Capítulo 27

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Cairon

- Cairon este é o Jeferson. Jeferson este é o Cairon. Vocês sabem quem é um e outro. – Momento no mínimo constrangedor, conhecer o atual de minha ex-esposa. A Giovanna agia com tamanha naturalidade que cheguei à conclusão de que, realmente o idiota da história, seria tão somente eu.

Estava acompanho do Murilo e limitei-me a um aceno com a cabeça e mais nada. Enganava-se, caso cogitasse pensar em nós como amigos de infância.

- Papai que bom que chegou. - O Pietro pulou em meu pescoço e eu por uma fração de segundos eu tive pena daquele homem impossibilitado de abraçar o filho por tanto tempo. Impossibilitado de convier com a criança doce que o Pietro é.

- Agora dê um beijo na mamãe e no amigo dela.

- Não é amigo dela pai. – Ele sorriu tirando os cabelos dos olhos. - É o namorado dela, o Jeff. – A inocência do menino era tanta, que me apresentava formalmente seu pai biológico, mesmo sem saber.

- Hum. – Olhei para o Murilo. - Então se despeça-se e vamos. Ele me entregou a mochila com seus pertences e fez o que pedi. Beijou a mãe e apertou a mão do tal sujeito.

- Cairon, esperamos vocês para o café, às nove horas. Não se atrase, por favor, porque temos uma programação em família. - A Giovanna achava que logo depois de saber que era filho daquele homem estranho, o Pietro sairia feliz, com os dois exibindo o novo pai? Só se eu estivesse muito enganado, se estivesse certo, e conhecesse bem meu filho, essa programação estaria furada.

- Não nos atrasaremos. - Encontrei o Pietro com o Murilo no carro.

- E então. Qual é a programação de hoje?

"Central player. Um parque que contém várias naves espaciais e simulador de espaço onde se pode flutuar. Shopping, induzido por um vendedor que afirmara a chegada de um jogo novo, que no caso o Pietro não queria, precisava. Almoço".

- Almoçaremos lá?

- Sim. Eu pensei que... A mamãe disse. - Ele tentava dizer algo, mas não conseguia.

-O que você pensou e o que sua mãe disse?

- Que você fosse trazer sua... - A mãe além de já ter inserido o pai biológico na vida dele, agora, tentava inserir uma pessoa, que nem eu mesmo havia instaurado em minha vida, na vida da criança, era a forma dela se sentir mais segura.

- Filho o papai não tem namorada ainda. Ele tem uma amiga que possivelmente se tornará namorada, mas no tempo certo você a conhecerá. Tudo bem assim?

- Tudo. - Ele disse mais animado.

- Hoje será só você e eu.

- E eu não entro nessa?

- Claro tio. Você é como se fosse da família só que mais feio.

- Pietro olha o respeito.

- Foi ele que disse primeiro enquanto eu esperava você no carro. Disse que ele era quase da família só que mais bonito. Eu não o acho mais bonito que nós.

- Entendi filho. Entendi. - Meu filho sempre foi muito educado. Não esperava resposta diferente a que ele deu.

Ele brincou muito em todos os brinquedos. Sempre quando temos essa oportunidade, peço que ele escolha dois brinquedos, mas hoje é uma data que ficará para sempre marcada em minha memória. Meu último dia como pai do Pietro. Sei que ele me terá em consideração para sempre. Mas sempre haverá o outro pai e eu não posso mais proibi-los de ter sua própria história.

- Filho, acho que está na hora de irmos até o Shopping. O papai precisa ao menos tomar um café se formos demorar muito para almoçar.

- Vamos à loja e depois podemos ir almoçar.

Saímos do parque direto para o shopping. Mas específico à loja de games. Compramos os tais jogos que ele queria e nos encaminhamos para a praça de alimentação.

- Ele até que é legal! - Ele disse de repente, me pegando totalmente de surpresa. Eu não saberia dizer se a conversa havia começado há muito, ou fora mesmo assim, tão repentina.

- Quem é legal filho?

- O Jeff.

- Hum. - O pai biológico. Era um ponto positivo, ele achava o pai legal, mesmo antes de saber que era seu pai.

- Ele disse que irá me levar para pescar um peixe de dentro do lago.

- E você vai? Sempre disse que tinha medo de mato.

- Mas esse lago não tem mato em volta. Disse que a gente paga e pesca. Podemos levar uma quantidade para casa, e a outra, precisamos deixar lá.

- Entendi. Pesque e pague. - O Garçom trouxe o almoço. Antes de terminarmos ele voltou a falar.

- Ele não vai tomar seu lugar pai. Não precisa ficar triste.

- Eu sei meu amor. Você também estará sempre em meu coração.

- Mas ele não sabe nada sobre leis. - Entendi que ele queria dizer que cada um de nós tem suas vantagens e desvantagens.

- Te ensinará outras coisas. Nem todos precisam saber das leis de cor.

Meu filho. Que vi nascer e estava vendo crescer. Entendo que sejam frutos do que eu mesmo plantei ao aceitar me casar com a Giovanna, mesmo sabendo que o filho não era meu, e que ela amava outro. Essa dor que me aflige é fruto da minha escolha.

- Minha mãe disse que você não é mais o marido dela, mas que será meu pai para sempre. E que o Jeff também será meu pai.

- Isso mesmo. O João não tem dois pais e duas mães, como você disse outro dia?

- Sim. Mas eu queria que fosse só você. - Abracei meu filho e fiquei abraçado a ele esperando que ele entendesse em seu coração que estaríamos juntos para sempre.

O Dia foi magnífico. Quando voltamos para casa a tarde jogamos vídeo game, os jogos novos que ele havia comprado. E a noite adormeceu cedo me dando a oportunidade de ligar para a Liara.

- Então como foi seu dia?

- Triste. Estou com saudades.

- Eu também! Mas amanhã almoçaremos juntos e passaremos a tarde toda, juntos. À noite... Bom, à noite lembre-se de meus pais. Bom... Mudando de assunto, teve notícias da Josy? – Não dei chances à ela de recusar a vista aos meus pais.

- Sim. A Késsia me ligou dizendo que a família está feliz com a noite dela. Disseram que respondeu bem ao tratamento.

- Que bom. E sua mãe?

- Está bem! Nem disse nada sobre nós o dia todo. Isso é sinal de melhoras.

- Amanhã a gente se fala. Sonhe com os anjos!

- Sonharei com você então. Meu anjo.

-Fico feliz em ser seu anjo! Você também é meu anjo.

Fechei os olhos e fiquei imaginando quantas vezes deixamos de ver diamantes por que estão em meio à lama. Se um primeiro sentimento chamado compaixão não tivesse me movido, eu não teria sido tocado por outros que hoje me alimentam na caminhada e me dão ânimo para viver. Impossível dizer que não há uma força maior por trás de tudo isso. Se não houvesse essa força a Liara teria passado dispersa ao meu olhar.


A Amante do Juiz! (Degustação)Where stories live. Discover now