Capítulo 24

4.8K 584 35
                                    

Liara,

- Nossa! Viu passarinho verde hoje? - Cheguei ao fórum suspirando, assoviando. E claro que a Késsia notaria. Tudo o que não fizemos à noite, aproveitamos de manhã.

Ai meu Deus, como eu estava apaixonada por ele. As lembranças de cada gesto, cada beijo, cada movimento ainda estavam impregnadas em mim.

Acordei com suas mãos passeando por meu corpo, enquanto sentia suas pernas separando as minhas e me invadindo por completo.

Pisquei e vi que a Késsia ainda esperava uma resposta, sorri sem jeito.

- Nem me lembre desse passarinho, que tenho vontade de voltar para casa. - Qualquer pessoa que olhasse para mim, saberia que eu estava radiante. Fui até nossa sala de descanso, guardei minha bolsa e voltei ao nosso balcão de atendimento.

- Então quer dizer que a noite foi boa? – Ela não parecia muito animada, e eu tinha certeza de que ela pensava que era o Heitor, meu passarinho verde.

- Noite boa não... Maravilhosa. Não só à noite como a manhã também!

- Manhã? Nossa Liara odeio que me acordem de manhã para sexo. Eu não estaria com essa animação toda. Estaria de mau-humor e com sono.

- Ele pode me acordar quantas vezes quiser. A hora em que quiser, que eu ficarei feliz.

- Deixa-me ver se advinho... Heitor? – Bingo! Eu advinhei o pensamento dela. E caso fosse o Heitor, nem eu estaria nessa animação.

- Agrrrr... – Fiz cara de nojo. – Lógico que não.

- Que homem é esse minha gente?

- Vamos trabalhar que ganhamos mais. – Fugi do assunto e aproveitei para atender uma senhora que estava desesperada e me lembrei da nossa situação. Só que o caso dela era a tutela do filho. O marido estava vivendo em melhor situação financeira e pediu a guarda da criança.

Não sabia o caso direito, porém estava compadecida com aquela mulher. Até pensei em falar pessoalmente com o Doutor Walter, mas com ele eu não tinha muita intimidade, e acho que intervenção alguma mudará sua opinião, caso ele já tenha um veredito.

Ao fim do atendimento. O Cairon entrou pela porta principal. A mulherada ficou alvoraçada, e eu irritada. Como podiam cobiçar o homem assim? Será que elas não viam, que estavam dando muito na cara?

- Bom dia meritíssimo! – A Késsia faltou debruçar sobre o balcão mostrando o decote da blusa.

- Bom dia! O Breno está por aí? - Ele parou de falar, se afastando para que não fosse atropelado pelo moço da entrega que surgiu com um buquê de flores vermelhas aguçando a curiosidade feminina. O Heitor também se aproximou e ficou conversando com o Cairon enquanto o moço tirava o papel do bolso.

- Liara. – Quando o rapaz leu meu nome no papel diante de todos e me estendeu as flores eu quase caí. Eu não estava acreditando no que via. Peguei o buquê e logo procurei um bilhete. O Cairon estava ali, o Heitor também. E se não fosse de que eu queria? De quem eu esperava?

- Como assim Liara? – A Késsia tomou as flores de minhas mãos e observou se não tinha nenhum bilhete. - Tem certeza rapaz, que não é Késsia? - Ela riu devolvendo-me o presente. – A noite foi boa mesmo colega.

- Ai que meigo. – Ouvimos palmas. - Então agora mandam flores para a coleguinha para dizer que ela tem alguém que a ama? - A Juíza acabava de entrar. – Pessoal, caiam na real, eu só expus uma opinião. Não disse que ela não iria conseguir um namorado, ou que não tivesse. Só falei em relação aos homens do recinto, ou dos prédios adjacentes. – Disse olhando para o Cairon, que aguardava que chamássemos o doutor Breno. Ela passou e cheirou as flores em minhas mãos sendo observada por todos os presentes.

- Talvez eu tenha enviado as flores doutora. – O Heitor deu dois passos à frente se afastando do Cairon.

- Ai Heitor, sua fama de pegador até conheço, mas pelos descritos isso não faz seu tipo, mandar flores. – Até ela estava por dentro da fama do Heitor.

- Hum... Digamos que se a pessoa valer a pena. Talvez a senhora não tenha recebido porque os homens não tivessem ficado satisfeitos.

Silêncio geral o Heitor foi louco de dizer isso na frente de todos, mas duvido que alguém ali não tenha amado a resposta dele. Pela primeira vez ele era adorado por todos.

- Heitor, Heitor. Não adianta dizer que sou mal-amada, ou essas coisas, por que sou bem resolvida. Não fico alienada com essas respostas de homens sem caráter.

- Eu gostaria de lembra-los que estamos em local de trabalho e quero inclusive deixar claro que esse bate boca, chegará aos ouvido do Breno daqui à pouco. - O Cairon se aproximou e disse entre nós. - E a senhora doutora Ana Luiza a aguardo em dez minutos lá no TRF, em meu gabinete. - Sua voz era firme e seu olhar era frio. Ao ver que o doutor Breno entrava, ele se afastou deixando-nos, todos sem fala.

- Viram só o que fizeram? - Ele vai pensar que eu sou a má da história. - A mulher ainda achava que estava certa. Saiu com toda sua altivez entre as pessoas que entravam no fórum, como se ali não existisse mais ninguém.


A Amante do Juiz! (Degustação)Where stories live. Discover now