Capítulo 17

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Eu mexia com os meus dedos de nervosismo enquanto me sentava no sofá da sala de estar. As minhas palmas estavam suadas, e eu sentia borboletas na ponta da minha barriga enquanto eu batalhava numa guerra fracassada contra a minha ansiedade.

Tinha passado cerca de meio ano desde que eu e Jungkook deixamos o Paraíso, e agora vivíamos num apartamento em Seoul como um casal casado, humano. Era simplesmente demasiado arriscado voltar ao Inferno até a guerra acabar, o que duraria um bom tempo, já que demónios e anjos são virtualmente imortais. Jungkook arranjou um emprego como tatuador, e eu fiquei posicionada numa loja de cuidados de beleza, eu ainda tinha reaplicado para uma universidade e estava assistindo a aulas. O nosso apartamento era próximo do da minha avó, e para meu agrado, eu entrei novamente em contacto com a minha família.

Com a ajuda de algumas habilidades sobrenaturais, Jungkook e eu convencemos a minha família (e a polícia) que eu tinha sido raptada por um homem desconhecido, mas quando o meu raptor parou num restaurante, Jungkook o adolescente órfão me libertou da van e nós estivemos a viajar pela Coreia do Sul até voltar seguramente para Seoul. Eu persuadi a minha família e as autoridades com a minha história e Jungkook persuadia para que eles a largassem e não procurassem mais provas. Eu me senti mal por mentir para a minha família, mas era melhor que fazer a minha avó ter um ataque cardíaco ao saber a verdade, não era?

Eu penso que era mais próxima da minha família que a maior das jovens com 19 anos. A maioria dos jovens adultos da minha idade fugiriam para liberdade, não voltando para as suas famílias até viverem as suas aventuras, mas desde que eu voltei do maldito Inferno e a minha família acreditou que me tinham de volta de um sequestro, estávamos bem próximos.

Então naturalmente, eu contei à minha mãe que estava grávida antes de contar a Jungkook.

"O que lhe digo?" Perguntei inquieta, as minhas mãos tremiam enquanto eu estava sentada na sala de estar com a minha mãe. Ela tem estado muito radiante, desde que lhe contei à cerca de dez segundos atrás.

"Apenas diz para ele sentar e conta!" Ela exclamou, o entusiasmo  transbordava da sua voz. "Mas se quiseres fazer algo mais fofo e creativo-"

"Eu não acho que esse seja o seu estilo, nem eu consigo isso," eu interrompi.

Só de pensar nessa notícia me fazia sentir quente e aconchegante por dentro. A maioria das raparigas da minha idade se sentiriam devastadas por descobrir que estavam grávidas, mas para mim, não importava. As experiências que tive no Inferno me fizeram sentir mais velha do que o que eu era, e com toda aquela exitaçao, eu estava pronta para ter uma pausa. Eu acreditava que estava matura o suficiente para criar uma criança, e a minha mãe podia sentir isso, então nenhuma de nós se sentia como se fossem uma gravidez de adolescente. Eu estava completamente pronta para ser responsável por outra vida.

Eu segurei a respiração enquanto planeava o que dizer para Jungkook. Ele voltaria do trabalho em pouco tempo, e eu ainda não sabia como formular os meus pensamentos misturados para palavras. Mesmo sendo casados, eu mal conseguia identificar a sua personalidade. Ele era tímido e sério por vezes, e outras vezes, ele era barulhento e engraçado, e claro que ele tinha aquele incrível lado sensual. Eu não sabia para qual personalidade é que eu ia contar a notícia, e estava a entrar em pânico.

Eu não podia dizer aleatoriamente durante o jantar, mas eu também não queria dar muita importância disso. Eu estava a planear seguir o método da minha mãe "senta e fala", mas eu não sabia sobre o que falar. Este era um caso extremo de medo de palco, exceto o facto de eu não estar num palco.

"Cheguei!" Eu olhei vendo um Jungkook fechando a porta do apartamento atrás dele. Ele usava uma camisa branca, calças, e o seu par favorito de timberlands. Ele virou e acenou para mim, sorrindo, expondo a tatuagem no seu antebraço que dizia 방탄소년단-- Bangtan Boys. O seu sorriso era aconchegante e genuíno; era o sorriso que eu mais amava.

Memórias do nosso casamento vieram esvoaçando sem aviso prévio, e eu instintivamente descansei a mão no meu abdómen, como se perguntasse ao nosso filho por nascer se ele ou ela sentia o quão feliz Jungkook me fazia.

"O meu vestido está bem? O meu cabelo está bem? Eu estou bem?" Eu rapidamente esvoacei o meu vestido antes de olhar para a minha melhor amiga, que vindo dos Estados Unidos, expcionalmente. Ela revirou os olhos e cruzou os braços sobre o vestido de dama de honor alaranjado.

"Tu estás ótima, e mesmo se não estivesses, o Jungkook continuaria a te achar uma brasa para caralho," ela disse com cara-de-pau. "Sim, eu acabei de dizer para caralho."

Eu fiz um barulho de choro e pulei no sítio, felizmente sem quebrar os saltos, e mais importante, sem partir os tornozelos. Eu iria caminhar pela igreja em menos de cinco minutos, e as outras damas de honor estavam se arranjando ao espelho.

"Eu posso espreitar?" Perguntei. "Vou espreitar!"

Eu abri suavemente as portas para o santuário e espreitei pela pequena passagem. Convidados estavam se sentando nos seus devidos lugares, e Jungkook estava bem no centro. O seu cabelo estava ligeiramente separado no centro, o seu tuxedo encaixava o seu corpo atlético perfeitamente, e as suas mãos pálidas estavam apertadas na frente. Ele olhava pela igreja, ocasionalmente sorrindo para alguns convidados. Eu suspirei e fechei a porta antes de olhar novamente para as damas de honor.

"Porque estás a sorrir?" A minha melhor amiga perguntou. Eu repentinamente notei o sorriso se alongar de orelha a orelha na minha face. Eu tentei tirar, mas eu não parava de sorrir.

"Eu acabei de ver o Jungkook," confessei, "e palavras não conseguem descrever o quanto o amo neste momento."

"Então o que fizeste hoje?" Jungkook perguntou, me fazendo voltar à realidade. Eu rapidamente retirei a mão do abdómen e me sentei direita.

"Er, bem, nada de mais," respondi. "Um... podes sentar aqui? Nós temos de falar."

Jungkook olhou para mim suspeito e sentou hesitante ao meu lado. "Falar sobre o quê?"

Eu fechei e abri a boca com um peixe muitas vezes antes de encontrar as devidas palavras. Os olhos escuros de Jungkook solicitaram para que eu continuasse, e eu senti a adoração por ele que senti no dia do nosso casamento, olhando pela pequena abertura da porta.

"Eu amo te muito," começei, os meus olhos não abandonavam os seus, "e estamos casados, e eu estou muito grata por isso..."

"Tu não estás a pedir divorcio tão cedo no casamento certo?" Jungkook gozou, ainda com os olhos em alerta. Eu não o podia culpar. Mesmo sem telepatia, pedir para falar soa terrivelmente suspeito.

Eu ri nervosamente. "Não, claro que não," eu disse, cruzando as minhas mãos juntas. "Eu só te queria dizer que, uh, eu estou, uh, grávida."

A face de Jungkook virou um vermelho escuro antes de mudar para um sorriso enorme.

"Sério?" Exclamou. "Vamos ter um bebé?"

"S-Sim." Eu vi a sua face se iluminar. O excesso debaixo dos seus olhos aumentou enquanto ele sorria, e ele se inclinou me abraçando num abraço de urso. Os seus abraços me contornavam apertadamente, mas eu via que ele o fazia com cuidado.

"Nós vamos ter o melhor demónio-anjo-humano bebé de sempre," ele sussurrou, as suas palavras ficando abafadas no meu ombro. "Eu Amo Te."

Dark(Jungkook - BTS)(PortugueseVersion)Where stories live. Discover now