LI - Passado - Tenebrisen

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— Eu já disse. Eles colocaram alguma coisa em mim! Se vocês me ajudarem a tirar, não teremos mais problemas! — Tenebrisen desistiu de tentar esconder o desespero crescente.

— Nossos curandeiros já te analisaram uma centena de vezes! — A voz dela era firme. — Lamento não poder ajudar, mas você não pode ficar aqui!

— O que?!

— Isso mesmo. — Respondeu Parvani ainda sem hesitar, como se já tivesse dito tudo que precisava.

— Mas... O que? Como? — O homem ao seu lado parecia tão confuso quanto ele.

— Eles são pequenos, mas já pegaram alguns dos nossos. — Falou a guardiã. — Estão crescendo... Não podemos correr riscos, ao menos não estando tão frágeis como agora depois da guerra...

— Não foi esse o acordo, Parvani! — Tenebrisen sentia que o outro guardião era capaz de atacar a líder que eles haviam ajudado a ganhar as eleições a qualquer instante.

— Todos concordamos em isolar a ilha, nos separarmos do Grande Continente. E para isso, ele não pode ficar aqui. — Por um milésimo de segundo, o guardião das sombras percebeu um pequeno hesitar na voz da mulher.

Tenebrisen olhou para o homem ao seu lado e quando seus olhos se encontraram, sentiu seu coração acelerar ainda mais. Aquilo mudava completamente o plano deles e não tinham ideia de como sair daquela situação. Porém, o outro voltou a encarar novamente os rostos que decidiam por eles e declarou:

— Se ele tiver que ir embora, eu também vou.

— O que? — O das sombras uniu as sobrancelhas. — Não...

— Exatamente, não! — Exclamou Parvani. — Você ainda tem dez contagens de trabalho!

— Ele também! — Retrucou o homem.

— Mas ele é rastreável por esses tais nakoushiniders aonde quer que ele vá!

— O que você está fazendo? — Perguntou Tenebrisen ignorando a tréplica da guardiã.

— Eu não vou deixar que te expulsem dessa forma! — Respondeu ele. Fora uma das poucas vezes que vira sua voz tão instável. — Se você for, eu vou!

Então pela primeira vez, uma das outras pessoas do conselho disse alguma coisa:

— Se você for, também não poderá voltar.

— Não! — Parvani a interrompeu. — Ele vai e você pode seguí-lo e voltar quando quiser com... Com uma única condição: não sabemos o que pode acontecer em relação a essa organização de humanos sem magia, então, quando precisarmos de você, terá que vir conosco imediatamente... Ou... Ou todos com você serão mortos.

—O que?! Isso é loucura!

— Você fez um juramento! — Parvani recuperou o controle de seu tom. — A menos que seja liberado de seus serviços, deve cumprir com as ordens.

Os dois se olharam novamente e Tenebrisen pediu que lhes dessem um minuto para conversarem a sós.

— Eu vou sozinho. — Disse assim que se afastaram um pouco. — Posso dar um jeito de me livrar disso e volto para cá...

— Não, não, não. De jeito nenhum você vai sozinho... — Os olhos do outro começavam a ficar vermelhos. — Não foi isso que planejamos... Nós temos a Celina e nossa casa na floresta do norte... Era para a gente estar lá nesse momento se não tivessem resolvido fechar tudo... Nós três viveríamos lá e viríamos para cá discutir o que fazer em relação aos iniciantes... Já fizemos isso por duas contagens, por que não podemos fazer mais? — Ele puxou o nariz. — Se não te querem aqui, não tem como eu ficar! Podemos dar um jeito, meu pai pode ajudar... Ou a Altair... Ou falamos com os egüeses, ou com os nimases ou não sei... Por que você não está falando nada?!

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