XXXI - Os Fins - Semepolhian

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Semepolhian já não conseguia mais diferenciar o suor em sua pele e a água que jogava constantemente em si, na tentativa de se recuperar minimamente da exaustão causada pela grande quantidade de magia que estava utilizando. Ao seu redor, haviam corpos sem vida e casas destruídas. Tinham demorado tempo demais para chegar até o esconderijo dos egüeses, por mais que eles tivessem resistido firmemente, não havia sido suficiente...

Um soldado se aproximou, a imimoya lançou o chicote convertido em seu domínio e, parte com habilidade física, parte controlando com seu poder, fez com que a arma se enrolasse no pescoço do homem e tirasse sua vida em um único movimento.

"E o que quer que nós façamos? Que matemos pessoas aleatórias para não deixar que outras pessoas aleatórias morram?!"

Ouviu mais uma vez a voz de Anima em sua mente antes de partir para o próximo oponente.

Não temos o privilégio de pensar assim. Disse para si mesma enquanto uma parte de si questionava se acreditava realmente nisso ou se estava tentando se convencer.

A situação era favorável naquele momento — apesar de já fazerem horas desde que a luta começara —, estavam conseguindo quase expulsar de uma vez os nakoushiniders do vale. Porém, não tinha certeza de para o quê aquilo valeria a pena, já que aquele esconderijo não era mais viável para os egüeses. No entanto, havia quase o mesmo número de pessoas de pé de cada lado e muitos mais oponentes no chão, o que, Semepolhian esperava, significava que estavam conseguindo transportar os egüeses para algum lugar. Torcia para que estivessem seguros na fortaleza, mas não tinha como garantir.

Pegou uma espada de um caído e a penetrou em um guerreiro de costas que quase vencia Kalin. A maga agradeceu e correu para lutar contra o próximo inimigo. A adrenalina no corpo da guardiã já não estava sendo tão eficiente, e a vontade de recuar para transportar o próximo grupo e enfim descansar era enorme.

Não. Falou consigo mesma. Preciso dar o exemplo. Eles precisam ver a vontade de sobreviver.

Respirou fundo e se abaixou colocando a mão direita numa poça que misturava água, sangue e qualquer outro líquido que pelo menos contribuía para dar volume. Contou mais vinte e oito soldados restantes. Iria consumir muito da sua energia, mas Mizu não estava ali para ajudá-la ou pará-la.

Precisava se concentrar no que mais queria, no que mais lhe daria poder naquele instante. Pensou no abate do inimigo, mas não era suficiente. Então, focou em sua cama na fortaleza. Vai servir...

Com os olhos fechados, retirou a mão do líquido e o utilizou para riscar em sua testa o desenho de uma onda, da qual puxou um risco em seu centro indo até o final do nariz; abriu os olhos e viu os oponentes ainda tentando lutar apesar da derrota evidente; rapidamente bateu com mão direita na poça e a retornou para bater sobre sua boca.

De imediato, o líquido unido se espalhou para penetrar nos narizes de cada um dos soldados restantes. Talvez não fosse suficiente para matá-los, mas os deixaria inconscientes pelos próximos minutos, dando tempo para que todos partissem.

Fora ela, havia restado mais Emmethorion, Anima e Hiems de guardiões, Ignisian e Hélinmir de dragões, cerca de dez magos e quarenta egüeses. Nunca íamos conseguir terminar de levar todos durante um combate...

Todos correram para o final do vale tentando se distanciar da ameaça da entrada, com exceção da imimoya, que checava se não havia sobreviventes entre os caídos, e Hiems, que aparentemente tentava ajudar nesse processo, apesar da hesitação em tocar nos cadáveres.

Contudo, antes que qualquer um pudesse sugerir alguma alternativa para agilizar o processo de retirada do restante, ouviu a voz de Hiems atrás de si gritando:

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