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Minha menininha,
Você foi e roubou meu coração e fez dele seu.
(My Little Girl - Jack Johnson)

Marianne

Dizer que estava me acostumando a ter o Sebastian tão pouco em casa seria uma grande mentira. Com a temporada a todo vapor, ele quase nunca estava aqui. Escapava algumas noites para dormir comigo, e essa em especial a companhia dele foi ótima. Porque eu estava morrendo. Muito enjoo, muito calor, muito frio, muito tudo.

—Não acha melhor ir ao hospital? — ele perguntou preocupado.

Era meados de setembro, na cidade estava começando a ficar frio de verdade. O outono estava batendo à porta, e já soprando o que seria o inverno.

—Não. Só fica aqui comigo.

—Você está doente, docinho. Me diz o que fazer então.

—Me abraça. — o calor dele era a única coisa que me esquentava.

—Assim está bom? Abraços de amor curam doenças?

—Curam. Nunca senti tanto frio assim.

—Não é coisa da gravidez?

Eu ia dizer que podia ser do trabalho de parto, mas desisti. Faltavam dois meses para a data ainda, e ele não precisava ter esse tipo de preocupação, pegaria um avião de madrugada para um jogo amanhã.

—Acho que sim.

Ele me beijou devagar, claramente preocupado.

—Você vai me ligar qualquer coisa, não vai? Promete?

—Prometo.

—Bom. O que acha de um banho? Pode melhorar seu frio.

Aceitei. Ele entrou na banheira comigo. Senti uma dor muito forte, mas não falei nada. O problema com a Indiana perdurou mais que o esperado, e ele acha que qualquer dor que sinto é um aborto.

—Eu adoro ver o quão linda a gravidez te fez. — mentiu, porque eu estava uma merda. Cabelo embaraçado, olheiras evidentes e cara toda amassada pelo tempão que durmo.

—Seu voo sai que horas?

—Meia-noite. Tenho que treinar amanhã ainda.

—Você sai às 23:00 então?

—É. Pode me ligar na hora que for, ok? Eu volto correndo.

Era daqui uma hora. Uma hora que passou rápido. As dores iam e vinham, e inerte nelas acabei não contando. De repente eu estava chorando e sozinha. Doía demais. Pensei em ligar para o Zack, mas ele estava dormindo já. Liguei para o Juan, o obstetra do hospital de Lincoln, e ele atendeu em dois tempos.

—Ei gata, já enjoou do jogador? Quer voltar pra cá?

—Juan, — chorei — acho que estou morrendo.

—É com o bebê?

—É. Tô sentindo muita dor nas costas, muito enjoo, e parece que meu quadril vai quebrar. O bebê está vivo, não para quieto. E... — uma dor muito forte me atingiu — chega, estou morrendo, isso é tudo.

Amor Interceptado - Série Endzone - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora