030||Murderer

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[...] Desço os degraus com o maior cuidado para não acordar ninguém e quando chego na cozinha acendo o interruptor e começo a procura pela lasanha. Depois de procurar na geladeira, avisto uma travessa de vidro dentro do forno.

Pego dois garfos na gaveta, e quando estou me preparando para subir. Um celular que eu nem tinha notado estar na cozinha, apita com a chegada de alguma mensagem. Eu tentei passar reto e ir direto para o quarto, mas eu não consegui.

O ecrã estava brilhando, com as seguintes mensagens na tela:

Jack:

Descobrimos mais coisas depois do interrogatório, eles possuem um líder e um sub-líder, um deles responde por "Wolf".
(23:47)

Quando puder, venha até a delegacia. A testemunha parece estar bastante disposta a colaborar.
(23:59)

A testemunha revelou que foi demitida, e como vingança espancou o filho do líder, mas pelo o que ele falou, o filho não lhe é importante.
(1:21)

Estamos chegando mais perto Petter, logo teremos provas concretas.
(1:22)

Pode ter certeza, que esse filhos da puta estão por pouco.
(1:25) [...]

CHRIS SCHISTAD

Sábado, 2:30

Era a terceira mensagem que eu respondia dizendo que não iria deixar de passar no Galpão principal para a entrega especial de hoje a noite. Deve ser para uma outra organização, ou até mesmo para a polícia para estarem enchendo meu saco desse jeito.

Lembro que quando tinha por volta de uns quinze anos, acreditava que tudo isso ficaria melhor, que seria mais fácil e até me deixava imaginar um futuro onde Krower me liberava do trato. Me deixava acreditar que talvez no fundo, bem lá no fundo, ele teria um pouco de humanidade com seu próprio filho. Mas o tempo foi passando, e essa ingenuidade morreu junto com minha primeira vítima.

Louis Rutherford.

Me lembro de seu rosto até hoje, mas não foi como se eu tivesse alguma escolha. Naquele momento no porão de uma boate qualquer em Oslo, era ele ou eu. E minha escolha foi óbvia, mas isso não tornou nada menos doloroso. Chorei a semana inteira, até que chegou em um ponto onde eu levantei do chão e parei com aquela merda, parei de sentir pena de mim mesmo. Eu fiz o que eu tinha que fazer. Por mim. E mais importante, pela minha família.

Depois daquele dia, não derramei uma lágrima sequer por nenhuma outra vítima. Até porque, se elas estavam envolvidas na organização, boas pessoas não eram. Chega ser até engraçado eu dizer isso, porque eu trabalho para ela. Porém, nunca disse ser melhor que ninguém que já apontei minha arma. Sei que não.

Todos os dias tenho que me lembrar o porque de tudo isso, se não já teria tirado minha vida aos oito anos de idade. Lembro também que acreditava ter alguma maneira de entregar meu "querido" pai. O incontáveis planos que já tracei nunca chegaram a lugar nenhum. Até porque como entregaria ele para o governo, se o governo trabalhava para ele? E eu não era nem louco de arriscar minha vida, tinha que estar ali pela minha mãe. Tenho que estar aqui.

Mas de certo modo não posso deixar de ter esperanças com o FBI envolvido no caso, que por tantos países é encoberto. Tenho certeza que a organização afetou de algum modo o grande e inigualável Estados Unidos da América.

Dependency • Chris and EvaWhere stories live. Discover now