Capítulo Vinte e Seis

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Gael,

Dias mais tarde...

Eu já aguardava na escola nova. Não que eu tivesse chegado mais cedo para conferir de perto o lugar que a Gaby tivesse escolhido para que minha filha estudasse. Mas eu tinha outras tarefas a serem feitas na cidade.

Tinha que fazer encomendas de algumas botinas para o pessoal, e também compras para o estábulo. Mas fiz tudo o mais rápido possível para não perder esse momento.

- Eu vou! Eu vou! Para escola agora eu vou. – Eu reconhecia aquela voz, mesmo em meio a uma multidão.

Observei que as duas mulheres mais lidas do mundo atravessaram o portão. Estavam de mãos dadas, e a pequena saltitava pelo pátio imenso. A Karolyne cantarolava alegremente. Era seu primeiro dia de aula na escola nova.

Eu devia estar feliz com a animação dela, mas isso me preocupava. Ela não estava gostando de ter que mudar de escola, e deixou claro que não voltaria para lá, caso não gostasse dos colegas e professores. E hoje pela manhã.... Bum! Acordou cantarolando, como se quisesse ignorar a situação.

Quando me viu, abandonou a mão da Gabriela e correu ao meu encontro.

- Prometem que virão me buscar na hora certa?

- E quando foi que me atrasei? – Brinquei com ela assim que nos sentamos ao banco de pedra debaixo de uma arvore.

Até mesmo para mim, era assustador. Ela saía do ensino infantil para o fundamental. As mudanças eram radicais. A antiga escola funcionava em uma casa grande, e aconchegante, onde mais parecia extensão de nossa própria casa. Agora aqui não. Era um prédio de dois andares, e um pátio imenso. E além do físico, ainda havia o desafio da maturação. Mesmo que as crianças fossem aproximadamente de seu tamanho, tinha-se que se levar em consideração de que, ela teria que conviver sempre com a falta de maturidade nos primeiros meses. Tinha apenas seis anos. Mas como nascera em dezembro, estava adiantada. As crianças geralmente fariam sete, até o meio do ano, mas ela, só ao fim.

Abracei-a para que soubesse que mesmo não estando presente o período de aula, poderia contar conosco, para qualquer coisa.

- Que linda filha! – Aproximei-me mais e beijei seu rosto.

- Pai? As pessoas vão ver e pensar que sou bebê. – Relutou se afastando.

- Como assim? Você é o nosso bebê.

- Não! Estou no primeiro ano. Agora sou criança grande.

Eu sabia que de agora em diante, o tempo voaria e ela cresceria, buscando novos horizontes, mas não conseguia ignorar o fato, que outro dia me deixava inseguro em relação a ser pai. Para mim, continuava sendo meu bebê.

- Vê Gabriela? A gente sofre, cria os filhos e agora... nem mesmo quer dar um beijo no pai. – Fingia tristeza, levando a expressão da Karol de alegre à pensativa.

A sorte foi que a professora se aproximou, pensando estarmos perdidos e aquietou nossos corações.

Depois de dar os recados e garantir que estaria de olho na menina todo o tempo, nos pediu que chegasse no horário e estendeu a mão para minha filha.

- Vamos conhecer sua sala Karolyne? Acredito que irá gostar muito. – Depois de muito relutar, ela beijou meu rosto e beijou o rosto da Gaby. Deu-lhe um abraço e em seguida arrancou risadas de todos.

- Gael não fica triste. Daqui a pouco eu volto para casa.

E assim, seria seu primeiro dia de "Criança grande". Para mim, continuava sendo um bebê.

DNA - Um lar para KarolyneOnde histórias criam vida. Descubra agora