15

22.4K 2.4K 370
                                    

Pois todo mundo se magoa,
Consiga conforto com seus amigos.
(Everybody Hurts - REM)
Sebastian

Quando cheguei em casa na noite seguinte, o avô da Marianne tinha ido embora e levei um susto ao ver que ela estava consolando a Indiana, minha amiga em prantos. Olhei para a Mary-Ann confuso, mas a explicação veio da que estava se desmanchando em lágrimas. Brigou com o namorado porquê ela descobriu uma gravidez e ele sugeriu que o bebê não fosse dele, mas meu, pelo que ela conseguiu explicar e foi rude com ela.

—Se eu olhar pra cara dele, você terá que me tirar da prisão, porquê eu juro que vou matar ele. — disse, e pelo bem dos alunos dela deixei ela ficar no quarto de visitas.

Já faz uma semana desde então. O namorado tenta falar com ela, mas ela diz que não quer ir embora porquê a Marianne é muito legal. Virou rotina chegar do treino e encontrar as duas empoleiradas no sofá vendo um filme ou lendo algum livro. Minha amiga ensinou que ela deve ler letra por letra, eu achava que era sílaba por sílaba, mas não. Ela até apresentou um progresso com a minha ajuda, mas com a da Indiana...

Abri a porta cansado do treino de hoje, e encontrei as duas encenando uma peça.

—Tive uma ideia! — a Indiana exclamou, os olhos grudados no papel. — Você tomará o líquido desse frasco e dormirá profundamente até o amanhecer. Todos pensarão que você está morta. Mandarei uma carta explicativa a Romeu e ele estará aqui quando você acordar. Vocês poderão ser felizes longe daqui.

—É um... plano... perfeito!

Encostei na parede, assistindo a interação das duas.

—Devo interferir antes da Julieta chegar ao fim, ou vocês não planejam me deixar viúvo? — perguntei.

—Ela quer ler tudo que encontra agora, achei essa peça na minha bolsa e estamos atuando. — a Indiana explicou.

—Estou vendo. Chegou outra carta para você, é hora de abrir essa e as outras doze, não? — lancei o envelope na mesma mesa onde os outros repousavam. Ela estava ignorando o cara de todas as formas existentes.

—Começo a achar que sim, vocês não são tão silenciosos quanto pensam, e desejo profundamente matar os dois quando me acordam no meio da madrugada.

—Não temos culpa se você dorme com as galinhas. Dez horas não é nem o início da madrugada. Liga pra ele.

—Vou tomar um banho primeiro, me sinto mais confortável depois de um.

Ela se retirou para fazer isso, e aproveitei a solidão para beijar minha Mary-Ann.

—Como foi o trabalho hoje? — perguntei.

—Uma bagunça, como sempre. Um bebê falou a primeira palavra comigo hoje. Encostou a cabeça na minha barriga e perguntou "neném?". Eu e a mãe choramos. — isso era comum, qualquer coisa fofa fazia ela chorar.

Ouvi um barulho estranho vindo do banheiro, e fui ver se a Indiana estava bem.

—Não entra, estou pelada.

—Mas está bem?

—Pergunta pra Marianne o que um monte de sangue na calcinha pode ser.

Pela cara da minha mulher eu já sabia, e pelo que tinha acontecido no casamento também.

—Indiana, veste o roupão e abre a porta.

Amor Interceptado - Série Endzone - Livro 2Where stories live. Discover now