Capítulo 20

167 28 4
                                    


— Kenneth... — corri até ele e me joguei sobre seu colo. De olhos fechados eu sentia o contato sedoso em minha pele, e esquecia completamente que ele nem devia estar ali.

— Que isso? — ele riu e eu me pus de pé para olhar seu rosto — sentiu minha falta?

— Nem um pouco — ri nervosamente. A alegria não durou muito — Ah! Cristo! Você ainda está aqui! Mas eu vi você sumir!

— Eu sei — ele levantou — Quando eu escutei a confissão de Camile, eu queria mesmo sair dali e sumir. Me senti em paz e não sinto mais peso algum nos ombros. Me sinto tranquilo e liberto.

— Então por que está aqui? — Perguntei

— Não faço ideia. — Ele deu de ombros — Acordei, ou pelo menos acho que acordei, na minha casa novamente. Depois que notei o que havia acontecido, vim atrás de você.

— Temos que falar com minha avó — passei as mãos nos cabelos — ela tem que saber de algo.

— Sim, mas... — ele segurou meu braço e eu o olhei nos olhos — Sentiu minha falta?

— Senti — sussurrei

— Por quê? — ele parecia cheio de esperança

— Não é óbvio? — ri, triste — Estou apaixonada por você.

Ele me puxou, e me deu outro beijo. Sedoso e suave. De olhos fechados, eu nem me importava em analisar que eu estava beijando um fantasma. Eu o sentia, portanto, era real.

— Também me apaixonei por você, garotinha — ele sussurrou, e eu sorri.

— Não quero que vá embora — admiti

— Mas eu preciso ir. — ele retrucou, e meu coração se partiu mais uma vez.

Dei um passo para trás e suspirei. Ele ergueu meu rosto e me fez olhar para seus olhos.

— Mas isso não quer dizer que uma parte sua não vai comigo — ele declarou. — E deixo uma parte minha com você também.

— Isso é tão injusto.

— É o que chamamos de viver.

No andar de baixo, minha avó arregalou os olhos ao ver Kenneth ali. Ele parecia irritado, mas, ei, não era culpa da minha avó.

— Achei que já tinha ido — ela se levantou e cruzou os braços — Não houve confissão?

— Houve, anciã — ele semicerrou os olhos — mas pelo que parece você não entende nada porque eu ainda estou aqui.

— Isso não está certo — ela balançou a cabeça — E não me chame de anciã, Gasparzinho.

— Parem com isso — bufei — Temos que descobrir o que houve de errado.

— Isso mesmo. — minha avó foi até a prateleira de livros.

Kenneth sentou em um sofá ali perto e ficou mexendo nas coisas; neste instante a porta da loja se abriu e meus pais entraram no cômodo.

— Quem são? — Kenneth perguntou sem parar de mexer nos papeis da mesa.

— Meus pais. — sussurrei.

— Ah! — meu pai veio até mim e me abraçou — minha querida.

— Oi, pai — não correspondi o abraço.

— Essa loja me dá arrepios — disse minha mãe, e eu notei seu olhar nos papeis que Kenneth mexia.

— Kenneth! — chamei baixinho.

Incógnita: Deixe-o irOnde histórias criam vida. Descubra agora