Capítulo 18

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Dei um passo para trás. Laysla havia ficado louca?

— Como é? — perguntei

— Lembra o que minha avó viu quando tentou consultar sua morte? — ela tentou manter a voz firme — uma frase.

— Sim. — lembrei — uma frase em um fundo azul. A frase era...

Ela virou o notebook para mim; era uma foto minha com Camile; ela usava uma blusa azul com a frase dita pela avó de Laysla.

— My baby dear — sussurrei. E eu senti tudo girar

— Kenneth. — Laysla veio para meu lado — eu sinto muito...

— Tommy sabe — falei — ela contou para ele. Por isso ele estava tremendo.

— Temos que voltar lá. — Ela afirmou — ela precisa confessar.

— Para todos — Exigi — Katarine precisa saber.

Laysla assentiu e eu fechei meus olhos, desejando poder chorar.

Laysla e eu fomos até lá; calados o tempo inteiro. Katarine iria se surpreender por termos voltado no mesmo dia, mas era preciso. Camile estava lá, e ela havia me matado. Algo dentro de mim se agitou, como se todo meu espírito necessitasse ouvir a razão da boca dela; como se fosse algo que eu precisasse mais que tudo. Não sentia isso antes; não antes de saber quem havia me matado, agora, ouvir a verdade era uma necessidade.

— Como você está? — Lasyla sussurrou

— Normal. — quase rosnei

— Kenneth...

— Não quero falar, Laysla.

Ficamos calados.

Laysla tocou a campainha quando chegamos. Minutos passaram até que Tommy abriu a porta; seu olhar ficou tenso, e irritado.

— Camile está em casa — ele disse — achei que íamos continuar amanhã.

— Não. — Laysla disse — Quero falar com Camile.

— Não! — ele se meteu no caminho.

— Kenneth — Laysla disse em um tom de ordem.

Empurrei Tommy com força, fazendo ele ser lançado para o lado e cair no chão. Laysla passou e eu a segui. Tommy ficou desorientado, e então notou que nada podia fazer comigo aqui. Katarine e Camile surgiram na sala, e se depararam com a cena. Tommy no chão e Laysla parada perto do sofá com o olhar fixo em Camile.

— Desculpe a invasão — Laysla pediu.

— Aconteceu algo? — Katarine olhou em envolta, me procurando.

Sentei no sofá e comecei a mexer no pêndulo. Ela sorriu levemente.

— Preciso falar com Camile. — Laysla disse e Katarine parou de sorrir.

— Comigo? — Camile falou, e eu senti algo se partir em mim.

— Não deixe, Katarine. — Tommy se levantou.

— É necessário? — Katarine soluçou.

— Sim. — Laysla suspirou.

Olhei para Katarine, que chorava sem olhar para nossa filha. Ela havia entendido.

— O que houve? — Camile olhou para Laysla.

— Você vai me dizer. — Laysla olhou fixamente para Camile, e eu não pude olhar. Fiquei mexendo no pêndulo, apenas escutando a conversa e esperando a confissão.

— Dizer o que? — Camile parecia assustada.

— Você matou seu pai, Camile. — Laysla afirmou, e Katarine se desatou a chorar.

— Não. — Camile vacilou ao dizer.

— Não minta. Eu sei. — Laysla afirmou — Foi você.

— Mãe! — Camile chorou.

— Está tudo bem, querida. Pode confessar. Nada vai acontecer com você. Ela não quer nada de nós. Só uma confissão. É preciso... — Katarine chorava.

Fez silêncio. Ergui o olhar no instante que Tommy ia avançar para agarrar o braço de Laysla; eu apenas saltei e o joguei para longe dela de novo.

— AH! — Camile gritou.

— Melhor ficar quieto, Tommy — Laysla avisou, e Tommy ficou sentado no chão, completamente assustado.

— Camile...— Katarine soluçou — fale.

Eu olhei para minha filha, parado ao lado de Laysla.

— Eu...— Camile soluçou — eu matei meu pai.

Algo explodiu dentro de mim. Um misto de raiva e tristeza.

— Fale...— rosnei, mesmo que ela não pudesse me ouvir. Laysla pediu que ela continuasse.

— Ele era horrível para mim, e para minha mãe — Camile chorou e olhou para Laysla — Estava cansada de ver minha mãe chorar, e de ver ela sofrer por alguém que não estava nem aí para nós duas. Um dia, eu me irritei e notei que Tommy gostava dela. Quando tive oportunidade, entrei no quarto dele e o matei. E estava com tanta raiva que desejei que ele não fosse nem para o céu e nem para o inferno. Queria que ele ficasse em terra, solitário e vagando com sua alma fria e vazia, do mesmo jeito que era em vida. Só que sem eu e minha mãe.

Eu me senti sendo arrastado por uma forte correnteza. Tudo que vivi veio à tona e eu lembrei de toda minha vida como um filme; Laysla olhou para mim, e eu não consegui dizer nada para ela; apenas olhei para seus olhos mel e sorri. Um sorriso triste e magoado, torcendo para que ela sentisse o pedido de perdão em meu olhar.

— Seu pai se arrepende do que te fez. Do que fez a vocês — Laysla disse para Camile, ainda olhando para mim.

— Eu não queria ter matado ele. — Camile chorou — Eu me arrependo. Estava com raiva.

— Ele te perdoa — Laysla deixou uma lágrima cair.

— E você, filha? — Perguntou Katarine.

— Eu o perdoo. — Camile soluçou — já havia perdoado.

Fechei meus olhos e sorri. Algo se aqueceu dentro do meu corpo espiritual.

— Kenneth... — Laysla ergueu a mão para me tocar, mas eu já havia ido

Incógnita: Deixe-o irOnde histórias criam vida. Descubra agora