Dependency • Chris and Eva

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EVA MOHN

Sábado, 13:07

   Meus olhos não conseguiam focar em nada por conta das lágrimas, parecia que estava se negando a encarar a realidade e a entender em toda situação em que estou envolvida, assim como meu coração. O borrão do Chris a minha frente não me dizia nada, sua expressão assustada não me transmita nada, incapaz de raciocinar o que quer que seja. O tempo parece ter parado, assustado demais para presenciar esse momento, assim como eu.

   Desvio o olhar para minha mão, mesmo sem conseguir enxergar absolutamente nada. As lágrimas não paravam e tremores estavam sendo transmitidos para todo meu corpo. Chorar assim na frente de alguém não é uma coisa que eu faça, estar vulnerável não é uma coisa que me agrada independentemente da situação. Mas eu não tinha como estar preparada para isso, não tinha como estar preparada para ler aquelas mensagens. Me sinto em queda livre, sentindo tudo e ao mesmo tempo não sentindo nada.

   "É..." O som da sua voz me soa estranha, como se não o conhecesse. "Eu não sei o que te dizer." Seu tom não é de remorso, nem de arrependimento ou até mesmo de surpresa. E isso quebra meu coração um pouco mais.

   "Eva..." Ele dá indícios que vai se aproximar.

   "Não!" Ergo minha mão me afastando, quase grudando na porta.

   Meus olhos apesar das lágrimas conseguem focar no rosto do Christoffer, por um segundo consigo vislumbrar medo. E meu coração se agarra nisso antes que eu consiga raciocinar, mas como iria raciocinar se meu cérebro está em negação como qualquer outro órgão do meu corpo. E a maldita esperança me invade.

   "Mas eu sei, Chris..." Disparo rapidamente agarrando seu rosto, quem me ouvisse provavelmente me classificaria como uma pessoa insana, e é exatamente como me sinto. "Você pode me dizer que tudo isso não passa de um mal entendido." Meus olhos brilham, consigo sentir. Agora é a vez de Chris não conseguir me encarar, mas minhas mãos o forçam. "Ou que é apenas uma brincadeira de mal gosto entre você e seu amigo." Respiro fundo sorrindo, como se pedisse para ele me dizer que eu tinha entendido tudo errado. "Ou..." Meus dedos passeiam por sua bochecha. "Isso não passa apenas de uma pegadi..."

   "Chega!" Chris aumenta seu tom de voz arrancando minhas mãos de seu rosto. A sanidade parece voltar pra mim em um click. "Eu estava pretendendo te contar..." Seus olhos sem minhas mãos o obrigando, não me encaram.

   "Eva, é isso quem eu sou." Ele diz friamente. "Pensei que você perceberia mais cedo" Minha mente se confunde mais ainda, se é que é possível, ele adota uma postura totalmente diferente, como se fosse outra pessoa, uma que eu não conhecia. "Sério, Eva? Todos aqueles machucados, todos aqueles sumiços de madrugada, todas aquelas desculpas esfarrapadas.." Ele ri, como se achasse graça da situação. "Você é mais lerda do que pensei." Ele faz carinho no meu rosto, mas no dinheiro que fazia antes, me parece mais uma agressão.

   Meu estômago parece embrulhar, e minha cabeça rodopia. Mas meu cérebro consegue finalmente raciocinar.

   "Diz isso olhando no meu rosto, Christoffer." Seus olhos franzem por um segundo, ele não estava esperando por isso. Mas logo ele disfarça a confusão. "Se toda essa merda que você está dizendo é realmente verdade, diz olhando pra mim." Por incrível que pareça minha voz não sai trêmula.

   Christoffer hesita, sua respiração fica descompassada e ele forja uma tosse para disfarçar. Mas finalmente ele vira seu rosto pra mim, sou capaz de ler vários sentimentos estampados nele, mas arrependimento não é um deles.

Minhas emoções tomam conta de mim novamente e a tremedeira volta pior, quando não sou capaz de reconhecer a pessoa sentada a minha frente.

   "Eva." Ele abre um sorriso frio, me assustando. "Não sei porque meninas pensam que possuem algum poder sobre nós." Ele devia o olhar, mas logo o volta pra mim. "A verdade foi revelada." Christoffer dá de ombros. "Eu faço o que eu preciso para sobreviver. E se isso significa matar algumas pessoas, que seja." Sua cabeça inclina em indiferença.