Ilusionista

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E isso nem importa mesmo

se eu for um ilusionista

E olhe para as mentiras aqui

Se eu as fazer desaparecerem

Então ele irá conversar?

(Amanda Jenssen - Illusionist)


Da extensa lista de coisas que Hermione mais odiava na vida, perder o autocontrole estava no topo. Passara a semana toda escrevendo alguns artigos para a seção "Bruxos saudáveis alcançam a longevidade" do Profeta Diário, mas sua mente não estava inteiramente conectada com o trabalho em questão; vagueava pelas paredes de pedras frias e irregulares da prisão de Azkaban, e no início do famoso projeto de Agosis Pertindum. A princípio cuidaria da regularidade das instalações, dos cuidados com a alimentação e contenção dos dementadores; o próximo passo seria a entrevista com os presos, a fim de descobrir seus níveis de periculosidade, bem como o estado de saúde em que se encontravam. Por último, tendo tornado a prisão o mais agradável possível, os profissionais afastados seriam submetidos a um tratamento bastante minucioso, para então serem realocados em seus cargos.

Seria, sem dúvida, uma tarefa bastante árdua e demorada.

A pena encantada parara de escrever enquanto Hermione refletia sobre seus desafios futuros, a ponta fina e molhada de tinta batia repetidas vezes no pergaminho, fazendo pequenos furos úmidos e borrados.

- Finite encantatem - com um floreio de varinha a pena parou no ar e graciosamente caiu em cima das anotações melindrosamente organizadas sob a escrivaninha.

Hermione apanhou o pergaminho manchado e suspirou profundamente. Os dedos alisaram as quatro primeiras palavras que haviam sido escritas para o artigo que deveria entregar na próxima semana.

"Chá de folhas de mandrágoras"

Seria um artigo e tanto, se conseguisse terminá-lo. Estivera pesquisando há meses sobre as propriedades das folhas de mandrágora, raríssimas e muito poderosas. Tinham o poder de regenerar ossos calcificados e recompor partes necrosadas do corpo humano, problemas considerados insolúveis e irreparáveis para a maioria dos Medibruxos. A literatura trouxa ajudara muito nas pesquisas, pois o mundo bruxo pouco se importava com as questões não resolvidas pela magia. Para alguns medibruxos - mesmo os mais experientes - o que a magia não conseguia curar, irremediado estava. Hermione, porém, não filiava-se a este pensamento; acreditava que se houvesse métodos alternativos, oriundos de outras fontes de conhecimento, estes deveriam ser utilizados pelo bem da vida.

E foi por esta razão que aceitou iniciar seus estudos no Instituto Dilys Derwent quando a guerra acabou. O lugar, mantido pelo Hospital St. Mungus, era mundialmente reconhecido pelos tratamentos inovadores e pelos renomados medibruxos e curandeiros que haviam estudado ali. Hermione sempre tivera grande habilidade com feitiços e contra-feitiços, e seus N.O.M's em Poções, Herbologia, Transfiguração e DCAT haviam sido os melhores, conforme lhe explicara incansavelmente o Dr. Ralph Stradivarius, o mesmo homem que, assombrado com o desempenho da jovem, nomeou-a medibruxa antes mesmo de passados os cinco anos necessários à formatura.

Depois de quatro anos e meio intercalando sua rotina profissional entre St. Mungus e Profeta Diário, Hermione sabia que abraçar outro projeto seria o equivalente a mais uma oportunidade de auxiliar a comunidade bruxa na construção de uma sociedade mais evoluída.

Quando seu chefe, Agosis Pertindum, lhe propôs o projeto de inclusão, não havia um motivo sólido que a fizesse aceitar, além da morte de Ronald Weasley e a possível suspeita, extremamente improvável, de um crime . Por isso, no início, a perspectiva de na última etapa do projeto ter de entrar em Azkaban a perturbava em demasia. Mesmo Harry, que era um auror experiente e antes de ser auror tivera muito contato com dementadores, não gostava daquele lugar e o evitava ao máximo.

ConstelaçãoWhere stories live. Discover now