Veintiuno

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Planeta Gênesis, Ano de 2703.

Narrator's Point of view

Reprimir um sentimento sempre causa danos graves, por vezes, permanentes.

"Normani?" Dinah gritava e batia na porta de aço pela milionésima vez.

Sabia que a negra estava lá, mas a garota sempre repetia coisas como "Vai embora, Dinah!", "Já disse que estou bem.", "Me deixa em paz!" E apesar de não desistir, Dinah já estava ficando impaciente.

"Eu não vou sair daqui até que me atenda." Anunciou.

"Não preciso te ouvir me chamar de louca em relação às teorias, está bem?" O grito vinha lá de dentro.

"Eu não vim falar sobre isso." Esclareceu.

"E então?" Perguntou confusa. Dinah respirou fundo e voltou a falar.

"Vim falar de nós." O silêncio se fez presente e quando Dinah estava pronta para voltar a gritar algo a porta foi aberta subitamente.

"O que quer?" A negra indagou, lhe olhando de maneira hostil.

"Oi para você também." Disse rindo ansiosamente, mas seu riso murchou ao ver a expressão séria no rosto de Normani.

"Dinah, só... Vai embora, está bem? Amanhã conversamos." Falou aparentemente preocupada.

"É que tenho uma dúvida." A loira disse, ignorando o pedido da negra.

"Todos sempre temos. Agora eu te suplico, vai embora. Estou cansada." Falou controlando sua respiração e sua expressão de entregar algo.

"Lauren disse que você, bem, que você gosta de mim." Dinah falou nervosa. "Romanticamente." Deslizou sua mão direita por sua nuca, pois estava sem jeito.

"Aquela fofoqueira!" Normani resmungou baixinho e Dinah abriu um sorriso genuíno.

"Então é verdade?" Perguntou se aproximando. Normani olhou para dentro da cabine nervosamente e voltou a fitar Dinah.

"Poderíamos falar disso uma outra hora? Agora eu..."

"Não. Preciso saber se você gosta de mim tanto quanto eu venho gostando de você desde que te vi pela primeira vez." Dinah disse, fazendo Normani lhe encarar mais do que surpresa. Voltou a encarar sua cabine, para logo encontrar os olhos de Dinah outra vez.

"Dinah, estou ocupada. Eu gostaria muito de discutir isso com você, mas preciso mesmo ir." Disse fitando seu relógio de pulso.

"Só preciso que diga que sim e paro de te irritar." Dinah disse esperançosa, fazendo Normani respirar fundo.

"Sim, Dinah. Eu gosto de você." Confessou finalmente, fazendo os olhos da loira brilharem como nunca antes. Em seus sonhos mais distantes Normani lhe correspondia e agora tal sonho se tornava real. "Agora poderia ir embora, por favor... Por favor?" Suplicou aflita, voltando a fitar sua cabine.

"Mani..."

"Vai embora daqui, Dinah!" Normani gritou sentindo suas mãos tremerem. "Agora!" Dinah franziu os olhos e negou com a cabeça, determinada. "Por favor!" Pediu suando frio.

"Não!" Dinah contestou destemida. Normani fechou os olhos e suspirou, voltando a abri-los para encarar Dinah com desprezo.

"O que achou? Que só porque eu te amo há mais ou menos dez anos e você descobriu tudo ficaria bem entre nós?" Disse rindo com desdém. "Você passou todos esses anos me machucando ao ir para a cama com outras pessoas. Me machucou por ser lerda! Isso que você é, Dinah, uma lerda!" Gritou irritada, olhando para a cabine outra vez antes de voltar seu discurso. "E eu não quero alguém assim ao meu lado. Então faça o favor de sumir daqui porque eu estou ocupada e você está me fazendo perder tempo com essas bobagens." Dinah piscou lentamente, sentindo a alegria se esvair de dentro de si.

Não esperava por isso. Havia vindo o caminho inteiro imaginando Normani assumindo seu amor e ela faria o mesmo, para logo se beijarem como desejavam há anos, mas como em todo sonho de Dinah, esse tampouco passava disso: um sonho. Nada nunca acontecia como ela previa ou imaginava.

"Certo." Disse magoada. "Eu vou embora, mas quando esfriar a cabeça eu volto para falar com você." Avisou. "Perdi tempo demais sendo lerda para não lutar por você agora que sei que o que eu sinto é recíproco."

"Vai embora!" Normani voltou a gritar, apontando o dedo na direção em que Dinah havia vindo. Dinah apenas assentiu, saindo dali sentindo-se uma completa derrotada. Normani apenas suspirou em alívio antes de correr para dentro de sua cabine e fechar a porta de aço, trancando-a logo em seguida.

[...]

"Como siempre te mueres por vivir, pero nunca lo haces; sigues tan solo existiendo.*" Vero disse, subindo a escada de metal e assutando a garota de olhos verdes. Lauren não havia saído dali desde que Dinah havia ido atrás de Normani; continuara na exata posição, analisando o céu.

*Como sempre você morre de vontade de viver, mas nunca o faz; continua apenas existindo.

"E não são a mesma coisa, afinal?" Lauren perguntou se sentando.

"Não, mas não quero ter que perder meu tempo tentando explicando algo que você já sabe." A garota disse se aproximando. "Só vim avisar que a Troyan chegou hoje de uma missão e trouxe o que eu pedi a ela." Lauren lhe lançou um olhar confuso e Vero se explicou melhor. "O que você me pediu no segundo dia de chuva."

"Oh, isso!" Disse deixando vestígios de tristeza dominarem seu rosto. "Talvez eu não precise mais."

"Desistiu?" Vero perguntou confusa e Lauren deixou um riso desanimado escapar de si.

"Não, mas Dinah e eu temos umas ideias sobre Camila e, bem, talvez ela não seja a mocinha da história."

"Isso de mocinha é bobagem." Vero disse convicta. "Todos cometemos erros a todo o momento, mas espere!" Disse sorrindo abertamente. "Você nunca se importou com a índole de quem leva para a cama."

"Eu não levei Camila para cama." Disse séria.

"Mas quer que eu sei." Disse sorrindo sugestiva. "Lauren Jauregui se apegando por alguém? Ou se encantando seria o termo correto?" Fingiu confusão. "Oh, meu Deus, você está se apaixonando."

"Você está louca. Vi a garota algumas poucas vezes."

"Me apaixonei por Lucy assim que pus meus olhos nela. Eu não conseguia parar de olhar para ela ou de sorrir feito idiota, ou de querer fazer ela se sentir bem, de mostrar que eu podia ser especial para ela."

"Lindo e gay. Não é o meu caso." Disse friamente, fazendo Vero gargalhar.

"Você queria levar a garota até as fissuras, que é longe para chuchu, só para realizar uma vontade dela. Me pediu para buscar algo do planeta Terra só para realizar outra vontade dela. Isso não é normal, viu? É outro planeta." Vero disse tentando fazer Lauren enxergar o que fazia por Camila.

"Ela só passou por traumas demais. Só queria deixar a estadia dela menos traumática." Disse cética.

"Certo. Tem milhões de moradores traumatizados por aqui, você poderia amenizar o trauma deles também. Tem o Bino, garanto que se você buscasse umas coisas na Terra para ele..."

"Já entendi." Lauren disse dando-se por vencida. "De qualquer forma seja lá o que eu senti por ela já passou." Disse, fitando o céu no momento seguinte. "Ou pelo menos vai passar se ela fizer o que acho que vai fazer."

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Estou com trezentas bombas na minha mão, acho que elas vão começar a minar o campo por aqui...

Até a próxima att.😚

Gênesis [Concluída]Where stories live. Discover now