Capítulo Vinte e Oito

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Gabriela,

- Não sabe o quanto eu esperei por esse momento! – Não sabia, mas imaginava. Suas últimas palavras, ou melhor, seus gritos foram a esse respeito.

Ele jurara que um dia nos encontraríamos novamente e que eu pagaria por tê-lo seduzido e depois denunciado como estuprador.

Enquanto me arrastava pelos cabelos, de mãos amarradas por mata adentro ele ia falando suas baboseiras.

- Mas hoje... Olhe para você. Perdeu o sabor. Não tem mais o gosto da inocência. E com certeza está usufruindo do que lhe ensinei para dar prazer a outro.

Eu queria colocar em prática, o que há muito venho exercitando. Não deixar com que suas palavras penetrem meus pensamentos.

Eu aprendi com o tempo, que enquanto ele ou alguém falava o que não me agradava, transportar meus pensamentos para outra dimensão. Assim, podia usufruir do meu corpo, mas não de meus sentimentos. Era como se me escondesse da dor. E não era a dor física que também era torturante. Mas o pior era a dor moral e sentimental. Mas dessa vez eu estava tão aterrorizada com medo do que ele pudesse fazer, que a técnica não funcionava.

- Não sabe quantas vezes me fez imaginar coisas que me levaram a outro mundo. Era tão pequena, - passou a mão por meu rosto. – Tão frágil. Não gosto nem de pensar que me dá vontade de gozar.

- Seu nojento. – Cuspi em sua cara. Ele simplesmente tocou o rosto e levou a mão a boca.

O que se passava em minha mente é que, ninguém nunca saberia a verdade e nem mesmo meu paradeiro. Calculando pelo quanto corri, devíamos estar a mais de uma hora dentro da mata.

Foi a única opção que tive tentando fugir desse desgraçado.

Estava com sede, com fome e toda dolorida pelos galhos que batiam contra meu rosto. Havia sangue em meus lábios e minha cabeça doía por tanta força que ele colocava nas mãos.

- Você era meu instrumento de excitação e por um tempo eu até consegui não colocar as mãos em você. Eu me excitava todas as vezes em que a via sair do banho com as meninas maiores. Me excitava vendo você trocar de roupa.

- Desgraçado.

- Não. Não. Tente me entender. Era mais forte que eu. Acabei perdendo o controle. E depois de você eu não consegui mais sentir desejo por mulheres adultas. Eu as via com tanto nojo. Não podia imaginar entrando em uma vagina imunda. Mas você... Era limpinha. Seios empinadinhos e nem sabia que ales biquinhos... - Quando ele passou a mão sobre mim eu pensei que fosse desmaiar. – Estivesse me fazendo tão bem na ocasião.

Eu queria gritar, mas tinha gritado por quase duas horas em seguida, e agora concluíra que não tinha mais jeito de ninguém me ouvir naquele fim de mundo.

Por fim, me jogou contar uma arvore e me fez sentar. Estava tarde e em breve escureceria.

- Você é um imundo que não tinha esse direito de me tocar.

- Diz isso, mas devia estar era agradecida. Eu te dei privacidade, não te humilhei na frente de ninguém. Mas não sabe o que meu padrasto me fez. Não tem noção de que quando eu era criança, ele me fazia chupá-lo diante dos amigos. E fazia com que eu fizesse sexo oral em todos eles, enquanto se embebedavam e jogavam cartas.

Dei vômito. Era nojento demais para ouvir sem sentir nada.

- E você não precisava repetir isso. Você não precisava continuar com essa história. – As lágrimas eram mais forte que meu desejo de o encorajar a me deixar ir. A entender que aquilo não era certo.

DNA - Um lar para KarolyneWhere stories live. Discover now