Capítulo 13

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Mais uma vez no quarto. Kenneth estava no andar de baixo com minha avó, ele estava distante depois da nossa possível discussão. Ah! Não me julguem! Como eu deveria ficar depois de mais informações sobre Kenneth? Ele não era exatamente um cara tão divino. Quer dizer até não esperava ele sendo crítico mas, bater na esposa? Eu não esperava isso. Digitando apressadamente no computador, eu buscava informações sobre o marido de Katarine; ele não me pareceu muito bom. Desculpem mas, eu não era tão ruim para desejar que pessoas ruins sofressem por seus erros. Ele falou de um jeito frio, e eu não pude deixar de pensar se Kenneth havia feito mais coisas ruins. Quem ele era de verdade? Havia nele algo de Elias?

Eliot Kind foi um dos mortos semanas depois do assassinato de Kenneth que Katarine havia mencionado. Menos um suspeito.

Uma página se abriu ao jogar o sobrenome Walker no .worldwide Será que ele tinha alguma nota? Sim. Kenneth tinha. Camile apareceu ao seu lado com a mãe. Camile devia estar muito traumatizada com tudo que houve, mesmo que tenha se passado um ano. E fui para a internet; não havia nada sobre o assassinato dele, mas havia uma coisa publicada pelo trabalho de Kenneth.

"Kenneth Walker, grande crítico, morre dormindo e deixa um vazio no mundo da crítica."

Morre dormindo... era apenas isso que diziam. Como se Kenneth houvesse deitado para dormir e pronto. Não falavam de sangue e nem nada mais. A cada momento eu me irritava mais com essa história. Como um assassinato podia estar sendo tão banalizado? Será que havia mesmo sido de conhecimento legal essa morte? Me pus de pé e desci os degraus. Kenneth olhava para as prateleiras de livros e minha avó cantava uma cantiga italiana antiga.

— Vamos à policia, Kenneth. — avisei

— O quê? — ele virou para me olhar — Por quê?

— Quero saber o que eles sabem sobre seu caso. — dei de ombros — se não tem no jornal, pode ao menos ter registros na polícia.

— Mas Katarine não quis que investigassem.

— Mas eles avaliaram seu corpo. Eles devem ter visto o cenário. Deve ter algo. Afinal, eles culparam dois homens mortos, né?

— Tá bem. Vamos então. — ele deu de ombros

Saímos juntos. Passava das 15h da tarde, e eu não sentia fome. Kenneth se mantinha afastado, e nem me olhava. Eu estava irritado com isso. Eu não havia feito nada, ele que havia. Chegamos na delegacia e eu fui direto ao ponto; o guarda me olhou dos pés à cabeça e sorriu maliciosamente.

— Boa tarde, moça. — disse ele

— Idiota. — Bufou Kenneth

— Boa tarde. — disse — quero informações sobre o caso Kenneth Walker. Para a universidade.

— Trabalho? — ele sorriu — tá bem. Por aqui.

Segui ele e Kenneth passou na frente, como se quisesse estar pronto para bater no guarda. Entramos em uma sala, onde havia mais pessoas lá. Sentei numa mesa indicada pelo guarda, e logo ele veio com uma pasta fina.

— Kenneth Walker morreu dormindo. — disse o guarda — foi o que a esposa disse para pôr no arquivo. Segundo ela, o marido tinha muitos inimigos e já havia mandado detetives cuidarem dos culpados.

— Detetives? — franzi o cenho. — Ela disse que vocês acharam os culpados mortos.

— É. Mas isso foi com os detetives. Ela só pediu que não fizéssemos nada. — o guarda deu de ombros

— Mas e o corpo? — perguntei

— Apunhalado. No coração. Simples e fácil. A cama estava um horror... — ele franziu o cenho, como se lembrasse.

— E ela não quis fazer nada? — tremi

— Ela disse que estava tudo nos trilhos. Os detetives acharam culpados, quisemos ter certeza que eram eles, mas ela não fez questão. — o guarda olhou para os lados e depois para mim — ela pagou para o delegado deixar assim.

— Pagou? — Kenneth falou e eu me arrepiei.

— Ela não foi enquadrada como suspeita? — perguntei

— Moça, eu não acho que ela fez tal coisa — disse o guarda — ela estava transtornada.

— E isso é motivo?

— Repito. Não acho que tenha sido ela. — ele suspirou — Acho que ela fez o que fez por outro motivo.

— Qual? — perguntei

— Estava encobrindo alguém. — ele me olhou nos olhos

— O irmão? — sussurrei — o marido?

— O irmão entrou em uma briga com Kenneth, certo? — o guarda falou

— Como sabe? — perguntei

— Eu vim aqui...— Kenneth falou ao mesmo tempo que o guarda — Exigi a prisão do irmão de Katarine... inventei coisas para ele ser preso. E paguei... paguei para que ele fosse preso pelo menos por algum tempo.

Fiquei de queixo caído. Kenneth se afastou de cabeça baixa e o guarda sorriu meio tenso.

— Meu Deus... — sussurrei

— O cara não era lá essas coisas. — o guarda afirmou — Na minha opinião, Kenneth Walker estava pedindo para morrer.

— Por fazer inimigos? — indaguei

— Não. — o guarda riu — Por ser tão escroto.

Saímos de lá tão calados como quando chegamos. Kenneth andava bem para trás, e eu pensava nas coisas.

— Quem é você? — olhei para Kenneth, parando na rua vazia.

— Lasyla, eu não me sinto como eu era... eu não lembro de tudo. Eu só lembro quando falam sobre o assunto e ainda assim me sinto horrível. Eu não sou o mesmo que eu era em vida...

Ele parecia sincero; eu podia ver a confusão em seus olhos, podia ver a dor brilhando neles.

— Oh, Kenneth... —fui até ele toquei seu rosto.

Tocar nele era como passar a mão em algodão. Você tocava, mas parecia que não. Ele fechou os olhos e suspirou.

— Sinto muito, Laysla. — ele me olhou — Não queria ser assim.

— Você vai se livrar disso. Você vai deixar ir... e vai encontrar paz. — eu disse

Ouvi passos apressados ali perto e me virei rápidamente; Tommy, o marido de Katarine estava ali.

— Quem é você? — ele me pegou pelo braço sem dá um aviso.

— Me solta! — tentei

— Não! Quero saber porque está tão interessada em Kenneth?

— É um trabalho...

— Chega desse trabalho! Não entende que já não importa mais?

— Não importa? Não querem descobrir quem matou ele? Não querem saber nada?

— Escute aqui — ele me olhou, furioso— para o seu bem, é melhor você também não querer saber. Entendeu? Aceite dois mortos como culpados.

— Não! Odiava Kenneth, não é? Queria a mulher dele... você é o que tem mais motivos para querer ele morto.

— Quero muita gente morta, dona. E você não está fora da lista — ele me soltou — fique longe dessa merda, ou vai se arrepender.

Ele saiu andando em passos largos e Kenneth veio até mim.

—Você está bem? — ele perguntou

—Sim. — passei as mãos nos braços e olhei para Kenneth — Não sei você, mas acho que seu assassino acabou de dizer oi.

Incógnita: Deixe-o irOnde histórias criam vida. Descubra agora