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           Quando os portões das muralhas se abriram, um arrepio atravessou o corpo de Anneke.

Ela nunca tinha visto uma legião como aquela, nem mesmo o exército de Rollo parecera tão organizado e imponente — apesar de provavelmente ainda ser maior que aquele.

Havia algo de especial naqueles homens em seus casacos de pele, lanças afiadas e espadas pontiagudas, algo extremamente mortal em como se postavam em filas perfeitamente alinhadas e posturas perfeitas.

Suas expressões eram severas, sempre encarando à frente.

Ao lado de Anneke, Erik tremeu de ansiedade, sorrindo como uma criança que acaba de ganhar um brinquedo novo.

Ela nunca vira seus olhos brilharem com tanta sede, mesmo que já fosse de noite; o fogo das tochas que iluminavam a muralhava deixavam seus olhos acesos e seus cabelos com um tom de chamas vivas. Ele era cruelmente bonito, mesmo com aquela cicatriz traçando metade da sua bochecha.

Um cavalo negro trotou à frente dos outros, aproximando-se dos portões. O animal bufou, expelindo ar dos narizes por causa do clima frio. Da garupa do cavalo, um homem alto e de porte atlético saltou para a o chão de terra, aterrissando com ambos os pés.

A primeira coisa que Anneke notou foi seu sorriso insolente. Depois os cabelos loiros bagunçados, os quais ele tentou arrumar enquanto passava os dedos por entre eles; o gesto parecia ser um hábito antigo. Para a surpresa dela, aparentava ser mais jovem do que esperava.

Ele caminhou até Erik de um jeito muito seguro, seus olhos azuis espertos se fixando no Rei e a coroa ridiculamente chamativa que ele carregava na cabeça.

Anneke jamais entenderia como, mas de alguma maneira soube que o desconhecido achava o adereço real ridículo e desnecessário.

Talvez Erik tenha perdido completamente o respeito daquele homem nesse pequeno detalhe.

— Você deve ser o novo Rei da Noruega — Ele tinha a voz agradável e cheia de si. Na verdade, ele por completo parecia um homem muito seguro de si mesmo.

Suas bochechas estavam vermelhas por causa do frio e ele ofegava um pouco por baixo das roupas pesadas. Usava um grande casaco de peles marrom, que lhe caía preguiçosamente nos ombros e uma roupa vermelha com botas de couro que iam até abaixo do joelho.

— Estou honrado em conhecê-lo. Chamo-me Axel, sou o responsável por esse exército, meu estimado Rei Rurik em pessoa o confiou à mim.

Ele não se curvou, Anneke percebeu com curiosidade. Ao invés disso, o homem estendeu a mão para cumprimentar a Erik, como se ambos fossem iguais.

Por que ele não se curvou?

Deslumbrado, o novo Rei abriu um sorriso radiante e apertou sua mão com vigor, alheio ao gesto que demonstrava pouco respeito.

Erik não conhecia os sinais, não tinha sido criado para ser Rei — ou para assumir qualquer posto de autoridade. Não sabia se portar como tal e isso ficava tão claro quanto a luz do dia.

Anneke tinha certeza que era isso que o viking do oriente estava pensando enquanto trocava um aperto de mão com o seu marido. Não conseguia parar de estudá-lo... Era certamente alguém diferente de qualquer outra pessoa que ela já tinha conhecido.

— É realmente um prazer conhecê-lo, Axel. Pode me chamar de... 

Mas Axel já não estava mais prestando atenção no que o Rei tinha a dizer. Seus olhos azuis flagraram os de Anneke analisando-o. Virou-se para ela de imediato.

Imortais - O segredo dos deusesWhere stories live. Discover now