023||Attack

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CHRIS SCHISTAD

Domingo, 23:16

  Viro o décimo copo preto sentindo o líquido descer queimando pela minha garganta. A essa altura não vai fazer nenhuma diferença mesmo, sorrio quando a morena sentada ao meu lado começa a beijar meu pescoço, causando cócegas no lugar.

A batida da música faz eu entrar no clima, não que eu precisasse. O álcool já fez isso por mim. Ele é meu amigo. Ele me faz esquecer das merdas que constantemente acontecem na minha vida.

Agora o motivo por eu estar aqui na festa quase não se faz mas presente em minha memória. Quase. Sei que estou me sentindo culpado por algo, provavelmente devo ter feito merda. Fora fazer parte de uma organização criminosa, é claro.

Meu sarcasmo me faz revirar os olhos. Levo minha mão até a cintura da garota logo descendo para a sua bunda, isso só a incentiva mais saindo do meu pescoço e indo direto para a minha boca. Coisa que me desagrada, pois eu quero mais bebida.

Descolo seus lábios dos meus e seguro novamente o copo levando em direção a minha boca. A menina me olha raivosa, mas logo depois se ajoelha no chão. Fico confuso no começo, por conta da enorme quantidade de bebida circulando pelo meu corpo. Mas suas intenções se tornam bem claras quando ela começa a desabotoar minha calça.

Um fio de sanidade me é devolvido e afasto a menina de perto de mim. Levanto do sofá com certa dificuldade e ouço ela reclamando quando me afasto cambaleando até o banheiro. Ela deve estar pior do que eu, fazer um boquete em público? Puta merda, acho que não foi só bebida que aquela morena ingeriu.

Ouço alguns comprimentos mas não sou capaz de identificar ninguém. A última vez que fiquei tão bêbado assim foi a muito tempo atrás. Me zango quando não consigo virar a maçaneta do banheiro. Chuto a porta com força.

Eu não gosto de portas, mesmo.

Olho para os lados, minha visão não colabora, estou vendo tudo dobrado. Porém no fim do corredor sou capaz de avistar uma janela. Ar fresco seria bom. Sim. Seria muito bom. Tropeçando nos meu próprios pés e batendo nas decorações ao decorrer do caminho, chego até onde eu queria.

O vidro já estava aberto, e assim que me apoiei nas grades o vento gelado bateu no meu rosto, me causando uma sensação gostosa. Olho para baixo e pela altura consto que estou em um apartamento. Ou uma casa muito, muito alta.

Eu gostaria de morar em uma casa alta, uma que do terraço eu conseguisse tocar as nuvens.

Rio me imaginando correndo pelo céu, coloco meus braços para fora da janela procurando alcançar meu objetivo: Voar. Porém paro quando ouço meu celular tocar dento do bolso do moletom.

Com grande dificuldade atento a ligação.

"Alôôôôôôôôôôôôôôôôu" Grito.

Ouço uma respiração estressada do outro lado da linha.

"Porra Chris, onde você está?" Uma voz masculina esbraveja.

Decido terminar a citação que o homem ainda desconhecido por mim começou. Pelo menos eu acho que é uma citação.

"...ou não ser? Eis a questão." Rio sentido orgulho de mim mesmo, Christoffer Schistad é um verdadeiro poeta.

"Caralho!" Quando o palavrão é dito reconheço a voz. É meu parceirão William. "Você tá perto dos quartos?" Pergunta já sem paciência, meu amiguinho é assim mesmo.

"Eu estou perto de uma janela muito linda." Digo e ouço a ligação ser desligada.

Grosso.

Guardo o celular no bolso e uma dor repentina nos pés me fazer deitar no corredor. Uns segundo depois ouço passos na minha direção. Levanto a mão dando um oi para quem eu imagino ser o William.

"Por que você bebeu tanto assim?" Ele pergunta quando me levanta e me faz apoiar o braço ao redor dos seus ombros. Com meu braço vago levo a mão até o seu grande nariz apertando a ponta duas vezes e em seguida imito o som de uma buzina.

Meu amigão se esquiva do meu toque e me encara com um olhar de reprovação eu apenas dou de ombros respondendo sua pergunta.

"Isso tem a ver com o fato da Eva estar te procurando depois de ter ligado milhões de vezes para ela?" Indaga então tudo volta para a minha mente como um flash.

Krower em casa. Tráfico de pessoas. Ódio. Raiva. Ligações rejeitadas. Desespero. Avery. Culpa. Muita culpa. Bebida.

Paro de andar ao lado do William e meu coração começa a bater muito rápido, tenho dificuldade em respirar, e levo as mãos para meu rosto.

Ele me olha preocupado e eu apenas respondo pausadamente:

"I just fucked everything."

William volta a me guiar para a saída do apartamento.

"Eu vou te levar para minha casa, dai lá você vai tomando um banho enquanto eu e a Noora vamos buscar ela para vocês esclarecerem as coisas. Ok bro?"

Confirmo com a cabeça me emocionando, meus olhos se enchem da lágrimas provavelmente porque ainda estou bêbado. Preciso resolver isso antes de encontrar a Eva.

A descida até a porta do prédio foi mais demorada do que o normal pelo fato do William ter praticamente me carregado. Porém sou pego de surpresa quando ele começa a subir os degraus novamente. Ele grita antes de sumir:

"Esqueci meu casaco. Não sai dai Chris." Manda.

Concordo e encosto na parede, olho para os meus pés e vejo que um cadarço está desamarrado. Dou de ombros e saio do prédio me encostando no muro. Meu corpo agradece o ar fresco.

Desbloqueio meu celular e reparo que tenho várias mensagens da Eva e da Avery. Acho melhor eu só conversar com ela quando chegar no apartamento do William.

Ouço barulhos vindo do quarteirão, porém deixo isso para lá e continuo mexendo nas redes sociais. Sou tirado dos meus pensamentos quando ouço chamarem meu nome.

"Chris?" Um cara alto pergunta. "Chris Schistad?" Olho para frente e encontros três homens com capuzes pretos me encarando.

"Whats uppppp bro?" Comprimento meus novos amigos rindo.

O mais alto da direita sorri para mim, acho que está flertando. Penso comigo mesmo que minha garota não gostaria disso. Logo depois descarto esse pensamento. Eva não é minha garota, não depois da merda que eu fiz.

Sou pego de surpresa quando um soco é desferido no meu maxilar, e me surpreendendo ainda mais quando outros são desferidos por todo meu corpo. Aconteceu tudo tão rápido que nem tive a chance de revidar, ou até mesmo gritar por ajuda.

"Boss irá se arrepender de ter nos mandando embora."

"Filhinho de merda."

Foram as únicas coisas que consegui identificar que eles disseram, mas ainda sim nada fez sentido na minha cabeça. Logo depois disso perdi parte dos sentidos. As últimas coisas que me lembro foi de ter uma faca cortando parte da minha barriga. Também ouvi os passos apressados desses três caras, que percebi não serem meus amigos e o William ligando para a emergência.

Depois disso apaguei completamente.

Dependency • Chris and EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora