Capítulo 12

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Eu não tinha dito mais nada. Laysla estava inventando uma história sobre me conhecer, e ele caiu na história. Tommy nunca foi inteligente. Laysla estava falando sobre o trabalho da faculdade que não existia, e disse que estava investigando os vizinhos sobre o acidente.

— Não vejo por que isso — Tommy cruzou os braços — Kenneth nunca acreditou na justiça.

— É só um trabalho, senhor — ela riu, nervosa — Como conhecia Kenneth?

— Amigos. Na verdade, conhecidos. Como ele dizia — Tommy revirou os olhos —Passava algum tempo katarine e Camile quando ambas estavam chateadas por ele não estar em casa, para variar. Kenneth era meio idiota.

Avancei e Lasyla se mexeu, me fazendo afastar.

— Hã, meio idiota — ela mexeu no cabelo — E você ficou com a mulher dele depois do incidente.

— Eu gostava de Katarine mas, ela estava com Kenneth e não parecia ter coragem de deixar ele.

— Coragem? —Lasyla se mexeu

— É. De qualquer forma, ele morreu e deu tudo certo.

— Tudo certo? — ouvi raiva na voz de Lasyla — Alguém morreu, e vocês agem como se ele não fosse nada.

— Kenneth afastava todos dele. Ele não gostava de pessoas, criticava tudo ao seu redor. Ele já chegou a bater em Katarine, sabia?

— Bater? — Laysla deu um passo para trás.

Olhei para o chão e a lembrança veio no mesmo instante; rápida e nebulosa.

— Você não para em casa! — katarine berrou — Por que tem mulher e filha se não é homem para ficar entre nós?!

— Cala a boca! — virei, dando-lhe um tapa no rosto

Katarine caiu no chão e Camile correu para seu lado.

— Mamãe! —Camile abraçou Katarine em prantos

— É. — disse, com desprezo — Fica com sua mãe porque ela está perturbada.

Subi as escadas, deixando ambas no andar de baixo.

Pisquei várias vezes, até voltar para o presente. Laysla parecia surpresa e eu estava me sentindo péssimo.

— Não sei o que ouviu sobre Kenneth — disse Tommy — mas ele não era tão bom assim. Morrer foi algo tranquilo e simples para um cara tão... vazio e arrogante. Vejo a morte como uma dádiva, e pessoas ruins não merecem ela.

— Pessoas ruins merecem sofrer — Laysla sussurrou e olhou para Tommy — É isso que acredita, certo?

— Certo. — Tommy assentiu — agora, tenho que ir. Alguém vai alugar a casa, e não quero você olhando para ela enquanto os moradores novos a conhecem. Passar bem.

Tommy saiu e Lasyla me olhou. Eu abaixei a cabeça, me sentindo um idiota.

— Eu não lembrava — disse

— Talvez tudo isso que esteja acontecendo seja pelo fato de você ter um Karma ruim. Simples assim.

— Karma? — olhei para ela — acredita nisso?

— Kenneth! — ela bateu o pé — Você bateu na sua mulher! Você era... horrível!

— Eu sei...— suspirei — Deus, eu sei. Eu... me sinto péssimo, Laysla, não sei o que dizer.

— Esquece — ela começou a andar — de qualquer forma, não fui com a cara desse Tommy.

— Ele é um idiota mesmo. —bufei

— Mais um suspeito.

— Mais um?

— Ele e sua esposa — ela contou

— Não acho que Katarine faria algo assim. — defendi

— Eu acho. — Laysla me olhou — se você me batesse, eu faria.

Parei em meu lugar e ela seguiu caminho, sem olhar para trás.

Me juntei a Laysla quando ela bateu na porta do meu vizinho da frente. Ela não me olhou e eu resolvi ficar calado.

— Bom dia. — disse Laysla assim que a porta se abriu.

— Olá, posso ajudar? — meu vizinho cruzou os braços

— O que pode me dizer sobre Kenneth Walker? — ela perguntou

— Ah. — ele piscou, dando um olhar rápido em direção a casa — Ele não falava com os vizinhos, não era muito amistoso.

— Como assim? — Laysla indagou

— Sempre calado, de mau humor e distante. Saía cedo e voltava tarde. Brigava muito com a esposa. Eu ouvia os gritos. Brigou com o vizinho do lado muitas vezes porque ele tinha um cachorro.

— Ele encrencou com o cachorro — Laysla bufou — idiota.

— Ele era crítico. Deve ser isso. — o vizinho respirou — um dia antes de morrer teve uma briga feia com o cunhado. Ele veio ver a família e deve ter ocorrido algo pois Kenneth jogou o cunhado fora da casa. Katarine chorava e Camile também. O cunhado chegou ameaçar Kenneth, mas foi embora e nunca mais voltou. Nem no enterro.

— Acha que o cunhado poderia ter matado Kenneth?

— Achei que ele tivesse morrido dormindo... — O vizinho franziu o cenho — Kenneth foi assassinado?

Ninguém sabia. Ninguém imaginava que eu havia sido vítima, talvez porque ninguém se importasse. Qualquer um poderia ter feito isso comigo, qualquer um poderia me querer morto.

— Obrigada pela ajuda — Laysla sorriu

— Senhorita... —o vizinho chamou e ela olhou para ele — Kenneth mexeu com gente da pesada ao criticar um restaurante italiano aqui da cidade. Parece que os filhos da dona não ficaram contentes. Certa noite, um deles veio aqui tirar satisfações. Kenneth deu uma surra no jovem. Se chama Eliot Kind. Eu que ajudei ele depois da surra.

— Obrigada. — Lasyla voltou a andar.

— Laysla... — chamei

— Você era horrível — ela me olhou — uma pessoa ruim. Criava caso com tudo e parecia se odiar. Descontava nas pessoas, Kenneth.

— Eu sei. — disse, derrotado — mas sem estas lembranças... minha cabeça não está mais assim. Eu não me sinto como o Kenneth que fez tudo isso. E nem lembro. Está tudo tão apagado na minha cabeça. Não sei o que pensar de mim.

— Que talvez seja castigo. Simples assim. — ela parecia furiosa.

— Ainda vai me ajudar? — perguntei

— Vou. — ela afirmou — quero saber quem matou você. E, por mais idiota que tenha sido, acho que você precisa descansar. E talvez renascer para fazer o certo uma vez na vida.

— Fugir com você na vida passada não foi certo? — me aproximei, ficando bem colada nela

— Tirar uma dama comprometida de sua cidade, de sua família e de seu noivo. Não, talvez não tenha sido.

— Você que sugeriu. Lira sugeriu. Eu não achava certo. Mas Elias e Lira... nós dois nos amávamos.

— Isso. — ela suspirou — talvez o erro esteja aí.

Ela voltou a andar, e eu senti como se mais uma parte da minha vida estivesse sendo apagada; outra parte da minha identidade, que eu não conseguia mais sentir em mim.

Incógnita: Deixe-o irWhere stories live. Discover now