Capítulo 16

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Olhei para o caderno no chão de forma curiosa e intrigada. O medo de não conseguir fazer de novo estava ali, mas eu não me sentia incapaz; depois de beijar Laysla, eu me sentia à vontade comigo mesmo.

Laysla me olhava com expectativa, e eu queria que ela não fizesse isso, mas ela não parecia capaz de não fazer isso.

— Vamos, Kenneth. — disse ela — você consegue.

Inclinei a mão para o caderno e senti a textura da capa. Senti meu coração espiritual pular no peito. Agarrei as bordas do caderno e o tirei do chão. Eu ergui o caderno.

— AAh!! — Laysla deu um gritinho de alegria e eu sorri, entregando o caderno para ela

— Consegui — falei — podemos ir falar com eles. Podemos pedir a confissão.

— Sim. Sim! — ela pulou, dando-me um forte abraço.

— Vamos lá agora? —perguntei

— Agora? — ela piscou — acha que está pronto para isso?

— Estou — afirmei — quero terminar isso.

Ela olhou para mim por muito tempo, e então assentiu.

Laysla e eu pegamos um táxi até a casa de Katarine, eu estava nervoso e ela parecia ansiosa. Talvez devesse está invertido os sentimentos, afinal, era Laysla que ia confrontar o assassino, e eu ia apenas ficar invisível e mexer as coisas.

— Vai dá certo. — falei e ela me olhou — eu vou embora.

— Não quero que vá embora — ela sussurrou e virou o rosto para a janela.

Senti um milhão de fios se prendendo em mim, e isso fez me coração espiritual se apertar.

— Laysla... — chamei e ela não me olhou — o beijo... foi real. O beijo que eu dei em você teve um grande significado para mim. Eu me senti puro... me senti... amado.

Ela me olhou. Seus olhos mel estavam cheios de lágrimas.

— Ei — me aproximei dela — Se eu não estivesse morto, eu teria me apaixonado por você. Eu me apaixonei por você assim. Depois de morto, sendo apenas um resto do que um dia eu fui. E isso eu vou levar para sempre; quem quer que seja que tenha me posto nesta maldição terrível, eu agradeço por ter me dado a chance de me apaixonar por você antes de ir para sempre.

Ela soluçou e me beijou suavemente. Eu sentia ela quente, e queria acreditar que ela também sentia, mas eu não tinha certeza; ainda assim, tomei seu rosto nas mãos e aprofundei o beijo, esquecendo que eu nem estava ali de verdade.

Na casa de Katarine, Laysla e eu paramos em frente à porta. Ela deu um longo suspiro, me olhou e sorriu.

— Me apaixonei por você também — ela disse, e eu senti um calor no peito, algo que eu tenho certeza que nunca sentia em vida.

Laysla tocou a campainha e esperou. Logo, Katarine abriu. Seus olhos ficaram assustados e sua postura ficou na defensiva.

— Olá — disse Laysla — desculpe incomodar, mas eu preciso falar com a senhora e sua família.

— Meu irmão disse que...

— Não importa — Laysla interrompeu — eu juro que não quero prejudicar ninguém. Eu só preciso de uma coisa e de uma conversa.

Katarine apertou os lábios, mas então cedeu. Laysla entrou e eu fui logo atrás dela. Segurei seus ombros, querendo proteger ela do que pudesse acontecer. Ao entrarmos na sala, Tommy e o irmão de Katarine. Ambos levantaram ao verem Laysla.

— Que ela faz aqui? — Tommy perguntou irritado.

— Ela quer conversar — tranquilizou Katarine.

— Não! — disse Tommy — fora daqui.

— Kenneth está entre nós — Laysla disse, me fazendo saltar. Não esperava que fosse tão direto.

— Como é? — Os três falaram juntos

— Ele morreu, mas sua alma ficou presa — Laysla contou e eu fui para seu lado — Ele precisa ouvir a confissão de seu assassino para poder se libertar. É por isso que estou aqui. Um de vocês o matou.

0s três se entreolharam e então se voltaram para Lasyla.

— Você é louca? — Katarine perguntou, com os olhos marejados — Kenneth se foi.

— Ele está aqui do meu lado — Laysla me indicou — E ele te ouve. Por que não pede algo para ele?

— Ela é louca — Tommy falou e eu queria socar ele.

— Kenneth está com raiva de você — Laysla rosnou

— Que se foda! — Tommy berrou

— Vou socar ele! — Avancei

— Não, Kenneth! — Laysla pôs as mãos em meu abdômen e os três a olharam assustados.

— Você é mais louca do que pensei — disse meu ex cunhado.

— Ele está aqui! — Lasyla olhou para eles, ficando na minha frente — Ele ficou preso por causa de um assassinato de puro ódio. E ele tem que se liberar ou vai ficar em terra ... sofrendo.

— Não parece ruim visto como ele era. — Tommy sorriu.

— Aposto totalmente em você! — Laysla rosnou

— Vai pro inferno! — Tommy apontou.

Avancei e Lasyla me segurou de novo.

— Vai pra casa, menina. — Disse meu ex cunhado.

— Ele está aqui! — Laysla bateu o pé.

— Certo! — Katarine cruzou os braços — Kenneth pode me dá meu celular que está na mesa ao seu, Laysla?

Laysla me olhou e eu sorri. Estava ansioso por isso. Toquei no aparelho e o ergui no ar. Tommy e meu ex cunhado exclamaram palavrões e Katarine deixou os braços caírem assim como seu queixo. Caminhei com o celular até sua frente e o deixei diante dela, esperando que ela pegasse. Ela hesitou, mas pegou o aparelho. Caminhei mais uma vez, voltando para o lado de Laysla, que sorriu calorosamente para mim.

— Então? — Laysla olhou para as três figuras perplexas na sala — quem vai confessar?

Incógnita: Deixe-o irOnde histórias criam vida. Descubra agora