LXI - Não é o fim

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Apesar da grande movimentação durante a luta, Hiems tentava se manter próximo de Anima e Sirius, caso precisassem de ajuda. Porém, a realidade era que o guardião de gelo quase não conseguia proteger a si mesmo.

Havia gastado quase toda sua capacidade de fazer magia e o escudo que carregava ficava mais pesado a cada segundo. Naquele momento, não lutava só contra os nakoushiniders, mas também contra seus sentidos que ameaçavam abandoná-lo a qualquer instante.

Estava prestes a realizar um movimento para invocar gelo e prender o pé de um dos soldados que atacava um nimás perto dele, quando sua vista escureceu e ele se preparou para encontrar o chão. No entanto, no mesmo segundo, uma nova força surgiu dentro dele, lhe devolvendo a visão e toda a sua capacidade física e de realizar magia.

Se virou para onde o nimás que ia ajudar estava, mas este já não precisava mais de qualquer auxílio, já que brandia sua arma estranha como se, assim como Hiems, tivesse retomado sua força.

O guardião olhou em volta, buscando entender o que havia acontecido, como os seres mágicos haviam recuperado sua força... Bom, magicamente. Foi então que viu, em cima da elevação onde ocorria a confraternização momentos antes, Silena desmaiar e cair para trás. Hiems olhou para Sirius e Anima, que agora lutavam juntos mais perto dos portais e longe do de gelo, fazendo-o concluir que seria muito melhor ir ajudar a garota que havia fortalecido todo o exército da ilha do que se manter ali.

***

Anima havia aproveitado muito do novo vigor somado a força extra proporcionada por Ignisian. Lutava sem parar, derrotando inimigo após inimigo, cada vez mais rápido... E ainda assim, não era suficiente.

Leva após leva, os nakoushiniders continuavam a atravessar os portais. Independente de como haviam ficado mais fortes de repente, Anima sabia que mesmo que pudessem fazer aquilo com frequência, talvez não fosse o bastante para parar aquele ataque. Mas se recusava a acreditar nisso, até olhar para o garoto que próximo a ela deixava soldados inconscientes, parando somente para lhe encarar de volta.

Ao redor deles, todos lutavam bravamente, usando toda sua vontade de permanecerem vivos e toda sua crença na causa mágica. Anima havia exposto o esconderijo dos egüeses, deixando-os a mercê daqueles mesmos soldados que não paravam de chegar, e convencido os nimases a deixarem a proteção de sua casa para estarem ali, lutando uma batalha que podia ser em vão...

A guardiã olhou nos olhos de Sirius e então para os portais. Você não está pensando nisso, está? Garota...? Anima...?

Quando voltou a encarar seu irmão, ela agradeceu por todos os anos que passaram juntos, permitindo que não precisassem dizer o que pensavam para o outro entender, pois não conseguiria verbalizar seu plano.

***

De cima da montanha, Hiems revezava entre puxar o corpo inconsciente de Silena e se defender dos ataques, até ver confuso Anima e Sirius abrirem caminho na batalha em direção aos portais de sombras.

***

Semepolhian usava a energia recuperada para derrubar o máximo de soldados em menos tempo possível. A imimoya já não se importava mais em economizar sua força de magia para lutar por mais tempo, pois sabia que talvez a batalha não duraria tanto mais se continuasse naquele ritmo.

***

Groleo fez um "shiiiuuu" pedindo silêncio para as crianças ao seu redor enquanto balançava uma delas em seu colo. Por dentro, repetia para si mesmo a mesma frase desde que a batalha havia começado: Não vai acontecer de novo. Eu não vou deixar acontecer de novo.

***

Sirius olhou os cabelos castanhos de Anima sumirem ao passar pelo portal sem hesitar, em um dos intervalos entre as levas de soldados. O guardião da floresta não teve a mesma coragem e precisou parar por alguns segundos antes de atravessar aquela passagem que para ele provavelmente seria em um único sentido.

Ele mirou a grama sob seus pés, pensando se um dia a veria de novo, se um dia veria outra vez aqueles que ficariam ali... Mas já havia se separado de Anima uma vez e não deixaria ela de novo.

Em poucos passos, chegou do outro lado do portal.

A alguns metros havia Anima, com seus olhos brilhando como fogo. Na frente dela, o maior exército que Sirius nunca nem imaginou ver permanecia estático encarando ora sua irmã, ora a mulher a frente deles que permanecia com o braço levantado em ordem de segurar o ataque. Ao lado de cada portal, havia duas colunas de vidro com uma substância preta dentro que ocupava pouco mais que três quartos de sua capacidade.

Por mais abismado com aquele cenário que Sirius estivesse, ele teve a capacidade de ver Anima levantar a palma aberta da mão esquerda e o punho fechado da direita e saber o que aquilo significava.

Rapidamente, ele se abaixou e fez o escudo mais forte que conseguia na direção da guardiã de fogo. No instante seguinte, o mundo ao seu redor era apenas chamas. A única coisa que conseguiu ver foi as colunas ao lado dos portais serem destruídas, fechando-os e espalhando a substância preta no ar e então desmaiou, parte pelo calor, parte pelo esforço feito para manter o escudo que o impedia de ter o mesmo destino que as colunas.

Anima sentia o fogo surgindo em frente a suas mãos e se espalhando em todas as direções. Não saberia dizer por quanto tempo ficou assim, mas nunca se esqueceria da cena diante dela ao parar a magia e seus olhos voltarem ao normal: de um lado, os portais e toda sua estrutura já não existiam mais; do outro, todos os soldados em um raio de cinquenta metros eram agora cinzas em meio ao metal derretido. Porém, um deles permanecia de pé.

A mulher que havia dado a ordem para não atacarem quando Anima atravessou o portal caminhou até ela enquanto a guardiã caía de joelhos.

— E não é que ela mordeu a isca... — Disse a nakoushinider a encarando com admiração e então olhou para Sirius. — E ela ainda trouxe mais um de presente.

Anima viu o chão se aproximar e então fechou os olhos, inconsciente.

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