro dia que estávamos naquela pensão. Eu havia visitado quase todos os lugares que ofereciam emprego até agora nem mesmo um ligo mais tarde, havia recebido como resposta.

— Vai dar tudo certo! Na hora certa o socorro chega! Deus nunca abandona seus filhos.

- Sei! – Se havia uma coisa que tirava as pessoas mais velhas, como minha mãe ou minha tia do sério, era brincar com as coisas do céu.

Deitamos naquela noite mais tranquilas apesar de que eu tinha meus receios quanto ao trabalho. Fiquei sabendo que a prefeitura ajuda muitas pessoas com passagens de ônibus. No fim da próxima semana se eu não tivesse conseguido algo o jeito seria buscar este recurso e voltar a nossa cidade a nove horas de distância dali.

— Mãe. Já dormiu?

— O que é filha?

— As pessoas com as quais a senhora trabalhava? Não poderiam nos ajudar?

— A empresa fechou e os proprietários abriram falência. Amigos. Não tenho quase nenhum. A não ser uma vizinha. Mas me ajudou tanto que tenho até vergonha de pedir mais alguma coisa. E ela é tão sem condições como nós.

— Amanhã se estiver melhor iremos ao hospital para que dê andamento ao seu tratamento.

— Vamos ver quando acordarmos minha querida. – Eu sabia que ela não queria admitir, mas estava fraca. Mal se aguentava de pé por mais de cinco minutos.

Eu precisava fazer algo, mas me sentia fraca, não de alimento, fraca de fracassada. Essa era a definição correta. Aos trinta anos e eu não havia conseguido fazer metade do que eu havia me proposto aos dezessete.

Queria ter feito faculdade, mas tive que trancar a matrícula. Queria ter me casado, mas os dois namoros que tive foram terríveis. E agora minha mãe. A única pessoa mais próxima que eu tinha estava indo sem que eu pudesse fazer nada.

Fechei os olhos e clamei socorro mesmo sabendo que agora só um milagre mesmo poderia nos tirar desta situação.

Acordei com alguém batendo à porta. Coloquei uma camiseta e fui abrir.

— Um homem deixou esse bilhete para a senhorita e disse que precisava ser entregue agora bem cedo.

"Favor comparecer ao Fórum, munida de documentos e foto para preencher vaga de emprego. Falar com Dr. Breno."

PS. Procure somente por ele, não fale o motivo de sua visita a mais ninguém no local. Entrevista às 08h00minhs.

Quando olhei novamente para a porta o rapaz já havia desaparecido. Liguei a TV e as horas que marcavam era exatamente sete e cinco. Muito enrolada era como eu estava.

A palavra emprego saltava do papel aos meus olhos e meu coração disparava. Copeira, pensei. Servir café aos juízes e advogados. Aquelas mulheres todas tão arrumadas. E se deixar o café cair? Não... Devia ser para faxina. Limpar o chão de tanta gente importante. Meu Deus.

Corri no banheiro tomei um banho e escolhi na mala a melhor roupa que eu tinha. Uma calça preta e uma regata caqui. Amarrei os cabelos um pouco para trás e usei um pouco de maquiagem pensando na moça que havia me atendido lá outro dia. Não que eu tivesse a pretensão de assumir algo que estivesse ao nível dela, mas até para limpar precisava causar uma boa impressão.

A Amante do Juiz! (Degustação)Where stories live. Discover now