25. Preciso Que Conheça Meus Pais.

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Alycia Debnam Carey POV

A primeira coisa que vi assim que abri os olhos foi um quadro renascentista que minha mãe insistirá em colocar no meu quarto, era peculiar e um tanto estranho , mesmo para mim que apreciava qualquer tipo de arte, quando olhei para baixo só conseguia ver os cabelos loiros e bagunçado de Eliza,  seu rosto ficou apoiado no meu ombro direito, sua mão direita estava no meu abdômen e a outra jogada para o outro lado de seu corpo,  dormia maior parte em cima de mim do que propriamente na cama. Olhando aquela posição não parecia nada confortável, visto que ela parecia estar sufocando entre meu ombro e os travesseiros. Com máximo esforço virei meu corpo sobre o dela, fazendo ela ficar deitada corretamente na cama, ela resmungou alguma coisa mas não ousou acordar. Sua expressão serena denunciava o quão cansada ela deveria estar. Fiquei ali apreciando a imagem, e se pudesse eu facilmente colocaria ela no lugar do quadro na parede. Dei um beijo em seus lábios que curvar-se um pouco fazendo um biquinho fofo.

Fiquei finalmente de pé e senti dois ou três ossos estalando, mostrando que no fim das contas eu não estava muito diferente da loira. Tomei uma ducha rápida fazendo a higiene no banho e vestindo uma roupa confortável. Optei por uma blusa de manga cinza lisa, e um short preto. Sai do quarto sem fazer muito barulho e estranhei o silêncio da casa, Marie sempre acordava muito cedo, não importa as circunstâncias, ao que ela mesmo dizia seu relógio biólogo nunca falhava.

Procurei por toda casa e não as encontrei, talvez elas estivessem na praia ou algo assim. Comecei a preparar um café para mim e Eliza, já que ela se mostrava um cozinheira pior a cada tentativa. Quando estava prestes a abrir a geladeira para pegar água vi um bilhete com a caligrafia de Marie. Franzi o cenho tentando decifrar o código morse que era a letra.

Tivemos que voltar a Nova York, Lindsey ao que parece teve uma emergência no trabalho, eu não quis acorda-las. Desculpe por isso, espero compensar vocês pagando um café quando estiverem de volta. Beijos se cuidem.

PS. Usem camisinha!

Apesar de triste acabei rindo das merdas que Marie sempre falava. Me veio um aperto no peito enorme em recordar dos meus próprios comportamentos em relação à Lindsey, me pareceu tão certo aquela aproximação repentina que tivemos, e toda sensibilidade e companheirismo que tinha com Marie foi brutalmente ignorado por mim, e a maldita tentação não me deixou pensar em todo o resto. Se não fosse por Eliza abrir a porta daquele jeito eu teria beijado Lindsey. Mas isso tudo é passado agora, e o que eu posso fazer para mudar isso é me manter longe da cinegrafista.

Depois de meia hora em média eu terminei o café e deixei tudo sobre a mesa, esperando por Eliza. Se Lindsey tinha uma emergência no trabalho isso com certeza significava que Eliza também deveria ter, o  que me levou até nosso quarto para arrumar nossas malas. Eu sabia que esses dias longe do Jornal, longe de casa, longe da pressão que meus pais faziam sobre mim, tinham sido revigorantes de certo modo. Por outro lado se antes de ter vindo eu me via em um beco sem saída quanto meus sentimentos a Eliza, agora  situação parecia realmente preocupante, eu não seria capaz de abrir mão dela. Eu não seria idiota de fazê-lo, não seria insensível, porque isso acabaria não só com ela mas comigo. Tudo o que eu precisava fazer era enfrentar meus pais, ajudar Eliza a se encontrar, mesmo que fosse dentro da indústria pornô, eu realmente não me importaria, contanto que as coisas não machucassem ela da maneira que vinha o fazendo.

Enquanto terminava de dobrar as roupas encontrei sua camiseta branca de dormir que ela amava, foi instintivo levá-la até meu nariz e inalar o perfume maravilhoso que ela tinha, não a fragrância que ela usava, e sim o cheiro dela propriamente dito. Decidi dobrar a peça de roupa e guardá-la antes que fosse pega no flagra. Quando faltavam duas ou três peças de roupas Eliza acordou, resmungando e se espreguiçando com um jeito fofo.

