Dependency • Chris and Eva

024||Card I

EVA MOHN

Segunda-feira, 12:45

No minuto em que a Noora me contou que o Chris estava internado no hospital, a preocupação tomou conta de mim. Até pensei em sair da aula e ir vê-lo, porém a semana de provas está chegando e eu não sou uma das melhores estudantes, não podia me dar esse direito. Então o período demorou horas para passar, parecia que o tempo estava brincando comigo e não deixaria eu ver o meu.....bem, o meu Chris tão cedo.

Na corrida até o hospital, passei em um mercadinho antes a fim de encontrar algo para levar para ele. Não comprei nada de comer pois não sei o que ele machucou, e dependendo disso tem certas comidas que é melhor evitar. Quando vi aquele cartão perto do caixa, eu tive certeza que foi o destino tirando com a nossa cara. Depois de pagar retomei minha corrida até o hospital.

"Christoffer Schistad" Confirmei o nome com a balconista, que logo procurou no computador e me indicou o quarto.

Eu nem sabia direito o que esperar, não estava tão assustada porque a Noora me disse que ele já estava bem, só precisaria ficar no hospital mais uns dois dias para observação, caso seus pontos abrissem. Não saber disso ontem me deixou levemente incomodada.

Bato na porta pedindo licença, e entro no cômodo onde no centro tem uma cama de hospital e aquele barulho característico das máquinas. Um frio sobe na minha espinha, quando vejo seu rosto todo machucado. Seu olhar surpreso me fez abrir um sorriso, levantei a mão que não estava segurando o cartão e acenei.

"Oi" Ele diz baixinho.

Me aproximo com receio ainda sorrindo e apoio minhas mãos na beirada da cama. Agora, aqui de perto consigo ver o grande estrago que foi feito, engulo em seco junto à minha preocupação.

"Hey there!" Digo baixinho também, e Chris franze sua sobrancelha, ficando com uma cara muito fofa, apesar dos machucados.

"Acho que os pontos na testa me caíram muito bem, não concorda?"

Não consigo conter a risada, com certeza Christoffer Schistad é um dos meninos mais idiotas que eu já conheci.

"Obviamente" entro no jogo, arrancando um sorrisinho dele. "Mas as faixas enroladas na sua mão, combinaram direitinho com a cor dos seus olhos." Dou de ombros, com um ar elegante.

Ambos rimos pela idiotice, mas logo meu riso cessou e o olhei preocupada, Chris apenas engoliu em seco.

"O que aconteceu?" Respiro fundo.

Ele desvia o olhar do meu e se arruma melhor na cama.

"Briga de festa." Diz sem emoção alguma. Não me convence.

"Sério?" O olho debochada. "Uma briga de festa te resultou em todos esse hematomas?" Ele logo concorda com a cabeça, reviro os olhos pelo fato dele estar escondendo coisas de mim. "Oh claro, e eu sou a Mulher Maravilha."

Ele sorri e me lança um olhar com segundas intenções, e eu apenas bufo deixando esse assunto de lado. Se ele não quer me contar realmente o que aconteceu, eu não vou obriga-lo. Pelo menos, não hoje.

"Te trouxe um cartão." Digo animada levantando minha mão na altura do seu rosto. Ele levanta as sobrancelhas, com um ar divertido.

Pega da minha mão e começa a abrir o embrulho que a mulher do caixa gentilmente fez. Seus olhos correm pelo cartão lendo com rapidez o conteúdo, que parece ter sido exatamente escrito para nós dois. Um sorriso nasce no canto dos seus lábios quanto termina de ler e dirige seu olhar para o meu rosto, apenas dou de ombros e levanto os braços com se dissesse: "Sim, eu sou demais."

"Puta merda Eva." Ri "Você me jura que comprou esse cartão pronto?" Volta a guardar meu presente no saquinho.

"Não Chris, eu fui até a gráfica fazer ele para te trazer aqui." Ironizo. "Na verdade, eu faço cartões todos os dias para você, só esperando o momento certo para te entregar." Reviro os olhos.

"Zoa mesmo com o enfermo." Diz se fingindo de ofendido e balançando a cabeça em concordância. "Depois eu morro, dai você vai no meu velório e vai chorar de arrependimento por ser grossa comigo" Começo a gargalhar com todo o drama. "Nossa como eu era chata com o Chris!" Ele afina a voz, tentando me imitar, falhando miseravelmente. "Eu devia ter dado mais para ele!" Lhe lanço um olhar raivoso, mas ele não para. "Era um dos melhores homens que eu conheci em toda minha vida, se não o melhor!" Christoffer parece um ator de teatro meia boca me imitando. "Eu deveria ter me casado com aquele pedaço de mal caminho!" Diz por último fingindo um choro.

Levanto minhas sobrancelhas em deboche.

"É óbvio que eu falaria todas essas coisas." Rio desacreditada.

"Óbvio." Concorda e me surpreendo quando sua mão envolve a minha. Olho fixamente para a sua coberta quando começo a dizer.

"Eu fiquei preocupada, sabia?" Falo baixinho. E ele me lança um: "é?" e eu concordo com a cabeça. "Desculpa não ter vindo antes."

Com a mão livre ele vira meu rosto na direção do seu, fazendo um carinho gostoso na minha bochecha. Se não queremos nos apaixonar, tenho certeza que estamoss pegando um caminho perigoso. Chris me olha com carinho e eu não me dou ao esforço de acabar com isso, já estamos inteiramente fodidos mesmo.

"Eva, você não sabe de nada." Diz me surpreendendo. O olho confusa. "Nada, nada, nada." Balança a cabeça devagar de um lado para o outro. Estica o rosto na direção do meu e beija meu nariz.

Christoffer se mexe na cama, indo para o lado contrário do meu, abrindo um espaço. Que quando ele me olha com a cabeça tombada para o lado, percebo ser para mim. Tiro a mochila das costas, que até agora eu estava segurando e devagar me encaixo na cama, tomando cuidado para não encostar muito nele por causa dos machucados.

Quando me ajeito melhor, Chris passa o braço por debaixo da minha cabeça e eu apoio minha mão no seu peito, sentindo ele subir e descer de acordo com sua respiração, em uma espécie de abraço. Aproveito e apoio minha cabeça entre seu pescoço e sua clavícula, com a mão que me envolve ele começa a fazer carinho no meu cabelo e beija o topo da minha cabeça. Nesse momento me desmonto inteira, e fecho meus olhos sentindo o sono me atingir.

Porém antes decido fazer uma pergunta.

"Você fez isso com todas as garotas que vieram te ver?" Indago e sou capaz de ouvir seu lábio formando um sorriso.

"Não." Diz e respira fundo. "Apenas com aquelas que quebro promessas de manter certa distância."

Sorrio e envolvo mais seu corpo com o meu e contente do que eu duvido que jamais estive, deixo o sono me levar.

E Chris faz o mesmo depois de virar seu corpo na direção do meu nos juntando mais ainda e dizer:
"Bons sonhos Mulher Maravilha"