1. Me Diga Seu Nome

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Pé direito, inspiração. Pé esquerdo, transpiração. O ritmo das passadas veloz, o Nike Air Force batendo contra a calçada. Um dois. Três e quatro passos sendo dados enquanto o rock tocava alto nos fones de ouvido. A pouca claridade indicando o recém início do dia acinzentado em Nova York, as nuvens cobriam o céu à medida que o vento gelado chocava-se contra meu corpo, corpo esse que trajava uma calça moletom cinza, o tênis de mesma cor e uma blusa de manga fina e comprida branca da adidas. Timidamente pingos de chuva começaram a molhar minha pele suada.

Olhei ao redor do quarteirão, quarteirão esse que ficava a três quadras de meu apartamento, a chuva em um piscar de olhos se engrossou. Uma livraria, um parque, um prédio espelhado na outra extremidade da avenida. Uma Starbucks. Ótimo, acelerei a corrida chegando a porta do estabelecimento, o cheiro de café invadiu-me e um sorriso brotou instantaneamente, observei a minha volta deveriam ter ao máximo cinco pessoas ali, sendo duas dessas um casal aparentemente apaixonado sentados no balcão. Quando me aproximei do mesmo uma jovem mulher loira de pele clara e olhos esverdeados veio até mim.

_ Posso ajudar?

_ Oh sim, quero um Chocolate Frappuccino, por favor.

_ Fica pronto em um instante. - Respondeu sorrindo.

_Obrigada.

A funcionária não respondeu, apenas deixou o recinto e se pôs a fazer a bebida quente. Apesar da corrida, nutro uma paixão por bebidas quentes. Um casal ao meu lado se levantou deixando o estabelecimento, na extremidade sul do café haviam um grupo de garotas adolescentes engajando uma conversa animada, próximo a janela um senhor e uma senhora conversavam cumplices, a porta do local se abriu e senti um delicioso perfume doce, algo parecido com morango e refrescância .

_ Sua bebida senhorita. - a loira disse antes que pudesse me virar e ver a dona do perfume. - Deseja algo para acompanhar?

_ Sim, um muffin de chocolate.

A garota então foi atender meu pedido deixando-me novamente sozinha, olhei toda extensão do café procurando pela nova cliente. Na primeira mesa a minha esquerda uma loira falava ao telefone gesticulado com as mãos de uma maneira irritadiça. Tomei um gole do café a loira levantou-se de repente colocando a bolsa na cadeira ao lado sentando-se de frente para mim. Olhos azuis claros, nariz fino, lábios delicados com uma pequena pinta acima deles, pele levemente bronzeada. Seu corpo definido e cheio de curvas trajava um vestido branco de mangas longas, possuía um tecido de alta costura.

_ Senhora o muffin.

_ Obrigada. - respondi no automático.

Quando me voltei para a loira novamente ela balançava a cabeça em negação enquanto ouvia o que a pessoa do outro lado da linha falava, seu olhar saiu da mesa e se voltou para mim. Desviei o meu na hora. Comecei a me deliciar com o pequeno bolinho enquanto terminava o café, sem que pudesse me conter a olhei novamente. Dessa vez ela tinha seu olhar fixado no meu impossibilitando-me de desvia-lo, não sei ao certo quantos segundos se passaram até o momento em que a de olhos claros sorriu para mim. Sei que quando aconteceu eu senti um leve desconforto no estomago, parecido com aqueles que temos quando andamos de montanha russa, o frio na barriga. Sorri levemente para a loira que desviou o olhar e continuou com a conversa. Voltei a encarara-la como se dependesse disso, como um magnetismo visto tamanha beleza que ela possuía, agora ela mantinha um olhar triste, com seus azuis opacos enquanto falava ao celular, não sei em que instante me dei conta, mas a mulher chorava no momento em que a conversa se dissolvia. Eu não era a única a observa-la nesse instante, algumas pessoas olhavam com pena para a de olhos azuis, meu olhar não como o deles. Era um olhar talvez tão triste quanto o dela, talvez seja coisa de poeta, o sentimentalismo. A loira desligou o telefone e então olhou a sua volta. Quando direcionou seus olhos para mim sorriu fraco.

Terminei finalmente de comer o muffin enquanto a loira tentava se recompor, em um instante de loucura fui até sua mesa e estendi um papel que peguei no balcão para servir de lenço. Estendi para loira.

_ Obrigada. - segurou o papel.

Quando seus dedos tocaram os meus senti uma espécie de corrente elétrica.

_Posso me sentar? - a loira me olhou com receio. - Tudo bem não é como se eu fosse uma pervertida.

_ Bom se você fosse também estou acostumada a lidar, sente-se.

_ É uma policial? - disse enquanto me sentava e a loira soltava uma gargalhada. - O que foi? policiais lidam com pervertidos.

_ Sim eles realmente o fazem, mas respondendo sua pergunta: não. Sou uma atriz.

_ Caramba que legal.

_ Pornô. - disse com um sorriso divertido.

Encarei a linda mulher sentada a minha frente tomando calmamente seu chá.

_ Bom isso é ainda mais legal. -Ri.

A loira me encarou com o cenho franzido.

_ Sério? - assenti. - Nada de piadas idiotas, insultos ou pedido de autografo?

_ Não. Espera, você dá autógrafos?

_ Hum o tempo todo. Tem certeza de que não me conhece? - perguntou a de cabelo claro.

­_ Eu não costumo ver pornô.

A garota riu.

_ Claro alguém como você não deve precisar.

_ Alguém como eu? - Perguntei.

A loira sorriu e ajeitou o cabelo, o lugar agora estava mais agitado devido ao horário estar próximo as nove, as nove geralmente algumas empresas e derivados tem um tempo de intervalo.

_ Sim, bonita e inteligente. - Corei. - E fofa.

Sorri fraco tentando voltar à cor normal.

_ Por que estava chorando?

_ Eu adoraria te dizer em um outro momento, tenho que trabalhar agora. - imagens dela em seu emprego passou pela minha mente. - Eu sei exatamente o que pensou.

Rimos.

_Me deixar saber o motivo de seu choro, posso lhe pagar um jantar o que acha? Duas desconhecidas se conhecendo...

_ Esta tentando me levar para cama?

Engasguei-me na saliva.

_ Não! - disse em meio a tossidas enquanto a mulher ria. -É apenas um jantar.

_ Tudo bem me dê seu telefone e então penso se te ligarei ou não.

Anotei meu numero no guardanapo e entreguei a ela, quando nos despedimos e ela estava para sair segurei em seu braço. Uma onda de calor devido a proximidade.

_ Me diga seu nome.

_ Eliza, e o seu?

_Alycia.

_ Tenha um bom dia Alycia.

Ela sorriu e me fitou por alguns instantes deixando que eu analisasse melhor seu rosto delicado, então sorriu timidamente e saiu me deixando com um sorriso idiota em pé no meio da Starbucks. Na corrida de volta para a casa a loira esteve constantemente em meus pensamentos, espero que a noite chegue logo para receber sua ligação, ou não.

Counter Words - Clexa AU Where stories live. Discover now