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         Liv acordou com a barba de Rollo roçando no seu pescoço e as mãos dele dedilhando pelo seu corpo.

Pela pouca luz do sol que incidia vindo de fora, tinha quase certeza que o acampamento inteiro ainda estava adormecido.

Ela abriu um sorriso e se aconchegou mais ao corpo dele. Nas últimas semanas era assim que eles tinham acordado todos os dias enquanto viajavam pelo país recrutando mais homens.

Todas as manhãs Rollo parecia sempre ansioso para se certificar de que ela ainda estava ali ao seu lado quando acordava. Se tinha pesadelos quanto a isso, nunca comentava, mas Liv sentia a apreensão em seu toque trêmulo todos os dias.

Ela mesma conhecia aquela dor que Rollo carregava no peito. Era terrível esse pavor de sempre achar que vai perder quem você ama, é como não ter certeza se vai ter ar para respirar amanhã, daqui a vinte anos ou nos próximos dez minutos.

É sufocante.

Ela só queria que Rollo admitisse isso. Talvez assim fosse mais fácil combater aqueles demônios que tanto o perseguiam.

Porém, Liv não se importava de ter que acalmá-lo todas as manhãs ou da necessidade urgente que ele sentia dela. Na verdade, a inglesa não poderia pensar em um motivo melhor para despertar tão cedo que fosse pra fazer sexo com Rollo.

— Bom dia — Ele sussurrou no ouvido dela, a voz rouca e já turvada de desejo.

Liv se virou na cama até estar de frente a ele. Delineou a linha da mandíbula de Rollo com a ponta do dedo, mapeando cada detalhe daquele rosto que conhecia tão bem quanto a sua própria alma.

Nunca se cansava de compará-lo a uma escultura de pedra. Impiedosamente bonito. Parecia bruto e cruel até nos mínimos detalhes... Mas quando sorria e trazia vida para os olhos verdes essa primeira impressão desaparecia.

Rollo era feito inteiramente de amor e devoção por aqueles com quem se importava. É claro que os traumas e a vida difícil tinham feito crescer uma casca dura para protegê-lo de se ferir, mas aquela parte especial dele ainda estava lá, e quando ele sorria... Liv acreditava cegamente que seu sorriso poderia por fim a uma guerra.

Ás vezes ficava difícil acreditar que aquele homem, com aquelas mãos tão suaves, já tinha feito coisas inenarráveis no campo de batalha. Já tinha matado e quase morrido também. Liv amava o lado selvagem e corajoso de Rollo tanto quanto amava sua candura.

Amava-o por inteiro.

Ela respirou fundo o cheiro fresco de grama após a chuva que Rollo sempre tinha, enchendo os pulmões com ele. Inebriando-se nele.

Quis fazer isso por tanto tempo enquanto estiveram separados. Quando ainda estava presa na caverna, fazendo companhia à escuridão, sentia as pontas dos dedos pinicando, ansiando por tocar cada centímetro daquele homem novamente.

— Bom dia — As palavras saíram de sua boca e se juntaram ao ar quente na fina linha de nada que separavam seus rostos.

Rollo sorria, seus olhos transbordando com um sentimento o qual Liv não conseguia explicar, mas sentia também. Adorava aquela paz que eles compartilhavam pela manhã.

Era algo precioso mas muito frágil, um segredo só deles dois, como se estivessem presos em um globo de neve, um mundo escondido dos outros.

— Sabia que você ronca todo dia de manhã? — Rollo sussurrou com um sorriso travesso.

Liv arquejou, fazendo uma careta.

— Eu não ronco!

— Ah, ronca sim. Parece um pequeno porquinho adormecido.

Imortais - O segredo dos deusesWhere stories live. Discover now