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Marianne

As festas de fim de ano começaram bem, a Ação de Graças foi tranquila e com muitos presentes — para a Emily principalmente. O Natal me deixava nostálgica, e não era uma nostalgia boa, por isso sempre pego todos os plantões nessa data, mas nesse ano o Sebastian pediu pra que eu não pegasse, ele queria passar comigo. Na véspera montei a árvore, fiz uma decoração legal nela, deixei os presentes no pé dela, e ouvi músicas natalinas. A Emy gosta de música, e adorou as que escolhi, e amou as luzinhas também, ficou admirando-as até adormecer. Na manhã do feriado fomos comprar a comida e esperar o Sebastian.

Na primeira hora de espera, no início da tarde, estávamos felizes e animadas. Na terceira ele ainda não havia chegado, comi e a alimentei. Na quinta fiquei preocupada e mandei uma mensagem, mas a resposta nunca veio. Na sétima constatei que ter passado o dia todo cuidando de gente machucada teria sido menos pior do que ficar esperando por alguém que nunca viria.

Sabe a decepção de descobrir que o Papai Noel não existe? Era o que eu estava sentindo. Botei a Emily pra dormir, ela brigando porque eu não era o Sebastian e ela gostava de dormir com ele conversando, e recebi uma mensagem do Juan.

"Feliz Natal pra Mamãe Noel mais linda que já conheci. P.s.: me ameace como quiser, nunca apagarei essa foto." Era uma foto minha vestida de Papai Noel para as crianças do hospital, eu estava ridícula, vinha de duas noites de plantão, mas ele insistiu que uma foto seria legal.

"Feliz Natal!" respondi, porque ele se importava comigo. Olhei as fotos daquele Natal com um aperto de saudades no coração, e estava prestes a chorar, se alguém não tivesse...

—Ho ho ho! Cadê minhas garotas?

O corpo grande dele preencheu a visão da soleira da porta. Ele estava com uma touca e um saco de presentes. Fechei os olhos e virei pro lado na cama.

—Juro que posso explicar, Marianne. Eu estava vindo direto pra cá, mas houve uma turbulência e o avião teve que fazer um pouso de emergência. A neve em Pittsburgh estava muito alta, e só abaixou quatro horas atrás, quando pude pegar um voo novo.

—Você está bem?

Ele suspirou de alívio.

—Estou.

—Então tá, o resto não importa. Acorde a Emily, mostre que você chegou, ela esperou o dia todo.

O que eu podia fazer? O clima era uma droga nessa época. Estava sim irritada por ter planejado coisas que não aconteceram, só não podia culpar ninguém. Ouvi os resmungos da Emily enquanto tentava limpar as lágrimas descontroladas, e os sons de animação quando descobriu o pai ali. Em um segundo eu estava sozinha com a minha tristeza, no outro o quarto foi invadido por duas renas felizes. Comprei até esses arquinhos, esperando tirar fotos.

—Repete o que você disse. — ele falou com ela.

—Papá.

A felicidade dele se esvaiu quando me olhou.

—Oh não, Emy. O que aconteceu com a mamãe? Acho que ela precisa de cócegas.

Ela bateu palmas, e ele veio me torturar com o método. Tentei não rir, mas era impossível.

—Acho que te devo um pedido de desculpas. Me desculpa por não ter conseguido chegar a tempo, e ter feito com que você guardasse todo o almoço sem encostar nele. Queria ter te acordado com biscoitos, te ajudado com o almoço, aberto os presentes com vocês ainda de pijamas, e ter curtido essa data perto das pessoas que mais amo.

—Tá tudo...

—Não tá tudo bem. — me interrompeu — Se estivesse você não estaria chorando.

Amor Interceptado - Série Endzone - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora