32. Novos Ares

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Eu sei que não escrevo a muitos meses. Posso deixar uma nota em algum momento, mas por hora só tenho esse cap a oferecer.

O fim da fic está perto terminarei em dois ou três Caps no máximo. Espero que gostem.

Alycia Debnam Carey Pont of view

Três meses depois

Bati meus olhos no solitário banco,  sua tinta gasta branca, falhada em alguns cantos deixando a madeira clara à mostra, dava-lhe um ar pacífico, sua posição isolada no parque por sua vez o deixava sombrio, a grama verde se estendia até se perder de vista, haviam árvores e arboretos ao longo do parque, o conjunto de tudo me passava a sensação de solidão, calmaria, privacidade, e o que deixava o lugar realmente fascinante, era os desenhos das sombras das árvores no chão, que junto ao sol morno da tarde, o céu alaranjado e as duas coisas no mundo que eu mais amava, me deixavam incrivelmente relaxada, satisfeita e feliz. Eu terminava um trabalho no notebook, mas hora ou outra, me pegava observando Eliza correndo atrás da pequena criatura saltitante. Maggie parecia muito satisfeita em subir e descer várias vezes no escorregador. Eliza gargalhava de como parecia impossível a missão de subir pelo lado onde se deveria escorregar.

Pelo que eu imagino cerca de uma hora elas ficaram nisso. Foi mais que o suficiente para terminar a reportagem do mês e o projeto pessoal que vinha trabalhando. Não demorou muito e Eliza se sentou ao meu lado com Maggie em seu colo. Ela colocou seus lábios no meu e se demorou um pouco mais ali. Paramos somente quando o ruído triste de Meggie soou. A filhote de Golden Retriever era ciumenta, e como seu amor era direcionado a nós duas, seu ciúme se transformava em tristeza por não saber a quem recorrer.  A loira sempre ria desse barulho e não foi diferente dessa vez. 

_ Ela realmente não cansa nunca.

_ Parece alguém que eu conheço. - Levantei a sombrancelha sugestiva.

Eliza acabou rindo e dizendo que eu nunca reclamava. Bom, eu não era idiota pra fazê-lo, realmente amava seu apetite sexual. As coisas andavam realmente corridas nos últimos meses, Estávamos procurando por uma casa para morarmos, Eliza se desfez de seu apartamento e passou os dois primeiros meses morando comigo, quando finalmente encontramos uma casa a pouco mais de quinhentos metros desse parque, decidimos que seria o lugar perfeito. Era um bom bairro e a casa era espaçosa, tinha quatro quartos, dois com suítes, um de hóspede e outro que estava vazio sem que soubessemos como ocupa-lo, um jardim,em frente a casa, cujo estava cuidando pessoalmente para Eliza, uma piscina, sótão e garagem com três vagas. Ainda estava tudo muito vazio, já que decidimos vender todas as mobílias e refaze-lâ conforme a nova casa demandava. O quarto vazio cujo falará, estava vazio somente na cabeça de Eliza, eu tratava de montar um estúdio para trabalho ali.

Pouco mais de um mês depois que Eliza assinou sua demissão definitiva, contei meus planos sobre compor para ela. Ela gostou da ideia e pediu que lhe mostrasse, o fiz e o resultado ficou realmente melhor que o esperado. Ela e Marie fizeram a melodia da música juntas, quando eu ouvi pela primeira vez tive plena certeza que isso daria certo. Investi o restante do dinheiro da venda de meu apartamento e uma quantia que eu vinha economizando no estúdio. Nesse meio tempo Maia encontrou uma filhote abandonada na porta de seu prédio, a coitada estava muito magra e latia toda noite sem parar, a cidade começava a dar indícios da aproximação do inverno, Maia se comoveu e recolheu a cachorrinha para si. O que não durou muito porque seu condomínio não permitia cães. Ela mostrou a filhote para Eliza que se apaixonou no mesmo instante, batizou a cadela duas horas depois de conhecê-la. No dia seguinte fez questão de ir em um pet shop e gastar dinheiro suficiente para criarmos nosso filho até os sete anos de  idade, só que com a cachorra, não duvido que ela viva com mais mordomias que eu.

