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    Rollo não fez mais perguntas durante um bom tempo, permanecendo em um silêncio introspectivo do qual Liv não reclamou. Não se sentia com muita vontade de falar depois de lembrar da sua família. Ela se perguntou se os veria de novo um dia, e isso fez um desespero crescer em seu peito, a incerteza do futuro consumindo-a. Para alguém que gostava de planejar sua vida, ser literalmente jogada numa realidade diferente da sua era um verdadeiro caos, a cabeça de Liv estava começando a doer com tanto esforço que fazia para pensar em tudo ao mesmo tempo e não se sentir à beira da loucura.

 Afinal, qual era o papel dela ali? Será que seus atos poderiam mesmo causar uma mudança catastrófica no futuro? Será que ela ainda estaria ali para presenciar Rollo se tornar o Duque da Normandia? E por que o nome dele sobreviveu ao tempo e o de Brynja, não?

Liv obviamente tinha muitas dúvidas, mas todas elas desapareceram quando, depois que a floresta acabou, uma construção surgiu ao longe, aparecendo em meio as árvores, que agora se tornavam mais afastadas e em menor número. Uma brisa gelada vindo do campo arrastou o cabelo dela para longe do rosto, fazendo os pelos da pele dela eriçar com o frio que sentiu.

 Liv parou de andar, descansando uma das perna em cima de um tronco de árvore antigo e já podre. Apesar do frio, ela estava suando, por causa do peso que carregava no colo. Ela levava duas das trouxas de Rollo, sob o pretexto, segundo ele, de que as pessoas precisavam se certificar que a mulher estava sendo tratada da maneira certa e esperada: como uma escrava.

Rollo parou ao lado dela, enquanto uma leva de pessoas continuavam a caminhar, seguindo na direção da grande construção, agora tão impressionantemente perto.

 Era O Templo de Uppsala, para Liv ficou óbvio e nenhuma dúvida tinha disso.

Então ele realmente existiu, a inglesa disse a si mesma. Não conseguiu não pensar em Helga, a estranha e suspeita curadora do museu. Helga era a verdadeira culpada por tudo, se você parasse para pensar. Foi Helga quem convenceu Liv a rezar para os deuses. E ela estava certa ao dizer que o museu do templo não tinha nada a ver com o lendário e original. O verdadeiro era muito mais impressionante.

 O templo ficava protegido no meio dos montes, como que guardado pelas montanhas. Era uma construção de presença, que reluzia a ouro por milhares de quilômetros, feito de madeira e com torres esculpidas no alto. Helga, ao se referir ao local sagrado de oração dos vikings, citou as palavras de um escritor chamado Adão de Bremen, Liv se lembrava vividamente dos detalhes que Adão usava para descrever O Templo de Uppsala em seu livro.

Além de ter acertado sobre o fato do templo ser adornado em ouro, ele acertou sobre a corrente de ouro que circundava o lugar, pendurada por gabletes na lateral do prédio. A inglesa ficou hipnotizada enquanto Rollo e ela voltavam a avançar na direção do templo.

 – É tão lindo – ela murmurou para ninguém em especial, apertando os braços ao redor das trouxas.

– Nunca tinha visto o templo antes? – Rollo perguntou, confuso, virando a cabeça na direção do rosto vermelho de Liv, suado pelo esforço que fazia para carregar todo o peso em seu colo.

 Era impossível Lívia ter chegado ao bosque sagrado sem antes ter passado pelo templo.

Ao invés de responder, Liv continuou andando, como se não tivesse ouvido a pergunta. Sua atenção estava completamente voltada para a incrível construção. Rollo sentiu um pouco de pena por fazê-la carregar tanto peso.

  - Está pesado?

Demorou um pouco para a mulher perceber que Rollo se dirigia a ela.

  - Desculpe, o que disse?

Imortais - O segredo dos deusesحيث تعيش القصص. اكتشف الآن