Capítulo Vinte

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* Se não conseguir voltar hoje com o vinte e dois, amanhã de manhã posto.


Gael,

Eu nunca pensei passar por isso. E se algo acontecesse a ela.

- Não tenho sido um bom pai Pedro.

- Não fala besteira homem. – Parecia que o médico estava lá há uma eternidade e ninguém vinha me trazer notícias da Karol. – Às vezes, nem eu, sou tão bom pai como você. E vem me falar que não é bom pai?

- Olha tudo isso que tem acontecido em nossa vida companheiro. Acha mesmo que se eu fosse um bom pai, nossa vida estaria este caos? Ela não estava satisfeita comigo. Chegou a pedir que a mãe voltasse como presente de Natal.

- Tem nada disso não "sô". Criança é assim mesmo. Elas são inocentes. Querem algo e pedem. Mas sem intenção alguma de ferir o outro ou de que você não tenha bastado. A gente acompanha vocês e sabe que faz tudo o que está ao seu alcance para estar com ela.

- Talvez seja um castigo por aquele tempo que ande longe.

- Deus te conhece Gael. Ele conhece seu coração e sabe suas razões. Não vai ficar aí se culpando.

Eu não estava encontrando um lugar para ficar. De pé era agoniante e sentado era uma tortura.

- Toma isso Gael! – A Gabriela voltou da cantina com um copo de papel com café. Eu não queria, mas iria precisar. Tomei o líquido quente de apenas uma vez. Talvez assim eu conseguisse esquentar meu coração que estava gelado naquele momento.

Quando a porta se abriu, logo o médico passou por ela e nós fomos ao seu encontro.

- Transferência?

- Entenda, o estado de saúde ainda é considerado grave. Nós fizemos o atendimento emergencial, entramos com medicamentos e fizemos exames. Mas pelo estado dela, não podemos mantê-la aqui. Belo Horizonte poderá atende-lo melhor.

- Então prepare tudo doutor. Vamos assim que estiver pronto.

- O senhor tem condições de fretar um avião ambulância. Porque aqui não temos. Eles teriam que vir de BH e...

- Vamos fretar. Vamos leva-la em algum particular. Só resolva tudo por favor doutor.

Quando ele se virou eu pedi para vê-la. Não podia deixar de falar com ela primeiro.

Assim que ele me conduziu até lá, eu me arrependi. Mas tinha prometido à ela que não a deixaria sozinha. E ao menos essa promessa eu gostaria de cumprir.

- Meu amor. – Toquei seu rosto. Aparentemente não tinha escoriações, nem nada, além de um galo na cabeça. Mas se não acordava, era porque havia tido sérios danos internos e esses eram os piores. A Joana vivia dizendo que após cair nunca devíamos dormir. Ela tinha a impressão de que uma vez de olhos fechados não fossemos acordar novamente.

- O papai espera que você melhore logo. – Chorei sem vergonha alguma ali, ao seu lado. Que os médicos que passam por lá, ou os enfermeiros que cuidavam dos leitos ao lado se danassem naquela hora. Era minha filhinha que estava ali. Perdi noção do tempo, e quando a Gabriela veio me chamar, notei que os médicos estavam ali para arrumar a Karolyne.

- Gael, precisamos ir. Temos que deixá-los terminarem os procedimentos. – Sequei as lágrimas, beijei minha pequena e sai a contragosto dali.

A Gabriela falava algo sobre ter ido em casa, buscado roupas e documentos necessário, mas não ter achado dinheiro. Tudo bem, a gente pegava lá em algum banco.

DNA - Um lar para KarolyneDonde viven las historias. Descúbrelo ahora