Capítulo 5

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Sem correção... 

Gabriela,

- Cadê o Gael, Gabi? – Havia três dias que ele havia partido e não se dera ao trabalho de ao menos ligar. Teria coragem de abandonar a menina por mais dois anos? Eu estava me dando bem com a Alessandra, que de arrumadeira havia ser tornado cozinheira, depois do falecimento da velha senhora que não cheguei a conhecer, e fora através dela que eu havia descoberto que o pai da menina ficara longe tanto tempo.

Outro tabu na casa, era a questão da mãe. Segundo a cozinheira, a mulher havia chegado uns quinze dias antes na fazenda, pronta para dar a luz, e ali permanecido até o dia do parto.

Fiquei horrorizada em saber que a mulher partira logo depois de ter a menina, sob ordem do patrão.

Um sentimento estranho percorreu minha alma e logo se instalou em meu coração. Que tipo de homem mandaria embora a mãe da própria filha, logo após o parto. Por acaso não sabe das implicações de trazer uma vida ao mundo?

Mas o que mais me choca é ver a forma como ele a trata. Frio e distante. Quem mais parece pai dela, é o Pedro.

Outro diz visitamos sua casa e pude entender. Ele e a mulher tem dois filhos, e um é recém-nascido. Ele sim é um bom homem, e um verdadeiro pai.

Abraço a Karol e sinto sua dor. Também fui criada sem um pai, e perdi minha mãe aos quatro anos. Tenho vagas lembranças de algumas músicas do passado. E nem posso afirmar que a voz da qual me recordo seja dela. Talvez de alguma das mães dos lares pelos quais passei.

Essas lembranças me trazem um misto de sentimentos. E uma das que mais ficaram marcadas, foi um grito que ecoa em meus ouvidos até hoje, quando no primeiro lar, a senhora, dona da casa, tirou seu marido de cima de mim.

Ele vivia dizendo o quanto eu era linda, e que adorava brincar comigo. Me colocava no colo e brincava de cavalinho. Mas naquele dia a brincadeira parecia diferente e eu nem tinha noção do que poderia ter acontecido. Só agora entendo. As vezes acordo com os gritos em minha cabeça, como se fosse real. Mas logo percebo que anjos a fizeram esquecer sua bolsa naquele dia de compras, fazendo com que ela voltasse para casa.

- Gabi. – Sinto a mão da Karol sobre a minha e a olho com carinho.

- Oi meu amor.... Senta aqui. – Puxei-a para meu colo e a abracei bem forte.

- O Gael sumiu Gabi.

- Não meu bem. – Como podia sentir falta de um homem como ele. – Ele deve estar chegando.

- A Jojô sumiu? – Eu odiava ouvir aquelas palavras vindas da boca de alguém tão indefeso.

- A Jojô foi morar lá no céu. – Ela se afastou de mim e olhou bem nos meus olhos.

- O Gael no céu? – Eu tentei sorrir acalmando a pequena.

- Não. O Gael vai vir de avião. – Ela colocou o dedo polegar na boca e encostou-se à mim. Notei que estava um pouco quente, por isso decidi colocar o termômetro. Cinco minutos depois, olhando para aqueles trinta e sete e meio, me detive pensando se seria caso de ligar para o patrão. Ele havia dito que não deixasse a situação piorar, mas eu tentaria resolver do meu jeito primeiro. Era capacitada para lidar com essa situação.

Fui com ela até a cozinha e procurei no armário, por algum antitérmico. E de posse de um muito indicado pelos médicos às crianças menores, eu mesma a mediquei. Caso não resolvesse a levaria ao médico.

De qualquer forma, assim que amanhecesse eu ligaria para o pai e lhe contaria sobre a febre, mesmo Karol estivesse melhor.

Preferi, levar a Karol para dormir em meu quarto. A noite era fria, e juntas poderíamos nos aquecer melhor.

DNA - Um lar para KarolyneWhere stories live. Discover now