Capítulo Trinta

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Gael,

- Posso falar com a Gaby agora papai? – Era noite. E a chuva começava a cair. Agora, com ela mais calma e mais descansada, não via problema algum em deixar que minha filha fosse visita-la.

Deixei que Karolyne dormisse para leva-la de volta ao seu quarto.

- Está melhor? – A Gabriela sorriu e se aconchegou em meu peito.

Apaguei as luzes e puxei as cobertas sobre nós. Eu queria que o pedido de casamento fosse um momento feliz para nós, mas se o fizesse agora, como era minha vontade, poderia colocar tudo a perder.

Quando o médico veio. A primeira coisa que disse ao me entregar os pedidos de exames, é que passasse por uma boa terapia. "Traumas desatam traumas. " Teria dito ele. Outra frase que não saia de meus pensamentos era sobre as dores da alma, "muito mais severas que as do corpo".

- Gael, está dormindo? – Não. Estava ali, cuidando para que ninguém a levasse embora.

- Não. – Tinha meus próprios medos. Minhas próprias dores, mas abria mão de tudo se preciso fosse, para cuidar das duas.

Eu fora um tolo culpando a Deus. Ele não tinha nada a ver com as atitudes dos seres humanos. Éramos livres para fazer o que bem entendesse. E se dois adultos não souberam se relacionar e preferiram me abandonar, a culpa era deles. E tenho certeza de que em sua infinita misericórdia ele tenha colocado um anjo chamado Joana em meu caminho.

Olhei para ela, e mesmo na penumbra pensei. Veja a Gabriela. Se tivesse tido a oportunidade de encontrar uma Joana em sua vida, não teria passado por tudo o que passou.

- Faz amor comigo? – Aquele pedido havia me pegado totalmente desprovido. – Tenho medo de que não me ame mais.

Virei-me e a abracei.

- Não precisa fazer isso meu anjo. Confia em mim quando digo que te amo.

- Eu confio em você. Só queria...

- Queria?

- Te sentir por completo dentro de mim. Saber que sou amada alma e corpo também.

Toquei seu rosto e só a beijei. Beijei com paciência, com alivio por tê-la novamente em meus braços. E a amei com tanta delicadeza possível para um homem como eu.

Eu perguntei se queria que eu parasse, uma, duas até três vezes. Ela não quis. Agarrou-se as minhas costas e se remexia debaixo de mim, todas as vezes em que eu tentava parar. Ela estava sofrendo e mesmo assim insistia. Depois entendi que queria exorcizar sua mente de todo mal vivido ainda a pouco.

Quando senti que ela chegava ao clímax, me joguei para dentro e para fora e enquanto meu corpo perdia o controle, sussurrei ao seu ouvido.

- Te amo, como nunca amei outra mulher em minha vida. – Era verdade. Não tinha porque mentir e nem porque ocultar meus sentimentos.

Dormimos aquela noite, protegendo um ao outro. Abraçados como se nada no mundo pudesse nos separar.

Assim que amanheceu, recebi o telefonema do delegado pedindo o comparecimento da Gabriela na delegacia.

Deixamos uma Karolyne relutante na escola e nos dirigimos para lá.

Dez minutos depois até eu tinha decorado as perguntas repetidas e as respostas sofridas da Gabriela.

- Como eu disse o senhor anteriormente, eu fui perseguida por dois homens e quando vi que eles iriam me pegar eu entrei na mata. – Claro que o delegado de posse dos documentos do homem, puxaria a ficha e logo descobriria a Gabriela, mas enquanto não tivesse a identidade do dito cujo, não precisava saber de nada.

DNA - Um lar para KarolyneWhere stories live. Discover now