Capítulo 4

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— Estava falando com quem? — minha avó veio da cozinha.

— Um cara estranho veio comprar uma erva, e depois de ver que o problema era a vida dele, ele ficou nervosinho. — bufei

— Lays, não fale assim — minha avó repreendeu

— Não se preocupe — disse — eu vendi.

— Essa sala está com uma energia estranha.

— Deve ser o cara. O clima pesou quando ele entrou aqui — tremi

Era realmente bizarro. Senti um bolo no estômago quando ele entrou aqui e eu fitei seus olhos. Ele era bonito; tinha cabelos sedosos cor cobre; os olhos eram castanhos claros, e a pele clara. Tinha uma barba que devia espetar durante o beijo, e se vestia casualmente para alguém que devia ter quase 30 anos.

— Laysla? — minha avó chamou

— Oi? — olhei para ela

— Sua aura está agitada, querida. — ela sorriu — Não me diga que esse homem lhe fez sentir algo?

— Sim. Enjôo. E que bobagem, vó. Acha que é assim? Olhar para alguém e já sentir algo?

— Antigamente era possível.

— Eu não vivi antigamente. — me levantei — Vou dá uma volta.

Caminhei pela costa, vendo o mar mediterrâneo cobrir algumas rochas. A luz do sol deixava tudo mais lindo. Sentei em um banco, e olhei para o lado. No banco ao lado estava ele; o senhor minha-vida-não-tem-cura. Senti uma vibração passar pelo meu corpo e logo ele olhou para mim, me fazendo tremer. O que tinha de errado com ele? Por que ele me deixava assim?

Ele levantou, colocou as mãos no bolso e veio até mim; sem dizer nada sentou ao meu lado e me olhou. A eletrecidade e o clima ficaram mais fortes, tanto que me senti ficar tonta.

— Veio pedir desculpas? — ele perguntou

— Você só pode estar louco. — bufei

— Não veio se desculpar?

— Você que estava prestes a agir como um idiota. Por que eu tenho que me desculpar? Você que respondeu ao meu por quê.

— Certo. Deixa pra lá. — ele olhou em direção ao mar.

— Qual o problema? Sem querer se intrometida. — tentei manter a voz suave.

— Eu estou sozinho. — ele falou, e sua voz estava pesada — Perdi tudo, e nem vi o tempo passar. Tudo que consigo lembrar é do trabalho, meus vizinhos estão diferentes, e eu perdi tudo.

— Que barra. — sussurrei — Mas ficar do mesmo jeito não vai ajudar.

— Ah, sério, garotinha?

— A garotinha vai chutar sua bunda se você começar com seu jeito idiota.

— Tá. Desculpe. — ele revirou os olhos

— E o que pretende fazer?

— Ficar na minha casa — ele deu de ombros — me isolar.

— Acho que tenho veneno na loja. Quer se matar também?

— Depois você fala de mim. — ele me olhou

— Me desculpe, querido, mas você merece. Já pensou em se livrar desse excesso e seguir sua vida?

— Como posso seguir...

— Você pode. —afirmei— Basta querer. Ninguém vai sentir sua falta, as pessoas não se importam com as outras. Todos arrumam desculpas para o sumiço dos outros. Ninguém vai bater na sua porta só para saber se você está bem. Se tranque, e logo você vai se matar.

Incógnita: Deixe-o irOnde histórias criam vida. Descubra agora