Capítulo Trinta e Um

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Gael,

Cinco anos desde que a Joana falecera, me levando a crescer e me tornar muito mais que um homem. Um homem de bem e um pai.

Eu não tinha certeza de que fosse o melhor pai, mas trazia comigo, que era a melhor opção para a Karolyne.

Assim que terminamos nossa oração diante do túmulo, voltamos para casa e então por coincidência ou não, cinco anos após o falecimento da Joana, na mesma data, meu pai também veio a óbito.

- Será pecado Pedro, eu não estar sentindo nenhum pingo de dor, ou qualquer outro sentimento?

- Cê tem cada coisa Gael. Briga com Deus, agora vem com essa de não estar triste pelo falecimento de seu pai. Eu por exemplo, depois de tudo que meu velho me fez, ainda fui em seu velório, e por incrível que pareça, eu me entristeci.

- Ainda tenho muito que aprender com você meu amigo. Preciso deixar meu coração mais aberto. Ainda não cheguei a esse nível.

O velório estava acontecendo desde o dia anterior, mas eu não quisera sacrificar minha família por uma pessoa com quem mal tínhamos contato. Por isso, estavam apenas nos esperando chegar para o sepultamento.

- Será que foi coisa da Darlene?

- Duvido, meu amigo. Duvido. Aquela ali só pensa nela e em mais ninguém.

O vestido preto cobria seu corpo, mas não deixava de ser um tanto que transparente para quem chorava tanto querendo convencer as pessoas de sua perda. E o véu sobre a cabeça, esse tinha minhas dúvidas. Minhas hipóteses, era de que, o adorno poderia ser parte do luxuoso conjunto, ou seria para cobrir as falsas lágrimas. Isso era bem ela.

"et in pulverem reverteris venimus de terra. " Eu até havia me esquecido que o velho me obrigara na infância a aprender latim. E na verdade eu não concordava muito com essa frase dita enquanto o caixão era baixado. Porque no caso do velho, voltar à poeira do chão não fazia sentindo uma vez que viveu na lama.

Eu nem mesmo pretendia voltar à velha mansão, iria direto para minha casa, mas um homem, que se intitulava advogado de meu pai, insistiu para que voltássemos e participássemos da leitura do testamento. Era um pedido de meu pai. Assim que fosse enterrado, fosse feita a leitura do testamento.

Enquanto o homem falava, muitas vezes interrompido pelo choro forçado da Darlene, a Gabriela segurava firme minha mão.

Pedi ao Pedro que levasse minha filha para casa, assim como sua esposa e filhos que nos acompanhavam.

Entre tantas falas, me pai deixou à Darlene um apartamento para uso e fruto e que em sua ausência o imóvel seria passado a Karolyne. Aquilo me surpreendeu muito.

- O que isso quer dizer? Que não posso vender esse apartamento?

- Não senhora. – O advogado foi claro quando disse que na verdade o apartamento não era dela, e sim da Karolyne. Ela não pareceu se importar até o momento em que ele disse que a mansão, e os demais imóveis, ações e aplicações, estavam daquele momento em diante sendo passadas ao meu nome como seu único e legítimo herdeiro.

- Espero que ainda essa semana a senhora possa desocupar a casa e nenhum objeto possa ser retirado. A senhora entendeu? – Ela tinha entendido sim, pois avançou no homem e só não o feriu mais o rosto porque o outro que lhe acompanhava a segurou.

- Vocês me pagam.

- A senhora terá uma pensão de dois salários mínimos por mês.

- E vou viver como mendiga? – Achando que com o homem não poderia conseguir nada, se virou parra mim. – Gael, gostaria de falar com você. A sós! – E deu as costas entrando na biblioteca.

DNA - Um lar para KarolyneWhere stories live. Discover now