Gênesis [Concluída]

Doce

Planeta Gênesis, Ano de 2703.

Lauren Jauregui's Point of view

Há momentos onde unicamente a raiva te faz sentir vivo. São nesses momentos que você precisa se lembrar do que há por trás da raiva antes que se afunde de vez nela, porque se isso acontecer...Se isso acontecer é um caminho só de ida e caso consiga voltar, as cicatrizes serão imensas.

Um, dois, três tiros.

"De novo." Repeti para mim mesma.

Um, dois, três tiros.

Novamente acertei todos os meus alvos a distância.

Comecei a correr, como se algo me perseguisse e novamente segui o padrão.

Um, dois, três tiros.

"Mas que inferno." Vociferei.

"De onde vem tanta raiva, güera?" A voz de Vero me fez respirar fundo.

"Quando corro minha perna dói e estou acertando dois de três tiros em movimento." Reclamei.

"Tente uma sessão de dez." Falou e assenti. Ela me entregou sua arma, já que a minha não tinha balas suficientes. Eu já estava suada, cansada e irritada.

No meio do campo aberto era para onde íamos treinar, Ally havia montado sistemas de treinamento intensivo para aqueles que saíam em missões. Respirei fundo e comecei a correr, atirando nos pontos onde as criaturas postiças, feitas por Ally, apareciam.

Um, dois três tiros. Me abaixei, desviando de um tronco que foi jogado por um deles.

Quatro, cinco...Minha perna pediu para que eu parasse, fiz uma careta de dor, mas não parei.

"Pare agora, pendeja." Vero gritou. Não dei ouvidos.

Seis, sete...Respirei fundo, já havia errado 3 tiros de sete. Dois troncos vieram em minha direção e me esquivei, me escondendo atrás de uma das rochas postiças. Minha perna latejou pelo esforço e logo voltei a correr novamente, mirando na próxima criatura.

"Eu mandei parar." Vero gritou, me alcançando e colocando sua cabeça na frente da arma que estava engatilhada. Inclinou sua testa, tocando a mesma no cano da arma. "Você está se machucando, pare." Falou suavemente dessa vez. "Por favor." Respirei fundo, abaixei a arma e me sentei no chão, jogando meu corpo de qualquer jeito.

"Infierno." Gritei.

"Está se cobranco demais, branquela." Falou, se sentando ao meu lado.

"Já faz uma semana. Preciso melhorar." Falei irritada, enxugando o suor da testa.

"Algo aconteceu?" Ela perguntou, arqueando uma sobrancelha e neguei com a cabeça. "Tudo bem. Agora que já mentiu pode dizer a verdade." Falou rindo e suspirei.

"É horrível não ter nada pra fazer e preciso continuar a buscar minha família." Expliquei.

"Você quebrou o braço uns anos atrás e ficou quase dois meses parada, tem algo a mais, fala logo."

"Chata." Eu disse rindo, me rendendo à minha amiga. "Bem, é que uma amiga ficou meio distante sem motivos." Confessei.

"Hmmm. Entendo." Ela disse rindo. "E você tentou falar com ela?"

"Não. Faz quase uma semana que não falo com ela. A vejo de longe, mas nunca vou falar com ela."

"Então a distante é você e não ela."

"Ela disse que estaria ocupada a semana inteira, mas já vi ela sentada ao lado de fora de sua casa olhando para o céu." Falei. "Acho que ela não gosta de lésbicas." Brinquei, rindo fraco.