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CAPÍTULO 18. Por que tão óbvios?
CHANYEOL LIGOU PARA Suho, Sehun e Baekhyun, e eu chamei Hani; tudo com a desculpa de que iríamos fazer uma noite de jogos. A sala foi arrumada de uma maneira formal, como se fosse uma audiência da justiça — a TV no meio, nosso juiz final, que decidiria a pena pelo crime de… confiar na Yuna? Bem, de qualquer forma, nossos amigos chegaram um seguido pelo outro. O último, como sempre, foi Baekhyun.
“Eu disse à Taeyeon que queria falar com vocês hoje: eu tenho uma notícia que está prestes a explodir! E ela perguntou: 'Baek, você não tem piedade das pessoas?', e eu respondi que eu não sou Deus, então…”, ele parou no meio da fala e fixou o olhar na turma toda. “Alguém morreu e não me avisaram?”
“Não”, respondi, “mas está prestes a morrer. Devem estar se perguntando porque os reunimos aqui. É uma coisa importante, então espero que entendam a razão de termos escondido de vocês por algum tempo.”
Fiz o que teria sido uma pausa dramática se Sehun não a houvesse interrompido com asl seguinte informação: “Você e o Chanyeol estão namorando”. Minha boca fechou. Porém, aparentemente, Hani, Suho e Baekhyun não estavam tão chocados, pois todos balançaram a cabeça para cima e para baixo. Yeol arregalou os olhos e me fitou. Sehun continuou: “Vocês acham que nós somos cegos? E burros? O Suho pode ter uns problemas de interpretação, mas, ah, por favor.”
“Eu não tenho problemas de interpretação…”, Suho murmurou, fazendo beicinho.
“Vamos recapitular”, Chanyeol disse, estendendo os braços na horizontal. “Desde quando vocês sabem que eu e a Nana estamos namorando?”
“Tipo…”, começou Hani. “Desde que você comeu camarão e foi parar no hospital. A Nari te chamou de Yeol quando mandou mensagem para nós. Foi meio suspeito, principalmente quando o Chanyeol faltou ao mini-campeonato de Uno dos garotos e você perdeu uma sessão de Leonardo na TV no mesmo dia. Sem falar nessa tatuagem de vocês, ela meio que confirmou tudo.”
Eu sentei no sofá vazio e Chanyeol me seguiu. Hani deu de ombros como se não fosse nada, mas eu estava embasbacada pela nossa obviedade. Éramos os piores atores do universo. “Vocês nos deixaram pensar que estávamos fazendo um bom trabalho quando, na verdade, estávamos fazendo papéis de bobos?”, indaguei, sem coragem de olhá-los nos olhos.
“Sim, é meio que muito óbvio a esse ponto”, Baek debochou. Ele tinha um sorriso sarcástico no rosto — o de sempre —, e o restante dos nossos amigos ria sem culpa. “Mas era fofo ver vocês tentando.”
“Vocês fazem um casal lindo”, Hani sorriu. “Nem parece que implicavam um com o outro toda hora.”
Pondo a minha surpresa de lado e ignorando a minha vontade de dar um tabefe no pé da orelha de Baekhyun, eu contornei as sensações borbulhantes dentro de mim e decidi que a coisa mais importante no momento, então, era explicar sobre Yuna. “Ok, vocês já sabem. Mas não foi só para contar isso que chamamos vocês”, eu disse. Descrevi a cena de Yuna aos pormenores, dizendo que o programa estrearia naquela noite e o plano de Yuna era queimar a imagem tanto minha quanto a de Yeol, e nossos amigos ficaram embasbacados.
O horário do programa se aproximou tão rápido que nem percebemos quando chegaram as 18:00h. Chanyeol ligou a TV. Todos se viraram para ela. Apenas uma pessoa não aparentava preocupação: Byun Baekhyun. A abertura de Back to Me começou a tocar e era uma música do Zico. “Ótimo,” pensei, “o colapso da minha vida tem a trilha sonora feita pelo meu cantor favorito.”
“É nisso que dá vocês não me ouvirem”, Baekhyun disse, atraindo olhares. Suho fez ‘shh’ pedindo para que ele se calasse, mas Byun revirou os olhos. “Ninguém quis ouvir a notícia chocante que eu descobri antes de ir ao ar, mas era justamente sobre a Yuna”, e gesticulou para a TV.
“Nesse episódio de Back to Me: Yuna e famoso ator, Jeon Minho — casado com Kim Seoha —, flagrados aos beijos na semana passada! E nada disso estava no nosso roteiro!”, gritou a matéria escandalosa, fazendo todos nós prendermos um grito. “Câmeras da nossa equipe capturaram os pombinhos em um encontro em Jeju. Será que Yuna e Chanyeol têm forças para continuar com o relacionamento?”
“Deus sabe que não”, Chanyeol debochou, arrancando risadas. “Por que eles ignoraram a Nana e eu?”
“O Jeon Minho é um dos maiores astros atualmente”, Hani disse. “Eles devem ter visto isso como uma ótima oportunidade de manchar a imagem dele e se livrarem da Yuna em uma jogada só.”
“Aparentemente, ninguém da emissora aguenta mais a Yuna e o Jeon Minho quebrou um contrato com eles há algum tempo atrás”, Baekhyun explicou melhor. “Quem sou eu para contestá-los? A Yuna merecia um choque de realidade e esse cara um balde de água fria.”
Meus olhos se encheram de lágrimas rapidamente. Eu odiava chorar na frente das pessoas, mas tudo veio de uma vez só. Hani me abraçou de lado, perguntando: “O que foi, Nari?”. Minha resposta foi, apenas: “Vocês são os melhores amigos do mundo.”
Todos começaram a rir, até mesmo Byun. “Eu achei que iriam me odiar por esconder coisas de vocês e de causar essa bagunça toda”, funguei. “Não consegui resolver isso sozinha.”
“Você tem que parar de tentar arrumar a bagunça de todo mundo, Nari”, disse Hani. “Nós também podemos ajudar, se você der a chance.”
“É, você meio que tem uma tara por organizar as coisas”, concordou Suho. “Mas amigos são para isso: te ajudar em tempos difíceis. Pensar que iríamos abandonar vocês em uma hora dessas é insensível.”
O pessoal assentiu. Enxuguei meu rosto o melhor que pude, e meus amigos envolveram eu e Chanyeol em um abraço apertado e barulhento. Baekhyun, o primeiro a se desprender, foi até seu celular e voltou com o perfil do Chanyeol no Instagram aberto. “O Chanyeol está ganhando seguidores igual a uma celebridade”, informou.
Eu perguntei sobre a Yuna, pois, mesmo me sentindo aliviada por não ter sido exposta na TV, temi o ódio que seria direcionado a ela, pensando até mesmo em ajudá-la se fosse o caso — e se ela aceitasse a nossa ajuda, o que seria um desafio por si só. “A Yuna também”, ele respondeu. “Mas ela já é famosa, mesmo. O público adora drama, Nari. Ela vai ficar bem. E, se pensarmos melhor, ela cavou a própria cova ao ser tão soberba. É como eu digo: o karma tarda, mas não falha.”
Nas horas restantes, nós compramos salgadinhos e bebidas, bagunçamos a sala e espalhamos alguns travesseiros pelo tapete, tiramos do esconderijo o Uno de Chanyeol e jogamos as cartas pelo chão. A TV foi desligada, não queríamos nos preocupar com o programa naquela noite. Preferimos ocupar nossas cabeças com coisas mais importantes, como um jogo de cartas de dinâmica limitada.
Sehun ganhou quase todas as rodadas usando o cérebro estratégico; Suho confundia as cartas e as regras, então perdia sempre — Hani se dispunha a ajudar, mas tinha tão pouco interesse no jogo que preferia rir dos erros dele, assim como eu — e Baek se esforçou muito para não deixar óbvio que estava trapaceando. Chanyeol ficou emburrado por causa das inúmeras derrotas e resolveu fazer um lanche na cozinha. Minutos depois, ouvimos um grito agonizante vindo de lá.