_Oi. – Disse com a voz muito mais rouca que o habitual.

_Bom dia.

Me limitei a continuar guardando as coisas enquanto esperava ela acordar totalmente, fui para o banheiro pegar os perfumes e cremes que estavam ali.

_Por que está fazendo nossas malas? – Ouvi ela falar alto do quarto.

Sai com todos os produtos e coloquei todos dentro da bolsa de um jeito que nada iria se quebrar.

_Lindsey teve que ir embora, ao que parece aconteceu alguma coisa no estúdio. Você deveria ligar. Achei melhor fazer nossas malas.

_Ah. Obrigada, eu vou ligar e ver o que está acontecendo.

Eu assenti e separei uma calça jeans e uma camisa de seda para Eliza vestir no intuito de já ficarmos pronta para irmos depois do café. Me troquei colocando uma calça e jogando uma jaqueta preta por cima da blusa que já estava. Sai com duas malas e fui para fora da casa, destravei o carro e coloquei as duas malas, dando mais duas viagens porque Eliza realmente tinha trago malas para passar um ano inteiro.

_Você fez tudo isso? – Apontou para a mesa farta assim que entrei na cozinha.

_Sim. – Disse enquanto me sentava na cadeira ao lado da dela. – Você ligou?

_Sim. – Disse com a boca cheia me fazendo sorrir. – Parece que eles estavam sem nenhum diretor e decidiram usá-la. De qualquer modo eles me querem lá amanhã bem cedo.

_Pensei que você tivesse duas semanas livres.

_E tinha. Eles são imprevisíveis.

_Qual foi a última vez que tirou férias? – Perguntei realmente curiosa.

_Não me lembro disso acontecer desde que tenho 18.

_Você sabia isso não se encaixa nas leis trabalhistas não é?

Ela riu. 

_Não é como se fizesse alguma diferença. Eu não tenho “carteira assinada” – Fez aspas com os dedos. – Eu tenho um contrato. Mas é como se ele mal existisse, e quando existe mão beneficia a mim.

_Por que? Você não tinha um advogado na época?

_Eu não tinha nem uma casa para morar na época Alycia. – Disse incomoda.

Suspirei e me limitei a assentir querendo acabar com aquele assunto.

_É um contrato de merda! Mas eu era imatura na época.

_Posso ver esse contrato algum dia?

_Ahan. Terminou seu café? Porque eu realmente não quero passar o dia todo na estrada.

Eu não tinha comido mas não é como se estivesse com muita fome de qualquer modo. Dei um beijo de bom dia descente em Eliza antes de entrarmos no carro.

_Eu escolho a trilha sonora! – Disse animada assim que entramos.

O resultado foi ouvir Imagine Dragons da costa de Nova York até o centro.

[...]

Já se passavam da meia noite  quando cheguei ao prédio de Eliza, decidimos que até a noite ela ficaria no meu apartamento para curtimos nossos últimos momentos das nossas folgas juntas.

_Então boa noite? – Perguntou pertinho de mim inclinada no banco do carro.

_Sim. – Respondi.

Ela me deu um beijo calmo, apenas lábios e nossas línguas nos momentos certos. Eu precisava dela, eu queria ela como nunca quis ninguém, nenhum medo mudaria isso.

_Preciso que você conheça meus pais. – Sussurrei com nossas bocas ainda coladas.

_Hum?

_Quero te apresentar oficialmente para meus pais. E nada que você diga vai mudar isso, nada Eliza.

Olhei em seus olhos deixando claro que era meu ultimato.

_Você me pega que horas?

_Amanhã as sete? Tudo bem?

_Sim e não. Mas estarei pronta. Agora preciso ir. Te amo.

Ela disse e me deu um selinho saindo do carro sem me deixar responder.

_Eu também. – Disse para o silêncio do carro enquanto manobrava.

Bom, se eu não morrer amanhã as sete da noite, me considero a pessoa mais feliz do mundo.

Counter Words - Clexa AU Where stories live. Discover now