Chegamos em casa por volta das dezenove horas, no caminho passamos em um Mac Donalds e compramos nossa janta, desde que nos mudamos algo na nossa disposição de fazer comida e ir pro fogão mudou, ou comiamos fora ou sobreviviamos de delivery. Eu gostava disso. Simplesmente nos sentamos na cama, abriamos as embalagens e devoravamos boas comidas. No conforto de casa, com a nossa privacidade, intimidade, nossos beijos, brincadeiras (geralmente envolvendo nós abrindo a boca cheia de comida mastigada) com nosso amor, em nossa bolha e uma bola de pelos nos nossos pés. Maggie nos fazia companhia durante todo o tempo em literalmente tudo. Era impossível tomar um banho em paz sem que a cachorra estivesse sentada sobre o vaso sanitário, com a tampa abaixada óbvio, caso isso não acontecesse, a Golden simplesmente latia, uivava, batia suas patas e choramingava, quando uma de nós esqueciamos ela pro lado de fora do banheiro. Sim, era realmente uma companhia para todas as horas sem exceções.

Eliza tinha conseguido um trabalho em uma outra produtora, ela tinha uma boa formação no que dizia respeito a comunicação e artes, o que era um ramo muito extenso, ela trabalhava como roteirista, editora e algumas vezes diretora em uma emissora local que produzia documentários, filmes, reportagens e tudo que um canal precisa para funcionar. As vezes eu cedia algumas matérias do Times para que ela cobrisse e pegasse experiência em dirigir documentários, não era sempre porque óbvio que a Times não ganha tanto com isso.  Mas estávamos levando tudo de um jeito melhor que o esperado.

_ Amor, adivinha só?  - Ela chegou abanando uma caneta branca  parecida com um teste.

_ Você está grávida?

_ Que? não! - Ela disse realmente séria e depois riu se dando conta que isso era impossível ente nós. - Mas é sério, sabe quem me ligou?

_ Ainda não tenho bola de cristal.

_ Aí sua grossa! - Eu ri. Amava ser grossa de propósito só para ver sua expressão de manhã. - A Marie, ela disse que mostrou nossa música para um conhecido dela, que é dono de um pub, e ele nos convidou para fazermos um  show acústico lá. Ele disse que era para prepararmos um repertório, caso nos interessasse, e que o pagamento seria razoável.

Eu me levantei para abraçar seu corpo que me recebeu bem. Eu estava realmente feliz, tinha certeza que isso daria certo. Eu poderia apostar tudo em seu talento, afinal tinha certeza que uma hora ou outra ela seria reconhecida por ele.

_Isso é incrível amor! Eu tinha certeza que algo assim iria acabar acontecendo.

_ Porque tinha certeza?

_ Porque é sua vocação, você é melhor nisso do que no sexo. Vindo de mim isso é realmente sincero.

Ela riu.

_ Eu tenho uma coisa pra te mostrar, venha.

Caminhamos em direção ao quarto onde estava o estúdio, praticamente finalizado, peguei as chaves e o destranquei revelando os equipamentos, a isolação acústica, toda aparelhagem, o vidro separando a cabine de gravação e de mixagem, estava realmente bom e profissional.

_ Você pode escolher seu repertório aqui, posso te mostrar algumas outras coisas que andei escrevendo, tem um violão, guitarra tem tudo que você precisa aqui.

Toquei o ombro de Eliza que estava de costas para mim, logo a minha frente completamente estancada no lugar, virei-a de frente e me encantei em ver seu olhar, transbordava tanto afeto e alegria, poucas vezes tinha visto esse brilho.

_ Ah meu Deus eu te amo tanto! - Ela disse com a voz meia embargada.

_ Eu amo muito você.

Ela riu e me xingou por ter escondido por tanto tempo, depois disso me deu um beijo quente e sincero, que com certeza acabaria em algo mais, se não fosse por um intruso abanando o rabo e latindo entre nossas pernas.

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