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CAPÍTULO 15. O que não queria ver
“POR QUE VOCÊ ACHA que ele voltou com a Yuna?”, Hani perguntou, esparramada no meu sofá. Eu desisti de pedir a ela que arrumasse a postura, então apenas tentei prestar atenção em outra coisa além dos pés dela sobre a minha mesa de centro.
“Já fazem duas semanas desde que saímos juntos. Duas semanas desde que ele sai sem me falar nada e volta tarde”, suspirei. “E ele está tocando com menos frequência, o que eu nunca vi acontecer antes.”
Hani levantou as sobrancelhas, também surpresa pelo que contei. Se ela achava aquilo estranho, eu, que morava com Chanyeol, sabia que a situação era preocupante. Não era fácil observar ele chegar no apartamento calado, como se carregasse um peso desnecessário nas costas; nem vê-lo levantar os ombros quando eu perguntava algo. Às vezes tínhamos dias bons, mas eles não duravam muito. Para ser sincera, aquilo estava doendo mais do que eu imaginava.
“Você acha uma boa ideia espioná-lo hoje?”, Hani disse, soltando a ideia no ar.
Eu pensei por algum tempo. Hipoteticamente, eu já havia feito de tudo para que ele se abrisse comigo e não havia funcionado. E Chanyeol não estava bem, o que me preocupava um bocado. Meu coração ficaria bem mais aliviado se eu descobrisse o motivo.
“É uma ótima ideia, Hani”, respondi, fazendo a minha amiga abrir um sorriso travesso.
O relógio marcava seis horas em ponto quando eu e Hani vimos Chanyeol passar na frente do prédio. Ele vinha da faculdade e carregava o violão nas costas, dentro da capa preta que eu o havia dado de presente no último natal. Vendo-o usar aquela capa me fez sorrir, por algum motivo.
Hani apagou meus pensamentos assim que pegou na minha mão e me fez acompanhá-la por trás das árvores que víamos no caminho, evitando estar no campo de visão de Chanyeol — o que não era tarefa difícil, já que ele era muito distraído.
Os meus batimentos estavam enlouquecidos, afetados pela adrenalina. Não era grande coisa, mas eu não queria que ele ficasse com raiva. Chanyeol já estava tão distante de mim nos últimos dias que o pensamento de a distância aumentar embrulhava o meu estômago. A única coisa que eu queria era saber o que o deixava triste. Eu merecia saber.
Os passos de Chanyeol diminuíram quando ele chegou na frente da escadaria de um parque. Cuidadosamente, ele colocou a capa com o violão sobre um dos degraus e ficou lá, esperando, enquanto eu e Hani tentávamos entender o que acontecia.
Aquele não era só um comportamento estranho do tipo Poxa, eu encontrei a minha ex namorada e fiquei chateado — e agora estou deixando meus amigos preocupados. Tinha algo mais ali.
Não levou muito tempo para entender o que havia de errado quando Yuna chegou, usando um dos seus vestidos elegantes de cetim, crispando os lábios cobertos de gloss vermelho. Daquela vez, eu não consegui olhar para Hani. Estava decepcionada e curiosa demais.
