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Anneke estava ao seu lado novamente quando Liv acordou.

Ela se sentia péssima. Seu corpo inteiro estava fraco, seu psicólogo abalado e seu ferimento demorava a cicatrizar. Ela ainda não tinha visto a gravidade dele, porque estava enfaixado e Anneke era cuidadosa a ponto de só tratá-lo quando Liv estivesse dormindo.

A garota estava amassando algumas ervas dentro de uma vasilha para ajudar na cicatrização das feridas. Ela não tinha dito uma palavra desde que Liv acordara, e a inglesa tinha tantas perguntas que mal sabia onde começar.

Procurou em Anneke por algum machucado, revistou seu pescoço buscando por hematomas — lembranças cruéis assombrando-a enquanto o fazia —, checou os pulsos dela e todo centímetro de pele à mostra que podia. Queria certificar-se de que ela estava bem.

— Ele não fez nada comigo, Liv — Anneke assegurou-a, sentindo o olhar da inglesa feito um peso crescente sobre si. — Ele vai esperar até o casamento.

Lívia respirou fundo, um pouco aliviada.

— Eu tenho tantas perguntas...

A irmã de Brynja lhe ofereceu um sorriso.

— Eu imagino. Pergunte o que quiser — ela buscou a mão de Liv e a apertou. — Estou aqui por você.

Lívia sentiu a garganta apertar em agonia. Ela não queria que Anneke estivesse ali, nem mesmo se fosse por ela.

— Você mentiu pra ele? — A ferida perto da sua cintura pareceu esquentar e deixá-la mais doente. — Quando disse que eu estava estéril, mentiu pra me proteger?

Anneke hesitou, incapaz de encará-la. Seu rosto estava um pouco abatido, como se não tivesse dormido o suficiente. Liv não podia culpá-la.

— Ele iria fazer coisas terríveis com você se soubesse que havia uma mínima possibilidade de não ser verdade — ela admitiu em um murmuro muito baixo, ainda sem olhar a Liv nos olhos. — Eu não podia permitir isso. Você não suportaria.

— Então pode ser verdade? — Liv engoliu as lágrimas; estava farta delas. — Eu posso realmente... Não ter filhos?

Ela jamais conseguiria entender como mesmo já sabendo da possibilidade, aquilo a deixava arrasada. Pensava em Rollo, seus quatro filhos, e seu coração se estilhaçava.

— Há uma grande possibilidade de conseguir ter filhos, mas não é uma certeza — Anneke disse como que se desculpando. — Sinto muito não poder ter explicado antes, ele não podia saber que eu menti.

— Anneke... — Liv suspirou, encarando o teto. Não queria mais pensar na sua infertilidade. — Você nem ao menos deveria estar aqui. O que está fazendo aqui?

— Salvando você — ela sibilou baixinho, os olhos nervosos para fora da pequena tenda, certificando-se que ninguém as entreouvia.

— E como pretende fazer isso? Morrendo você no meu lugar?

— Se fosse preciso, sim. Mas não vai chegar a esse ponto porque eu e Rollo temos um plano.

Ouvir o nome dele trouxe uma sensação mista ao coração de Liv. Ela sentiu-se um pouco mais aquecida por dentro, mas saber que ele deixara Anneke cometer aquela loucura não a agradou.

— Bem... — Anneke encolheu os ombros, como que lendo a expressão no rosto dela . — Eu tenho um plano, e agora Rollo vai ter que segui-lo. Quando expus a minha ideia, ele não concordou e até mesmo me proibiu de fazer tal coisa, mas quando decidi fugir e agir escondido eu praticamente o forcei a seguir o plano.

Imortais - O segredo dos deusesOnde histórias criam vida. Descubra agora