Capítulo 22

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Cairon

Eu estava em meu gabinete com o relatório que o Murilo trouxe nas mãos. Observava atentamente os escritos como fazia com os casos em meu tempo de advogado. Alguma coisa estava errada por ali. E na certa descobriria, a paciência é uma de minhas principais características.

— Leu? – Com certeza ele também teria lido.

— Eu não acredito muito em pessoas tão perfeitas assim Murilo. Aí está o erro. Coloca alguém de sua confiança atrás dela. Vamos devolver na mesma moeda da Juíza. Vasculhe a vida dela, vamos ver se ela gosta. – Ele gargalhou.

- Sabe que mulher não gosta nem que descubramos sua idade. Ainda mais, mulheres como a doutora. Percebi que ela está tomando espaço. Fazendo alianças. Sendo gentil com muita gente.

— E hipócrita com outras. Racista.

— Não tome essa briga para si. Julgue como colega de trabalho, mas não entre nessa. Deixe-a dar mais corda para que possamos pegá-la. Sua briga com ela tem que ser por coisa grande.

— Acha que Racismo não é importante? É crime. Só faltava ser ameaçado por tantos criminosos e de repente morrer pelas mãos de uma mulher.

— Nunca teve medo da morte.

— Agora eu tenho. Tenho o Pietro. A Li.

— O Pietro não será mais sua responsabilidade a partir da semana que vem. Agora a Li... Não cara. Para com isso. Pelo amor de Deus. Um homem da sua idade chamando a menina de Li. Daqui a pouco ela vai te chamar de ursinho e você irá responder. – Sempre que falamos sobre ela é como se o tudo mais não existisse. Todas as dores, as brutalidades. Tenho vontade de sorrir.

— Quanto ao Pietro não tem como ele deixar de ser minha responsabilidade mesmo que não esteja em meu nome. Temos uma história juntos. Responsabilidade para mim é mais um ato de amor, do que obrigação. E isso não se apaga do dia para o outro. Agora. Quanto a Liara. Dependendo onde estivermos claro que responderei. – Tentei sorrir. Desde a noite estava muito estressado com o que fiquei sabendo da Juíza, mas agora ouvindo o Murilo entendo que realmente preciso ser cauteloso e não agir com a emoção.

— O mau destas pessoas que armam Cairon é que elas acham que por entregar o currículo perfeito ninguém vai procurar por falta de vírgulas e acentuação.

— Mas nós iremos. E iremos trazer a público. Nunca gostei que vasculhassem minha vida por que não tenho nada a esconder. E não gosto que mulher alguma me persiga, ainda sou dos tempos antigos quando os homens perseguiam as mulheres. – Estava esperando a resposta do Murilo quando minha assistente me lembrou de que eu tinha uma reunião no CNJ.

Como tudo era muito centralizado na Rua dos poderes, tomei os documentos separados em mãos e caminhei até lá. Depois de tudo resolvido, comecei a caminhar de volta com o Murilo, conversando pacientemente enquanto pensava o que seria mais fácil fazer... Almoçar agora ou resolver um assunto com o Breno? Meu assunto com ele era referente à doutora. Ele tinha que saber o que estava ocorrendo por ali.

Mas ao passar diante da corregedoria, uma garota praticamente tropeçou em mim, alertando não só o Murilo, como aos agentes da federal que vinham logo atrás.

— Desculpe-me meritíssimo. Sinto muito eu não quis... – A moça parecia sem jeito por ter trombado em mim.

- Tudo bem. – O rosto dela me era muito familiar, mas eu não iria perguntar. Mas quando ela cumprimentou o Murilo pelo nome ele disse "Josy", lógico que me lembrei da Liara dizer que ela faria uma denuncia. E deve ter escolhido lógico, a corregedoria para começar. Claro que se fosse à mesma Josy do fórum. – Josy? É você que trabalha com o Breno, não é? Seu rosto não me é estranho.

A Amante do Juiz! (Degustação)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt