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Marianne - passado

Ninguém nunca se preocupou comigo antes, e justo hoje que eu queria que o mundo explodisse todo mundo resolveu se preocupar. O fato de ter decidido que não iriam me machucar mais não muda o de que já estou machucada.

—Você está bem? — uma garota da aula de anatomia me perguntou.

—Tão bem que vou enfiar o bisturi na próxima pessoa que me perguntar isso.

A aula de hoje era sobre o coração. O professor não falou nada sobre o porquê do peito parecer tão apertado quando alguém nos fere emocionalmente. Esperei encontrar um "eu avisei" dentro do órgão, porquê apesar dele ser tarjado como o "burro", não era mais do que eu. Me distraí com o pensamento e cortei minha mão, o que me levou imediatamente para a enfermaria. O cara que estava lá cuidou do corte e me olhou.

—Você foi burra de ter feito isso, vai doer para caramba. — a ambiguidade da frase foi sal na ferida interna que doía mais que este corte.

—Obrigada por só me avisar agora.

Saí de lá e esbarrei em quem? No inferno na terra. A líder de torcida do futebol da universidade.

—Você deu pro Moore?

—Desculpe-me?

—Sexo, você fez sexo com ele?

—Sim, mas...

—Vem comigo. — não me deixou terminar, me levou para uma sala cheia de garotas tristes.

—Gente, essa é a Marianne, a última e principal conquista do Sebastian. Principal porquê ela é feia, não sabe ler, escrever ou fazer contas, ou seja, é inútil. Vamos fazer a Marianne falar o que ela fez então, porque se ela conseguiu, nós também conseguiremos!

Presente

—Eu tive que inventar uma história para sair dali. Elas me fizeram contar os detalhes depois de algumas agressões, e a parte verdadeira gritava e ria de mim na minha cabeça, as notas de dinheiro dançavam diante dos meus olhos, então eu disse que você me pagou porquê queria perder a virgindade, e elas nunca mais falaram comigo.

—Dói demais saber que você passou por isso sozinha, e por minha culpa.

—Eu teria passado de qualquer forma.

—Não com o peso do fardo que joguei nas suas costas. Eu tenho que te contar uma coisa, há uma verdade nessa história. Eu era virgem. Mas não te usei pra perder nada, foi a noite mais bonita da minha vida, o final veio a calhar porquê achei que seria mais fácil pra você seguir a vida sem um cara que não poderia estar quase nunca com você. Nada expressa o tamanho do meu arrependimento. Você sempre foi meu docinho, foi um erro jogar uma calda de limão sem açúcar sobre tudo.

—Nunca consegui ficar com outro cara, tinha medo de ser rejeitada novamente, ou de que apagasse as lembranças boas.

—Só fiquei com a Indiana além de você, uma vez, e nem rolou nada demais. Achei que tentar fazer com outra amiga me faria sentir normal. Me senti pior, e ainda entrei no circo que é a família dela.

Esfreguei minhas costas no peito dele amando o contato, e me perdi no abraço.

—Vocês ainda se falam?

—Você tá brincando? Ela me faz criar um relatório diário sobre o seu estado de saúde, pergunta se você está gostando de morar comigo, se precisa de alguma coisa que só mulheres podem ajudar. Todo. Santo. Dia.

—Eu gosto dela, isso era o que mais me irritava. Eu deveria odiar ela, mas nada permitia que o sentimento entrasse.

—É impossível odiar a Indiana. Acredite em mim, eu já tentei muitas vezes. As pessoas que a odeiam se agarram à motivos inexistentes para fazê-lo. Mas ela sabe deixar alguém irritado, ah, ela sabe.

Amor Interceptado - Série Endzone - Livro 2Where stories live. Discover now